Conforme estamos vendo, o mundo atual vem apresentado grandes modificações quanto à capacidade de distribuir informações. Na era da informação, as pessoas conseguem, num dia, mais informações do que qualquer estudioso da década de 30 conseguiria em toda uma vida. Cabe a todos nós, porém, transformar toda essa informação em conhecimento e, mais do que isto, em sabedoria, tornando-nos capazes de usar toda esta informação para o próprio bem e - por que não? - para o bem de toda a humanidade. A Educação, como parte integrante da sociedade humana, também vem sofrendo, nas últimas décadas, uma grande influência de todo esse estado de coisas, o que leva a grandes modificações tanto na sua prática, como na maneira de ver esta prática. Vejamos: - o Professor na escola tradicional era visto como um grande especialista na sua área de saber que se dispunha a "passar" a seus alunos um pouco de suas luzes. Hoje em dia, seu papel é muito mais o de um facilitador / mediador / animador do processo de ensino/aprendizagem, buscando dar condições aos alunos de construírem seu próprio saber; - nessa linha de raciocínio, o Aluno também deixa seu papel tradicional de mero receptor e passa a atuar como um colaborador ativo do professor, no seu próprio processo de aprendizagem; - nessa nova relação professor/aluno, a Enfoque educacional desloca-se da memorização de fatos para o desenvolvimento de um pensamento crítico frente às informações recebidas e pesquisadas; - a Avaliação também se altera: deixa de ser medição do que foi retido, para se transformar em, realmente, uma avaliação do que foi entendido e interpretado; - no bojo de todas essas modificações, o Método de ensino também precisa adaptar-se a uma nova realidade: deixa de basear-se na repetição de conceitos recebidos e se concentra na interação estabelecida entre os atores e variáveis do processo de aprendizagem; - e, finalmente, o Acesso ao conhecimento deixa de ser limitado ao conteúdo em poder do professor e passa a ser ilimitado, dependendo da disposição do aprendente em buscar a informação e, do professor, em ajudar nesse esforço para um maior crescimento do aluno. É nesse panorama que surgem as novas tecnologias de comunicação e, a reboque dessas tecnologias, o grande desenvolvimento da educação a distância. Como fica esse novo aluno no processo da construção do seu saber, por meio da educação a distância? É o que pretendemos, dando continuidade à nossa viagem, analisar agora... COMPONENTES INTERVENIENTES NO PROCESSO EDUCACIONAL A DISTÂNCIA No processo do desenvolvimento de programas educacionais, existem sempre três componentes básicos: o aluno, o docente e o conteúdo. É sobre estes três pilares que ocorre todo o processo de ensino/aprendizagem. Na educação a distância, surgem mais dois quesitos indispensáveis: o recurso tecnológico, que possibilita a interface entre os três componentes básicos do processo, e a infra-estrutura organizacional, que dá condições para que todo o processo ocorra eficazmente. Por isso, só se pode compreender educação a distância como uma forma de ação educativa que exige sempre um trabalho de equipe. Não existe mais o professor sozinho, desenvolvendo isoladamente seu curso. Mas sim, uma equipe composta de pelo menos três profissionais: o que conhece o conteúdo, o que conhece a tecnologia e o que conhece a metodologia que direciona o processo educacional. É pela ação conjunta e orquestrada dessa equipe que o elemento central do processo - o aluno - terá condições de usufruir satisfatoriamente da experiência de aprendizagem pela qual passa. Para nós, é importante, também, entender como a EAD encara esse receptor de seus produtos. De um modo geral, a educação a distância encara seus usuários como: - o ponto central de todo o processo de planejamento e desenvolvimento do projeto. Um projeto de educação a distância de qualidade deve ser inteiramente centrado no aluno. Torna-se indispensável, portanto, ao bom desempenho da ação de educar, conhecer seu desenvolvimento psicológico, seus estilos de aprendizagem, motivações, interesses etc. - composto basicamente por adultos e adolescentes que já trazem consigo competências, conhecimentos, vivências, experiências, hábitos, atitudes, interesses e expectativas que devem ser levados em consideração. Sendo assim, os princípios que lhe dão suporte devem ser os princípios da andragogia, ou seja, da educação de adultos. Ao se inserir como uma ação pedagógica que trabalha eminentemente com adultos, a EAD necessita adequar toda sua proposta pedagógica às idéias preponderantes sobre este tipo de educação; - necessitando e requerendo de maiores oportunidades de uma aprendizagem autônoma, baseada