Nem tudo é fácil para o aluno online. Se por um lado, a educação a distância possibilita algumas facilidades, por outro, existem dificuldades que precisam ser conhecidas para serem contornadas. Para quem trabalha com EAD, uma questão que deve estar sempre presente é como transformar um aluno, preocupado somente com uma aprendizagem superficial e diretiva, em um agente auto-motivado e preocupado em produzir seu próprio referencial teórico a partir dos estímulos a que se expõem através do curso a distância. Isto é possível à medida que se usa da interatividade entre todos os participantes do processo pedagógico: aluno / professor; aluno / aluno; aluno / material e, também, estimulando a comunicação um-para-muitos, um-para-um e muitos-para-muitos. O ALUNO E A APRENDIZAGEM ONLINE O Boletim de Educação a Distância do Centro de Computação da UNICAMP, de agosto de 2001, trouxe a resenha de um livro de Linda Harasim extremamente interessante. Diz o seguinte: Para a autora, o sucesso do aluno depende fundamentalmente de sua participação freqüente no curso em que estiver inscrito. Estes cursos são comparados a uma viagem através do mundo do conhecimento, em que a principal atração é a oportunidade de interagir com desconhecidos que se tornam colegas. A maior barreira enfrentada pelos iniciantes neste contexto de aprendizagem é a inibição com o meio de comunicação adotado. Alguns alunos gastam mais tempo apenas lendo o que os demais escreveram para descobrir como se comunicam antes de se arriscarem a dizer algo. Os cursos online favorecem igualdade a alunos com ritmos diferentes. Eles podem refletir sobre o que estão lendo, decidir o que perguntar ou comentar para contribuir em uma discussão, fazer atividades, tudo em seu próprio tempo, o que exige autodisciplina. Harasin diz que os alunos de cursos online devem ter tempo de acesso suficiente para ler, pensar e participar. Preferencialmente, cada aluno deve ter um computador pessoal, modem e impressora, caso contrário deverá usar o laboratório na escola ou no trabalho. Requisitos para participação dos alunos em cursos online: · Familiarizar-se com o ambiente e os softwares que serão utilizados no curso; · Garantir o acesso regular à rede; · Entender as expectativas dos coordenadores para as tarefas online; · Estar aberto para novas idéias e para novas perspectivas. Ações que favorecem a aprendizagem em grupo e participativa: · Acompanhar todo o material disponibilizado; · Analisar as questões que surgem; · Relacionar conceitos de leitura ou exemplos de experiências práticas para ilustrar ou justificar pontos; · Enviar mensagens para os coordenadores e/ou colegas de curso; · Não se ater apenas à fala dos coordenadores; · Participar de discussões em pequenos grupos de trabalho. Orientações para comunicação online (Netiqueta): · Usar primeiro nome ou apelidos para os participantes; · Responder prontamente às mensagens; · Usar frases de reforço ("Boa idéia", "Obrigada por sua sugestão"); · Evitar hostilidades; · Não usar linguagem preconceituosa; · Exibir bom humor; · Promover cooperação; · Oferecer assistência e suporte para outros participantes; · Compartilhar idéias; · Identificar as mensagens usando palavras-chaves que indiquem o conteúdo da mensagem; · Categorizar as mensagens; · Elaborar mensagens objetivas, curtas e pontuais. Pequenos problemas de digitação podem ser ignorados; · Apresentar o conteúdo online bem escrito e com boa formatação. Orientações técnicas: · Organizar os arquivos por tópicos, indexados por palavras-chaves; · Disponibilizar o material em outras mídias (papel, disquetes ou CDs) para atender aos alunos que não possuem acesso ao computador; · Oferecer apoio administrativo para os alunos online; . Proporcionar apoio técnico sobre o funcionamento do ambiente; · Utilizar os recursos do ambiente para facilitar a troca de informações entre os alunos. Conclusão: Na Comunicação