As NTIC e a sala de aula já estão imbricadas, sendo que nesse processo estão se configurando novos contextos que vêm problematizar e potencializar as relações pedagógicas. Nesse sentido, as NTIC não vêm para solucionar os problemas educacionais, mas sim trazer novas questões para o debate, uma outra visão do processo pedagógico. É em função disso que este grupo trouxe a temática para a discussão.
O interessante é que só percebemos que vivíamos um processo interativo à medida que passávamos a entender o conceito de interatividade. Assim a discussão fluía:
Sim, acho que toda essa discussão é
interatividade, aqui ninguém espera para falar, a gente
fala quando tem vontade...!
Espera aí... esse processo difere da internet. Se for apenas
por futucar na internet... ela tem um monte de páginas.
E daí, não é tão interativa assim,
tem poucas diferenças do livro.
É, mas ela tem links!
E as páginas que praticamente não têm links?
Bem, vamos ver. Pierre Lévy fala de interatividade: ela
é mais interativa quando apresenta interrupção
e reorientação do fluxo informacional em tempo real,
implicação do participante na mensagem, diálogo,
reciprocidade, diálogo entre vários participantes
.
Então vamos pensar quais destas caraterísticas que
a internet tem, que a sala de aula tem e o que livro tem.
Se pensarmos na internet, mais especificamente nas home-pages...
podemos repensar o nível de interação que
ela proporciona... podemos navegar..., depende também dos
links que a página possui.
Ei, espere, e no caso dos chats e das listas de discussão?
Aí o negócio é diferente... vamos ver novamente
o que Pierre Lévy e Silva sugerem. Apresenta reorientação
do fluxo informacional? Possibilita a participação
do sujeito em tempo real? Pode desencadear reciprocidade? Se apresenta
estas características podemos dizer que essa interação
encontra-se em um nível mais elevado?
Podemos sim, elas apresentam caraterísticas fundamentais
para os sujeitos interagirem reciprocamente!
É sim, elas possibilitam um fluxo dinâmico de onde
emergem novos processos.
Essas indagações teóricas
pontuadas pelo grupo sempre buscavam uma relação
com a prática docente.
Eureca...
a maior prova de interatividade é a sala de aula.
Bem, depende do professor!
É, se for analisar a grande maioria das aulas não
podemos dizer que acontece interatividade!
É isso aí, porque geralmente a aula acontece de
forma linear, possibilitando apenas uma ação e uma
reação, ou seja causa-efeito.
Chato a gente esperar a vez para falar... às vezes vou
atravessando a conversa, o pessoal não gosta, mas eu faço!
Percebam, se a aula possibilitar que o aluno participe efetivamente,
que fale quando quiser falar, que interrompa, que corte a linearidade,
isso é uma interação bem mais significativa.
Legal... mas vamos colocar isso no papel!
Ah! Eu mesmo preferiria colocar isso em bits. Assim, quem sabe
- fazendo circular - mais gente não pode meter o dedo na
discussão?
Claro... e isso já seria uma forma de interatividade, não?
Claro... a idéia de interatividade então estaria
ligada à produção coletiva que Lévy
tanto fala.
... e a outra coisa interessante disso, é que no fundo
existe uma organização. Mas diferente daquela organização
que é imposta de fora e ........... dirigida por um - o
chefe! Aqui a organização é coletiva. É
uma auto-organização que vai se definindo no processo,
no caminho.
Já perceberam que esse grupo realmente interage? E prova
disso... que um grita de um lado, corta a fala do outro, fala
junto, não deixa passar a idéia, legal...
Isso aponta para a idéia de caos que falávamos!