nos princípios do "aprender a aprender". Mais do que conteúdos, a EAD deve oferecer a seus usuários caminhos para a construção de um saber responsável; - altamente interessado em manter-se atualizado e preparado para receber uma formação ao longo da vida., o que caracteriza uma educação permanente. Este tipo de educação é muito importante quando as pessoas querem manter-se competitivas e com igualdade de oportunidades dentro do mercado de trabalho. RELAÇÕES ESTABELECIDAS PELO ALUNO ONLINE O aluno é o elemento básico e central de todo o processo educativo, o destinatário do mesmo e para quem se estrutura todo o projeto pedagógico. Em função das características de seus usuários, a metodologia e as estratégias de ensino que pautam a ação educacional a distância precisam ser bem diferentes das utilizadas no ensino convencional. Na educação a distância, o aluno mantém uma série de relações bastante específicas com os docentes, sejam eles os professores, tutores, conselheiros, animadores ou os próprios companheiros de turma; com os materiais de apoio à aprendizagem, precisando sempre ler, ver, ouvir, manipular, selecionar, interpretar, assimilar, sintetizar as mensagens recebidas; e com a instituição que serve de centro de apoio, mesmo que esta instituição seja virtual e a sala de aula seja um site na Internet. Além dessas, o aluno online também estabelece relações muito específicas com sua própria aprendizagem. Ela pode ser feita por meio de uma abordagem mais profunda (deep approach) ou uma abordagem mais superficial (surface approach). Esta maneira de encarar a relação do aluno com sua aprendizagem ultrapassam a dicotomia aprendizagem ativa x aprendizagem passiva. Ela passa a ser um compromisso que o aluno estabelece com o resultado final de sua aprendizagem. Os alunos que utilizam a abordagem profunda têm a intenção de dominar mais detalhadamente os temas tratados, o que faz com que, mais do que ativos do ponto de vista cognitivo, eles acabam incorporando um novo saber ao seu discurso, é uma nova maneira de encarar sua relação com a aquisição do conhecimento. Já os alunos que se aproximam do conteúdo encarando suas tarefas somente como o atendimento a tarefas preestabelecidas, realizam uma abordagem superficial e não usufruem de todas as possibilidades que um curso a distância e, principalmente, um curso online, pode oferecer. Nessa abordagem, o importante é o cumprimento de metas e obrigações e, não, um compromisso maior com o autodesenvolvimento. "Em um programa de EAD, se quisermos que os estudantes adotem uma abordagem profunda em sua aprendizagem, é necessário ajudá-los a desenvolver sua consciência sobre o que consiste aprender, uma vez que esta concepção ira influenciar a abordagem adotada por cada estudante em relação a própria aprendizagem. Na verdade, a discussão deste tema deveria ser parte integrante do ambiente de aprendizagem, desde o início das atividades". (Struchiner e Gianella, 2001) LEITURA COMPLEMENTAR: Fechando esta etapa de nosso cursos, veja Como ser bem sucedido nos cursos a distância, visitando o seguinte site: http://uvaonline.uva.br/guia.htm . ANDRAGOGIA OU EDUCAÇÃO DE ADULTOS Consiste em princípios metodológicos voltados para o atendimento de pessoas com mais de 14 anos. Ao se trabalhar com adultos, por suas próprias características de aprendizagem, o aspecto metodológico tem de ser específico e adequado a esta faixa etária. É próprio da aprendizagem do adulto: - ser auto-diretiva, isto é, como uma estrutura tal que estimule o aluno a assumir a responsabilidade de se auto-dirigir; - ser significativa, ou seja, ter a realidade do cotidiano como ponto de referência para a aquisição de conhecimentos e para o enriquecimento do indivíduo enquanto ser humano; - requer muito esforço e estrutura emocional, para suprir as dificuldades de aprendizagem anteriores; - dividir com outras tarefas o tempo necessário ao estudo já que raramente ele é sua única e mais premente responsabilidade. Por essas características, o adulto se predispõe a aprender desde que possa aplicar imediatamente esse conteúdo em sua vivência profissional e/ou pessoal.
"Por aprendizagem autônoma entende-se um processo de ensino e aprendizagem centrado no aprendente, cujas experiências são aproveitadas como recurso, e no qual o professor deve assumir-se como recurso do aprendente, considerado como ser aut6onomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e auto-regular este processo. Este modelo de aprendizagem é apropriado a adultos com maturidade e motivação necessárias à auto-aprendizagem e possuindo um mínimo de habilidades de estudo". Belloni. M. L.
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