História
da vida da tartaruga-boba
(Caretta
caretta)
Depois
das tartarugas
juvenis viajarem
ao sabor das
correntes do
Atlântico Norte
durante cerca
de uma década,
algo as faz
voltar para
o seu local
de nascimento.
Neste momento
já têm uma carapaça
com cerca de
50 a 60 cm.
De volta ao
Atlântico Ocidental,
na Florida por
exemplo, elas
adoptam um tipo
de vida diferente
em águas de
baixa profundidade
junto à costa,
alimentando-se
de carangueijos
e moluscos.
Passarão
aqui o resto
das suas vidas.
Só quando tiverem
atingido os
trinta anos
(carapaça com
90cm) estarão
maturas o suficiente
para se reproduzirem.
Num certo Verão,
de noite, arrastam-se
lentamente para
as dunas por
cima da linha
de maré alta.
A fêmea pesa
mais de 100
kg e em terra
não se movimenta
facilmente.
Depois de ter
seleccionado
o lugar para
o seu ninho,
ela começa a
escavar uma
cova para o
corpo, usando
as barbatanas
dianteiras.
Só parará quando
o seu corpo
ficar abaixo
da superfície
da areia. Depois,
ela constrói
a câmara para
o ninho, usando
apenas as barbatanas
traseiras. Terminando
a construção
do ninho, em
forma de urna
e com cerca
de 60 cm de
profundidade,
ela põe cerca
de 120 ovos
brancos que
quase parecem
bolas de ping-pong.
De seguida,
cobre o ninho
e a cova do
corpo e regressa
ao mar. O processo
dura cerca de
uma hora. Durante
a estação de
nidificação,
cada fêmea faz
cerca de três
ninhos e outras
tantas posturas,
com intervalos
de duas semanas.
Terminada a
estação a tartaruga
apenas voltará
a fazer ninho
depois de três
ou quatro anos.
Quando chegar
o momento de
nova postura,
a fêmea fá-la-á
no mesmo local.
Como é que ela
se orienta e
encontra exactamente
o mesmo local
é ainda um dos
maiores mistérios
para os cientistas.
Tartaruga-boba põe cerca de 120 ovos em cada postura.
Foto: A Bolten
(c) ImagDOP.
Cerca
de 60 dias mais
tarde, os ovos
abrem-se e as
tartarugas bébés
com 5 cm de
comprimento,
abandonam o
ninho, rastejando
praia abaixo
para a rebentação.
Nandando para
fora, são apanhados
pela Corrente
de Golfo. Passado
algum tempo,
as tartarugas
devem sair do
Corrente de
Golfo e entram
no sistema giratório
do Atlântico
Norte que levarão
este jovens
até às águas
do arquipélagos
dos Açores,
Madeira e Canárias,
onde nós temos
oportunidade
estudar estes
inesquecíveis
animais.
Depois da saída do ninho (imagem à esquerda) há diversos perigos à espera
das pequenas
tartarugas,
como caranguejos
(imagem central)
e aves marinhas,
até chegarem
ao mar (imagem
à direita).
Fotos: A Bolten
(c) ImagDOP.
Biografia
Helen
Rost Martins,
nascida na Noruega,
foi co-fundadora
Departamento
de Oceanografia
e Pescas da
Universidade
dos Açores em
1976 e onde
hoje é
Investigadora
Principal.
Os seus trabalhos,
publicados nas
revistas da
especialidade
ao longo de
décadas de investigação,
versam temas
tão diversos
como por exemplo:
alimentação
de cetáceos,
biologia de
crustáceos e
cefalópodes
ou migrações
de tartarugas.
É uma defensora
implacável das
tartarugas e
faz parte do
"Marine Turtle
Specialist Group"
da União Internacional
para a Conservação
da Natureza.