Mediada por Computador (CMC), os estudantes podem ter o controle de sua própria aprendizagem. Para isso eles precisam desenvolver suas habilidades e trabalhar na construção de comunidades virtuais, as quais promovam suporte e desafios mútuos. Assim, estarão contribuindo e aprendendo com o esforço de um grupo colaborativo". Essas são colocações simples, mas mostram aspectos muito próprios da EAD, enfocando questões que podem existir para uma adaptação a uma nova forma de aprender, o que leva a compreender que, para paradigma diferente, alunos com preocupações e comportamentos também diferentes. NEM TUDO SÃO FLORES... O papel de aluno num processo de EAD nem sempre é simples... Existem algumas pedras no caminho que precisam, em nome de uma boa qualidade de aprendizagem, serem retiradas: 1- Instruções claras - o aluno precisa entender onde ele se encontra e qual a experiência pela qual vai passar. Instruções claras e constantes favorecem este aspecto. É bom lembrarmos que todos nós temos a tendência de achar que, o que é claro para nós, é claro também para os outros.... O cuidado com este pré-conceito precisa estar sempre presente. 2 - Dificuldade de administrar o tempo - o fato de poder estudar a qualquer hora, pode fazer com que esta hora nunca chegue. Sobre este assunto, é interessante uma visita ao endereço e a leitura do artigo do Prof. Eduardo Chaves (um dos indicados na página). 3- Falta de retorno - o aluno se ressente da solidão. Ele nunca deve sentir-se abandonado no seu processo de aprendizagem. Quando isto acontece, a desmotivação torna-se uma ameaça ao andamento do projeto. 4- Problemas técnico e tecnológicos - a tecnologia pode se transformar em grande dificuldade para o aluno. Ela nunca pode ser mais importante do que a mensagem. Ela existe para ajudar o aluno e, não, como um complicador. Além disto, não pode ser vista como o aspecto mais importante do processo. 5- Motivação - apesar da EAD ser uma educação voltada para adultos e, por isso, supostamente auto-motivados, um projeto de curso que não estimule o aluno a estar constantemente "ligado" por tornar-se uma dificuldade para o aluno. 6- Sair da linguagem oral (oralidade), indo para a linguagem escrita (texto) - o aluno de cursos presenciais tem toda sua aprendizagem baseada na oralidade. Na educação online, baseia-se no texto o que traz a necessidade de uma outra relação com o texto escrito. Sobre este assunto, é interessante ler, como informação complementar, o texto de Pierre Lévy, "Tecnologias intelectuais e modos de saber: nós somos o texto", no seguinte endereço http://www1.portoweb.com.br/pierrelevy/nossomos.html CONCLUSÃO: Na verdade, muitas coisas que aqui foram faladas sob o enfoque do aluno, servem também para serem vistas sob o enfoque de quem planeja e ajuda o aluno no seu projeto de aprendizagem. Sendo assim, a divisão que fizemos procurando analisar características de alunos e, depois, dos professores, é meramente didática. Estes dois elementos são intimamente ligados e não podem ser, de fato, separados. Na próxima Unidade estaremos focando mais o papel do professor online. Vocês vão ver que muitas coisa que aqui conversamos, voltarão a ser vistas, num sentido de complementariedade de papéis, visando um mesmo fim: uma aprendizagem efetiva.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA: BELLONI, Maria Luíza. Educação a distância. Campinas : Autores Associados, 1999. STRUCHINER, Míriam e GIANELLA. Taís Rabetti. Educação a distância: reflexões para a prática nas universidades brasileiras. Brasília : CRUB, 2001. MARSDEN, R. "Time, space e distance education", in Distance Education, vol. 17, nº 2, 1996. Boletim EAD - Unicamp / Centro de Computação / Equipe EAD, n. 1714 ago., 2001. http://www.ead.unicamp.br SUGESTÃO DE LEITURA: HARASIM, L. et alli. Learning Networks: a field guide to teaching and learning online. Cambridge: MIT Press, 1996. 1 - 2 |