D. Pedro II
   

• Pedro II e a Fotografia

“Em 1839, o Diário do Commercio, do Rio de Janeiro, noticia a invenção do DAGUERREÓTIPO (imagens obtidas com um aparelho capaz de as fixar em placas de cobre cobertas com sais de prata), primeiro aparelho a fixar a imagem fotográfica, também o primeiro processo fotográfico reconhecido mundialmente, criado pelo francês LOUIS-JACQUES MANDÉ DAGUERRE (1787-1851). No ano seguinte são feitas as primeiras fotos...

A fotografia chegou no Brasil no dia 16/01/1840, pelas mãos do abade LOUIS COMPTE, capelão de um navio-escola francês (corveta franco-belga L’Orientale) que aportou de passagem pelo Rio de Janeiro. Ele trouxe a novidade de Paris para a cidade, introduzindo a DAGUERREOTIPIA no país. Realizou 3 demonstrações do funcionamento do processo e apresentou o daguerreótipo ao imperador D. Pedro II. Foi a primeira demonstração no Brasil e na América Latina!

Em 21/01/1840, D. Pedro II (aos 14 anos de idade), entusiasmado com a nova invenção apresentada por Compte, encomenda um equipamento de DAGUERREOTIPIA em Paris. Em março de 1840, adquiriu um aparelho, comprando-o diretamente de Felicio Luzaghy, por 250 mil réis, possivelmente a primeira máquina desta arte em mãos brasileiras.

Tornou-se assim, o primeiro fotógrafo brasileiro com menos de 15 anos de idade! Mais tarde, já um grande colecionador e um verdadeiro mecenas dessa arte, atribuiu títulos e honrarias aos principais fotógrafos atuantes no país. Promoveu a arte fotográfica brasileira e difundiu a nova técnica por todo o país.

O maior e mais diversificado acervo de fotografia oitocentista constituído por um particular é, justamente, a coleção que foi reunida durante vários anos pelo Imperador D. Pedro II. Oficialmente, ele é considerado o primeiro deguerreotipista brasileiro; fazia imagens de paisagens e de pessoas.


Foto D. Pedro II 


Foto da famíilia Imperial

 

 

 

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Princesa Isabel (Fotos)

Mas, a divulgação da fotografia no Brasil, ficou restrita a poucos profissionais, a maioria dos quais estrangeiros que, aqui chegando, nela encontraram um novo e promissor meio de vida e por razões óbvias, procuravam guardar para si os "segredos" da nova arte...

Foto de Louis Compte, Rio de Janeiro (1840) – 1º DAGUERREÓTIPO tirado na América do Sul.

Em 1851, o Imperador atribui o título de "Photographo da Casa Imperial" aos retratistas LOUIS BUVELOT e PRAT. É a primeira vez que um soberano concede uma honraria a um fotógrafo! Entre 1851 a 1889, ele concedeu esse título a mais de duas dezenas de fotógrafos...

Atualmente, o Arquivo Histórico reúne importantes documentos manuscritos e iconográficos referentes à nossa história e divididos em coleções, como a "Coleção Família Imperial", compreendendo 1.445 documentos de diversas procedências, relacionados aos Imperadores D. Pedro I e D. Pedro II e respectivos familiares. São gravuras e álbuns de fotografias com retratos da realeza e nobreza da época, vistas de cidades brasileiras e estrangeiras... Assim como documentos pessoais, como os exercícios de caligrafia de D. Pedro II, de correspondência entre membros da família imperial e outros, além de homenagens como poesias, sonetos, hinos ou músicas dedicados a mDurante muito tempo um tesouro ficou ignorado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Num processo pioneiro na América Latina, iniciaram-se os trabalhos de restauração e recuperação das 25.000 fotos da Coleção D. Thereza Christina Maria, reunidas pelo Imperador D. Pedro II. Tal coleção abrange vasta gama de temas de interesse no século XIX. Por isso, além de refletir a personalidade e os interesses do Imperador, espelha a realidade nacional e internacional de seu tempo. Como se sabe, o Monarca não circunscrevia à rotina administrativa dos assuntos de Estado. Dava, ele, muita importância ao estudo, à pesquisa e à troca de colaborações com centros de cultura da Europa, favorecendo as artes e as ciências.

