Victor Hugo
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Durante o Segundo Império, em oposição a Napoleão 3o, viveu em exílio em Jersey, Guernsey e Bruxelas. Foi um dos poucos a recusar a anistia decidida algum tempo depois. O Times de Londres declarou: Estamos orgulhosos por Victor Hugo ter escolhido viver em solo inglês, que se alimenta da sua presença, e se enriquece por meio dela. O New York Tribune também disse: Sua voz é a voz dos homens livres do mundo inteiro.
Hugo passou a falar mais sobre a liberdade. Denunciou a execução de John Brown, que tentara provocar uma revolta de escravos na Virgínia em dezembro de 1859, e louvou os esforços de Giuseppe Garibaldi para estabelecer uma democracia liberal na Itália. Diante de uma platéia de mais de mil pessoas reunidas na ilha de Jersey, Hugo disse que a liberdade é o bem mais precisos de toda a humanidade. Comida e água não são nada; vestimentas e abrigos são luxos. Quem é livre permanece com sua cabeça erguida, mesmo que esteja com fome, sem roupas e sem teto. Eu dedicarei a minha própria vida, o que quer que ainda reste dela, à causa da liberdade liberdade para todos!
Então, Hugo se voltou para um projeto que há muito estava passando por sua cabeça: um romance provisoriamente intitulado Misères [Misérias], para o qual começara a tomar notas ainda em 1840. Trabalhou nele de 1845 até fevereiro de 1848 (quando outra revolução na França interrompeu seu trabalho), indo adiante, mudando o título hesitantemente para Jean Trejean, e finalmente deixando o manuscrito de lado. No dia 26 de abril de 1860, foi ao cofre de estanho onde tinha guardado o manuscrito e retomou seu trabalho. Escreveu que passara quase sete meses repensando e clarificando toda a minha primeira concepção da obra, de modo que viesse a haver uma unidade completa entre o que eu escrevi doze anos atrás e o que vou escrever agora. Suspendeu seus dois banquetes diários e passou a escrever como um relâmpago. Escreveu dois terços do livro em 1861, e terminou Os miseráveis em 19 de maio de 1862.
Embora
transborde simpatia e generosidade em Os miseráveis para
com as pessoas que passam por dificuldades, Hugo sempre permaneceu
distante dos socialistas da sua época. Ele parecia estar
atacando o dogma marxista da luta de classes quando escreveu que
Existe uma tentativa uma tentativa errônea
de fazer da burguesia uma classe especial. Mas a burguesia é
somente a porção satisfeita do povo; o burguês
é o homem cuja vez de se sentar chegou. Uma cadeira não
é um castelo. Hugo persistiu em seu ataque: O
comunismo e o agrarianismo acreditam que resolveram este segundo
problema [da distribuição de renda], mas estão
enganados: a distribuição destrói a produtividade.
A repartição em partes iguais mata a ambição
e, por conseqüência, o trabalho. É uma distribuição
de açogueiros, que mata aquilo que reparte. Portanto, é
impossível tomar essas pretensas soluções como
princípio. Destruir riqueza não é distribuí-la.
Ele acreditava na capacidade do empreendedorismo privado e da paz
de amenizar a pobreza: Todo progresso caminha na direção
dessa solução. Algum dia, todos ficaremos surpresos,
pois veremos que com a ascensão de toda a raça humana,
as suas camadas mais baixas também irão naturalmente
sair da zona de sofrimento em que se encontram. A abolição
da miséria será alcançada simplesmente com
uma simples elevação do nível de todos.
Esta obra, traz claramente a filosofia política de Victor Hugo. É um mundo onde há cooperação - e não luta - entre as classes; onde o empreendedor desempenha um função essencialmente benéfica para todos; onde o trabalho é a via principal de aprimoramente pessoal e social; onde a intervenção estatal por motivos moralista - seja do policial ou do revolucionário obcecado pela justiça terrena - é um dos principais riscos para o bem de todos que será gerado espontaneamente pelos indivíduos privados.
Sempre um reformista, envolve-se em política por toda a sua vida. Mas se critica as misérias sociais, não adota o discurso socialista da luta de classes. Pelo contrário, ele próprio viveu uma vida financeiramente confortável, construída com seus próprios esforços, tornando-se um dos escritores mais bem remunerados de sua época. Acreditava no direito do homem usufruir dos frutos do seu trabalho, embora reforçasse a responsabilidade que acompanha o enriquecimento pessoal. Desse modo, sempre buscou prosperar enquanto doava uma parte significativa de sua renda para diferentes obras de caridades.
Victor Hugo, no entanto, nunca aceitou o discurso socialista. Ele acreditava que uma sociedade aberta encontraria soluções para seus problemas. Mais que isso, ele era contra políticas de redistribuição de riquezas, pois o efeito dessas seria desincentivar a produção, fazendo com que toda a sociedade caminhasse para trás. Caso fosse permitida a liberdade de comércio, por outro lado, e caso se tolerasse algum grau de desigualdade social, o resultado - largamente comprovado pela história posterior - seria o progresso geral de todos, beneficiando inclusive os membros mais pobres da sociedade. Portanto, a defesa de um ordem que permita o progresso é benéfica para todos, e não para uma classe específica.
"O comunismo e o agrarianismo acreditam que resolveram este segundo problema [da distribuição de renda], mas estão enganados: a distribuição destrói a produtividade. A repartição em partes iguais mata a ambição e, por conseqüência, o trabalho. É uma distribuição de açogueiros, que mata aquilo que reparte. Portanto, é impossível tomar essas pretensas soluções como princípio. Destruir riqueza não é distribuí-la".
A partir de 1849, Victor Hugo dedicou sua obra à política, à religião e à filosofia humana e social. Reformista, desejava mudar a sociedade mas não mudar de sociedade. Em 1870 Hugo retornou a França e reatou sua carreira política. Foi eleito primeiro para a Assembléia Nacional, e mais tarde para o Senado. Não aderiu à Comuna de Paris mas defendeu a anistia aos seus integrantes.
De acordo com seu último desejo, foi enterrado em um caixão humilde no Panthéon, após ter ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo.
O enterro de Victor Hugo em 1885
Fonte: Uol | www.vidaslusofonas.pt/victor_hugo.htm | http://www.victorhugo.culture.fr/ | http://artculturalbrasil.blogspot.com/2010/01/condoreirismo.html | http://galeriaphotomaton.blogspot.com/2009/05/victor-hugo-vida-e-obra.html | http://www.ordemlivre.org/node/368 | http://www.truca.pt/ouro/biografias1/victor_hugo.html