PRESSUPOSTOS BÁSICOS

Elaborar uma definição sempre é difícil... Em educação a distância esta dificuldade é maior, uma vez que ainda não existe (se é que um dia haverá!) um consenso sobre o que é e o que pode vir a ser esta forma de ação educacional.

Para que possamos caminhar adequadamente, acreditamos que alguns pressupostos básicos devem ser pensados.

1. Nos últimos tempos, dentro da globalização geral, houve uma evolução da informação que se pode chamar de a era do conhecimento onde, "... mão-de-obra, terra e capital não serão mais os melhores recursos em termos de retorno. A riqueza virá do conhecimento".

Neste contexto,

• a aprendizagem sai do espaço físico da escola e passa a se desenvolver em " ambientes de aprendizagem" que podem envolver o Mundo todo. Um bom exemplo disso, é a aprendizagem feita por meio da Internet;

• o conhecimento deixa de estar centralizado só nas mãos de especialistas - "professores de matérias específicas" - e passa para as mãos de pessoas que, sendo professores ou não, melhor consigam trabalhar com esta globalização e dispersão do conhecimento, sempre de uma maneira o mais polivalente possível.

2. Nesse cenário, a escola perde a hegemonia da transmissão do conhecimento e o monopólio do saber.

É quando surge, ou melhor, se fortalece a idéia de se trabalhar a educação dentro de um novo paradigma: o ensino, ou educação a distância.

 

EVOLUÇÃO DA EAD

Quando se estuda a evolução histórica da EAD, percebe-se que ela pode ser vista como se já tivesse passado por diferentes gerações, gerações estas relacionadas com o período onde se manifestou, o estágio da evolução tecnológica e de como ela foi usada como ferramenta para a transmissão das informações. Como se pode ver, na verdade EAD não é algo tão novo assim!

Vejamos:

1. Na antigüidade já podemos considerar, tanto as cartas de Platão, como as Epístolas de São Paulo, como formas de educação a distância. Cada um atendendo a seus objetivos específicos e a seus propósitos de formação do cidadão grego, para um; e de catequização, para outro.

2. Com a implantação dos serviços regulares dos Correios (1728), inicia-se a primeira geração de EAD: a educação por correspondência, que usava unicamente textos. Com esta nova maneira de se oferecer informação, dá-se oportunidade, também, para uma primeira demonstração de que, quando há interesse e o aprendizado é importante e significativo, as pessoas são capazes de assumir, diretamente, a responsabilidade sobre sua aprendizagem. Muitas e muitas pessoas só conseguiram aprimorar seu nível de conhecimento quando tiveram a oportunidade de receber os cursos por correspondência em suas casas.

A mais antiga experiência de cursos a distância por correspondência com tutoria aconteceu em 1840, na Inglaterra, dentro da Society to Encourages Studies at Home. Esta sociedade, dirigida por e para mulheres, chegou a oferecer cerca de 24 cursos sobre assuntos de interesse para aquelas senhoras que não tiveram oportunidade de passar por um processo sistemático de aprendizagem.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a educação a distância evoluiu muito rapidamente e passou a ser conhecida em todo o mundo. Foi nessa época que criou-se o primeiro departamento de educação a distância dentro de uma universidade: a Universidade de Chicago. O departamento foi dirigido por Willian Rainey Harper, considerado o "Pai da moderna educação por correspondência".

No Brasil, os primeiros cursos por correspondência foram desenvolvidos pelo Instituto Universal Brasileiro, em 1941, e que continua atuando até os dias de hoje.

3. A medida em que novas tecnologias de comunicação foram se tornando disponíveis, novas mídias começaram a serem usadas em EAD. É o início da segunda geração de EAD, onde usou-se primordialmente o som: a educação por rádio.

A BBC, da Inglaterra, fez uso desta plataforma para implementar cursos com o intuito de melhor as condições de vida de um segmento da população que não tinha outro modo de acessar o conhecimento. A Austrália também teve sua Escola Radiofônica no ar, levando aulas até às crianças que viviam em locais remotos de seu território.