Assim, ele deu atenção especial à fotografia, que teria suas aplicações científicas, mas sobretudo se tornaria uma nova expressão artística. Quando D. Pedro adquiriu sua câmera, tornou-se o primeiro brasileiro e possivelmente o primeiro monarca do mundo a tirar fotos. D. Pedro II investiu muito na construção de sua biblioteca particular. Mandava comprar tudo quanto o pudesse interessar, incluindo fotografias. Utilizava para isso até os serviços do Ministério dos Negócios Estrangeiros. A maior parte desse acervo ficava em instalações especialmente construídas no último andar do Paço Imperial. Partes de sua Biblioteca estavam ainda no palácio da Quinta da Boa Vista e na sua residência de veraneio em Petrópolis.

Nosso segundo Imperador também ganhava ou comprava fotografias em suas viagens, tanto nas que realizou pelo interior do Brasil como nas três que fez ao estrangeiro. Encontram-se nessas fotografias, com freqüência, dedicatórias ou anotações de seu próprio punho. Após o malfadado 15 de novembro o Imperador foi banido com sua família, pelo regime republicano.

Chegado a Portugal, logo sua esposa faleceu. Partiu, então, para a França e encarregou um advogado de cuidar de seus interesses e bens aqui deixados. Mas havia uma determinação do governo republicano de apropriar-se de sua Biblioteca. Além disso, alguns dos mais importantes nomes do regime eram anti-monarquistas convictos e coniventes com o roubo de obras da sua biblioteca, com a violação de sua correspondência pessoal, dificultando pois a localização e liberação dos objetos solicitados pelo Imperador.

Após tensas negociações o monarca, sempre tendo em vista o bem e a grandeza do Brasil, decidiu doar o acervo constituído por livros, publicações periódicas, mapas, partituras, desenhos, estampas, fotografias e outros documentos, à Biblioteca Nacional, ao Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e ao Museu Nacional.

A única exigência de D. Pedro II foi que as partes doadas às duas primeiras instituições mantivessem as suas respectivas unidades sob o nome da Imperatriz, "Coleção D. Thereza Christina Maria" e que a terceira parte, doada ao Museu Nacional, recebesse o nome de sua mãe, "Coleção Imperatriz D. Leopoldina". Coube à Biblioteca Nacional a maior parte desse acervo particular de D. Pedro II, constituindo-se assim na maior doação de toda a sua história. Estava incluída nele a parte mais considerável de suas fotografias, hoje a maior e mais abrangente coleção de documentos fotográficos brasileiros e estrangeiros existente numa instituição pública de nosso país. "

• Conclusão

Segundo o historiador José Murilo de Carvalho, em sua biografia sobre D. Pedro II diz que, ao longo de seus quase meio século de reinado, D, Pedro II nunca aceitou aumentos na dotação de seus proventos apesar de várias propostas nesse sentido por parte do próprio parlamento. Em suas viagens ao exterior, por exemplo, contraía empréstimos em casas bancárias jamais tendo aceito dotações para este fim. Cortou cargos inúteis como os da Guarda Imperial, criada pelo seu pai e que foi prontamente restabelecida pela república com o nome de Dragões da Independência... Como exemplo, mandou cortar 25% de sua dotação como contribuição para o esforço da Guerra do Paraguai. Concedeu durante o segundo reinado 151 bolsas de estudo, sendo 41 para o exterior, o que leva a José Murilo de Carvalho a compará-lo com um CNPQ da época. Seu programa anual de esmolas para os pobres de São Cristóvão em 1857 empregava mais recursos do que o estipêndio de seus seis ministros, o que faz o autor a compará-lo com vantagens aos autores dos programas de bolsas-família de hoje.

Como poderemos ver nesta excelente biografia, o exílio de D. Pedro II foi mais um ato falho de nossa crise sebastianista, nossa orfandade cívica. Deitamos ao mar nossas melhores conquistas por que simplesmente não as enxergamos. Assim como o próprio monarca se enganou com relação à nossa maturidade política em merecermos a república como um dos maiores engenhos de governo criado pela humanidade. E fica mais curiosa ainda a sua exigência de formação de um povo político, mais do que educação, a construção do próprio cidadão!

Fonte:
A educação de D. Pedro II, Imperador do Brasil
Casa Imperial Brasileira
Território Scuola
A voz do Cidadão
Fundação Biblioteca Nacional
Instituto D. Isabel I
Pequena História do Catete
D. Pedro II. e as Ciências
O Rei e nós

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