EUA - Século XX |
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B.
A prosperidade do Big Business (1921-1929) ou
os "ANOS DE ILUSÃO"
. Após superar a Pequena Crise (1919-1921),
os EUA conheceram um período de impressionante
desenvolvimento econômico, processado em
ritmo tão acelerado que a sociedade norte-americana
atingiu índices de prosperidade até
então desconhecidos.
. As indústrias desfrutaram uma expansão
bastante significativa:
. O prodigioso impulso industrial ligou-se, em
parte, aos aperfeiçoamentos técnicos
permitindo a produção em massa.
O taylorismo, a técnica de linha de montagem,
a pesquisa científica sistemática,
os modernos padrões de segurança
adotados no trabalho e o uso generalizado de novas
fontes de energia elétrica pesaram sensivelmente
sobre as indústrias em geral e determinadas
indústrias em particular.
. Foi o caso da construção civil,
bastando mencionar que, de 400 mil moradias concluídas
em 1919, saltou-se para 935 mil em 1925. Nos anos
20 proliferaram os arranha-céus, mais tarde
constituídos em cartões de visita
dos EUA: simbolizavam a prosperidade e o crescimento
norte-americanos.
. Igualmente espantoso foi o crescimento da indústria
automobilística: em 1921 havia 10 milhões
e meio de automóveis, em 1928 o total atingia
23 300 000
. Também foram de grande importância
indústrias novas como:
• as indústrias cinematográficas,
responsáveis pela abertura de milhares
de salas de projeção, pela elevação
de Hollywood, na Califórnia, à condição
de capital do cinema, pela popularidade de dezenas
de atores e atrizes, pela propagação
do american way of life;
• as indústrias radiofônicas
que levaram à produção de
milhares de aparelhos receptores e de acessórios,
paralelamente à fundação
de 562 estações de rádio
entre 1920 e 1924;
. a indústria aeronáutica impulsionada
pela organização de empresas de
transporte de passageiros
e de linhas de correio aéreo;
.as indústrias de aparelhos de uso doméstico,
com a produção de fogões
e geladeiras fabricados aos milhares.
Essa
prosperidade era vigorosamente defendida pelos
dirigentes republicanos, partidários da
Política do Big Business.
Torna-se evidente que o Big Business representava
o mínimo de intervenção do
Estado na economia e o máximo de liberdade
econômica. Tais diretrizes refletiram-se:
1.
no estímulo à concentração
capitalista, favorecida inclusive pela elaboração
de leis e de planos encorajando o crescimento
dos holdings, trustes e a realização
de combinações diversas.
2. leis restritivas á imigração,
como a Johnson Act (1924) estabelecendo a cota
anual de 2% do total de imigrantes de cada nacionalidade,
tomando-se como referencial os residentes no país
em 1890, embora se fixasse em cem o número
anual de cada nacionalidade e se proibisse a entrada
de japoneses.
3. A aprovação da Lei Volstead (1920)
constituiu outra manifestação da
intolerância e do moralismo dos anos 20.
Mais conhecida como Lei Seca. proibia a fabricação,
a venda ou o transporte de bebidas alcoólicas
nos Estados Unidos. Na prática resultou
ineficaz e estimulou a multiplicação
de bares clandestinos (speakeasis), e a organização
de quadrilhas de criminosos gangsters) que contaram
com o apoio de políticos e policiais corruptos.
Multiplicaram-se as destilarias ilegais, as lutas
sangrentas pelo controle de territórios
que incluíam até cidades. Expandiu-se
o crime organizado de que se tornou símbolo
Al Capone, tendo como verdadeira capital a cidade
de Chicago.
4. ascensão da KU KLUX KLAN (KKK) , restaurada
em Atlanta , na Geórgia (1915) e logo se
expandindo em todo o país . Com suas práticas
rituais , que chegava a impor o uso de capuzes
a seus filiados, a KKK. incorporou a sua área
de atuação todas as fobias do pós-guerra
contra os negros, católicos, judeus e estrangeiros.
Sistematizando a intolerância política,
racial e religiosa , a KKK batia-se pela supremacia
do norte-americano branco, protestante e anti-revolucionário.
Eu
sou a lei.
(Afirmativa de D.C. Stephenson, dirigente da KKK)
Empregando
a violência, que incluía desde as
surras de chicote e banhos de piche e de penas
até o assassinato, o Klan 'elegia Governadores
e Senadores simpáticos ao seu programa.
Durante uma década o Klan seguiu seu violento
caminho, e homens prudentes nele viram a base
em potencial para um movimento fascista norte-americano".
Por vezes a intolerância assumiu formas
de fanatismo religioso, expressado em leis que
proibiam o ensino da Teoria Evolucionista de Charles
Darwin, ou em medidas de censura a obras tachadas
de imorais, as quais tiveram o beneplácito
das autoridades. Constituiu verdadeira polemica
nacional, opondo fanáticos obscurantistas
e ardorosos partidários da liberdade de
pensamento, o julgamento de Johnny Scopes, modesto
e corajoso professor de Biologia: condenado em
Dayton, no Tennessee (1925), sua absolvição
foi reconhecida pela Corte Suprema (1926).
A intolerância nacionalista levou ainda
à elaboração de leis contra
pessoas muitas vezes inocentes, mas identificadas
como agentes provocadores estrangeiros. Alguns
dos acusados eram partidários de idéias
pacifistas, anarquistas e socialistas, porém,
em muitos casos, eram processados sob a acusação
de outros delitos. Assim ocorreu com o sapateiro
Nicola Sacco e o peixeiro Bartolomeo Vanzetti,
anarquistas italianos. Em defesa da ortodoxia
política, um tribunal de Massachusetts
julgou-os culpados do assalto a uma fábrica
e do assassinato de duas pessoas, embora nenhuma
testemunha houvesse identificado os dois acusados
(1921). Apelos diversos protelaram a execução
até 1927, quando Sacco e Vanzetti foram
eletrocutados, apesar de um criminoso ter confessado
a participação nos delitos imputados
aos anarquistas.
. Fica evidente então que prosperidade
e intolerância coexistiram nos EUA na década
de 1920. É certo, porém, que a imagem
do american way of Life — novo modelo de
civilização oferecido pelos EUA
ao mundo —projetava apenas a prosperidade:
cidades povoadas de imensos arranha-céus
negros automóveis correndo velozmente por
modernas rodovias, estádios repletos de
multidões comprimidas e torcendo nas partidas
de beisebol e nas lutas de boxe, clubes luxuosos
ou modestos em que os pares saltitavam dançando
o jazz, o charleston, o shimmy, tocados por orquestras
ou estridentes e coloridas bandas.
. Havia, contudo, uma face oculta da sociedade
caracterizada pela miséria e pela desigualdade.
Desde 1920, por exemplo, a situação
dos agricultores piorava, pois se acumulavam os
estoques agrícolas e baixavam os preços
dos cereais. Havia regiões agrícolas
em que a depressão tornava uma utopia o
trabalho assalariado: na prática imperavam
condições de servidão. Mesmo
nas grandes cidades, em meio à riqueza
de poucos, muitos viviam em condições
subumanas nos bairros pobres, desprovidos de condições
mínimas de saúde e habitação.
Esse mundo também incluía numerosas
greves e conflitos trabalhistas, onde o massacre
dos operários não era novidade.
A insatisfação era grande em amplos
setores operários especialmente os ligados
às indústrias têxteis e mineiras.
Fonte:
http://www.csa.com.br/professores/miguel_historia/2004/EUA_SECXX_RESUMIDO