Na Segunda Grande Guerra o alcance do rádio aumentou muito e, paralelamente, houve o aparecimento de muitos programas educacionais atingindo os mais diferentes locais em inúmeros países e, também, localidades das zonas rurais. Nesta ocasião o telefone passou a ser usado para acompanhamento e monitoria dos alunos inscritos nos cursos, tornando-se a primeira possibilidade de interação direta entre professor e aluno em EAD.

No Brasil podemos citar algumas experiências de relevância: a Universidade do Ar do SENAC de São Paulo (1947); as Escolas Radiofônicas de Alfabetização do Movimento de Educação de Base (1956) e o Projeto Minerva.

4. Com o crescimento das possibilidades tecnológicas da televisão, surge a terceira geração da EAD: o uso da imagem como plataforma para difusão da informação. A televisão e o videocassete trouxeram uma nova dimensão para o trabalho com a educação a distância tanto em cursos livres como em cursos regulares, ou mesmo em programações com um enfoque educacional sem estar, porém, diretamente ligado a um planejamento estruturado de curso. Além disso, surgem estúdios de TV ligados a diferentes tipos de instituições educacionais, envolvidos com trabalhos por teleconferências e utilizando televisão a cabo.

Também começam a ter visibilidade empresas voltadas para um trabalho direto de produção de fitas de vídeo para utilização didática em salas de aulas regulares e em treinamentos empresarias.

No Brasil podem ser citados o trabalho mais formal desenvolvido no Telecurso da Fundação Roberto Marinho/ FIESP e no Projeto TV Escola, do MEC, e, de modo mais informal, as programações realizadas pelas Televisão Educativa do Rio, TV Cultura de São Paulo e Rede de Televisão SESC-SENAC.

5. Com toda essa evolução tecnológica, populações, geográfica e fisicamente separadas, passaram a ter condições de acesso a cursos e a diferente tipo de instrução, antes impossíveis. Múltiplas tecnologias ajudaram a percorrer o caminho entre os primeiros cursos por correspondência e a possibilidade de interação conseguida com os cursos via televisão e, mais intensivamente, com os cursos mediados pelos computador: a quarta geração da EAD.

Num primeiro momento o computador permitiu que textos fossem trocados via correio eletrônico, numa comunicação assíncrona, e, também, tornando possível a comunicação síncrona de várias pessoas, por meio dos chats. Com o aparecimentos da World Wide Web - WWW - também conhecida como Teia Mundial ou simplesmente Web - a EAD passa a ter, com sua utilização, uma ampliação de sua capacidade de encaminhamento e apresentação de materiais e de opções de pesquisa, com o uso das diferentes mídias passíveis de serem usadas na Web.

Tudo isso leva a uma enorme ampliação da interatividade entre os participantes do processo educativo. Esta interatividade passa a ser possível tanto entre professor-aluno, aluno-aluno, como entre professores-alunos e alunos-alunos. Numa mesma mídia é possível a comunicação de um-para-um, um-para-muitos e muitos-para-muitos.

Com a evolução da tecnologia, a grande comunidade de informação se amplia cada vez mais. Atualmente acontece de maneira mais ampla, através das intranets corporativas e da Internet, mas abrindo espaço também para a comunicação feita por satélites e associadas a canais fechados de televisão.

A relação homem/tecnologia está estabelecida e entra dentro da vida de cada um sem pedir licença - haja vista os atuais terminais de Bancos!

Para o professor, esta questão torna-se também premente e angustiante, uma vez que ele tem que reaprender a desenvolver sua ação pedagógica em um outro contexto e a partir de um outro paradigma mas, sabendo que "o humano e o tecnológico não podem e não devem ser vistos como forças antagônicas nesse processo desenvolvimentista, pois, do contrário, nunca teríamos a possibilidade de vermos o triunfo da ciência e, nem tão pouco, a felicidade das pessoas".