EUA - Século XX
 

A POLITICA NORTE-AMERICANA ANTES DA 1ª GUERRA MUNDIAL

B. O caminho para a guerra

Ao se iniciar a Primeira Guerra Mundial em agosto de 1914, os EUA formularam uma declaração de neutralidade e chegaram a enviar uma carta aos Estados beligerantes propondo sua arbitragem para solucionar o conflito.
Embora desde o início inclinados favoravelmente à causa dos Aliados, os EUA tiveram a princípio atritos com o governo inglês que decretara o bloqueio naval da Alemanha e, juntamente com a França, arrogava-se o direito de dar busca nos navios neutros.
• Ainda que tais medidas representassem uma violação do proclamado direito de neutralidade e conseqüentemente, do direito de liberdade dos mares, isto sem falar na redução do intercâmbio com a Alemanha, as vendas de produtos industriais e de gêneros agrícolas aos Aliados eram altamente lucrativas.
As transações de produtos industriais e agrícolas mais se ampliaram com a abertura de créditos bancários aos Aliados (1914), seguida em 1915 da concessão de empréstimos diretos à Inglaterra e França.

Considerando-se prejudicada em seu esforço de guerra, "a Alemanha revidou com as únicas armas que dispunha: minas e submarinos. A guerra submarina significava uma ameaça ao comércio marítimo norte-americano, mas também acarretou a perda de embarcações e o sacrifício de vidas humanas. Repercutiu profundamente nos EUA o afundamento do navio Lusitânia, em que morreram mais de mil pessoas, das quais 128 eram norte-americanas.

Os protestos norte-americanos foram se tomando mais freqüentes na medida em que aumentou enumero de embarcações torpedeadas.
Esses fatos, bem como a revelação de planos de sabotagem envolvendo diplomatas e militares germânicos em Washington, eram explorados com estardalhaço pela imprensa. As cadeias de jornais de William Randolph Hearst e Joseph Pulitzer, principalmente, procuraram moldar a opinião pública induzindo-a a se posicionar contra os "bárbaros alemães", incitando o homem comum a participar da "cruzada em defesa do direito das pequenas nações contra a prepotência dos grandes Estados', levando a "massa silenciosa" a crer na "sua missão de salvar a democracia' contra a "bestialidade do alemão-huno".
Ao se iniciar o ano de 1917 três acontecimentos precipitariam a entrada dos EUA na guerra:
• a decisão alemã de tornar irrestrita a campanha submarina, o que foi oficialmente comunicado ao governo norte-americano em 31 de janeiro; já a 3 de fevereiro, Wilson pediu ao Congresso o rompimento das relações diplomáticas com a Alemanha;
• a divulgação, em fevereiro, de um telegrama atribuído a Zimmermann, Ministro das Relações Exteriores da Alemanha, a Von Eckhart, Embaixador alemão no México, instruindo-o no sentido de propor uma aliança ofensiva contra os EUA; como compensação, o México receberia o Texas, o Novo México e o Arizona, territórios que anteriormente haviam lhe pertencido; afirmando que interceptara o telegrama — cuja autenticidade foi posteriormente contestada pêlos alemães — o serviço inglês de contra-espionagem entregou uma cópia do documento à Associated Press: sua publicação nos jornais provocou uma explosão do clamor público contra a Alemanha;
é interessante lembrar que as relações EUA-México eram ruins;
• o início da Revolução Russa, cujo processamento em sua primeira etapa em março substituiu o Tzarismo pela República, o que não impediu a desintegração da sociedade russa; o colapso interno da Rússia
era evidente e punha em risco a causa dos Aliados. Uma possível derrota da França e da Inglaterra representaria um desastre para os empresários norte-americanos: banqueiros que haviam concedido empréstimos aos governos francês e inglês, industriais do Leste ou produtores agrícolas do Oeste que haviam vendido a crédito a ingleses e franceses, todos, enfim, que só seriam pagos com a vitória de Londres e de Paris.
Em 2 de abril de 1917 , o Presidente Wilson encaminhou mensagem para o Congresso solicitando declaração de guerra à Alemanha: quatro dias após os EUA entraram no conflito.


C. A participação na guerra

Desde o ano anterior o Exército e a Marinha haviam começado a ser fortalecidos. Leis diversas foram aprovadas permitindo a construção de 300 destróires e de cerca de dois milhões de toneladas de navios mercantes. Além do mais, o confisco de embarcações alemãs fundeadas em portos norte-americanos e a compra de navios neutros aumentaram mais ainda o potencial naval dos EUA.
Dispondo de poderes excepcionais conferidos pelo Congresso, Wilson delegou esses poderes ao Conselho de Defesa Nacional que supervisionava diversas comissões encarregadas de dirigir toda a eco- nomia de guerra.
Para enfrentar os enormes gastos impostos pela guerra — os quais envolviam as despesas norte-americanas, mas também os empréstimos feitos aos Aliados — o governo reformou a política fiscal, tornando-a mais rigorosa, e recorreu a empréstimos públicos mediante a venda de bônus de guerra.
A entrada dos EUA acabou sendo decisiva para a definição do conflito em favor d.os Aliados. A decisão de melhor proteger os navios mediante o sistema de comboios, a criação de barreiras de minas anti-submarinas e o uso passivo da Marinha de guerra na caça aos submersíveis frustraram a campanha submarina alemã. A chegada de milhares de soldados norte-americanos à França contribuiu para conter o avanço alemão e reforçar a contra-ofensiva dos Aliados na frente ocidental.

D. O fracasso da política Wilsoniana

. Para surpresa dos diplomatas europeus, Wilson viajou ao Velho Mundo a fim de participar das discussões da paz ocorridas na Conferência de Paris com o término da Guerra (1919).
. Antes mesmo da abertura da conferência , o novo governo soviético , visando a desmascarar os verdadeiros objetivos da guerra, havia divulgado os tratados secretos concluídos pelos Aliados dispondo das colônias e outros territórios que seriam tomados aos vencidos. Essa publicação possibilitara a Wilson tomar conhecimento da incompatibilidade entre os Quatorze Pontos propostos por ele ( vide 1ª Guerra Mundial ) e os referidos tratados. Ainda que assim fosse, ele não manifestou qualquer intenção de anular aqueles tratados.
. Incapaz de impor seus pontos de vista aos astutos políticos europeus que alteraram substancialmente os Quatorze Pontos, o Presidente Wilson também não conseguiu convencer o Senado e a opinião pública do seu próprio país.Tanto o Tratado de Versalhes como o Pacto de criação da Liga das Nações foram rejeitados pelo Senado.
. Na campanha eleitoral pela presidência (1920), o candidato democrata James Cox, sustentado por Wilson,defendeu a necessidade de os EUA participarem da Liga das Nações, o que representava a continuação de uma política intemacionalista.
. Em contrapartida, o candidato republicano Warren Harding afirmava que os EUA deveriam adotar uma política nacionalista e isolacionista. As eleições presidenciais ocorreram em uma conjuntura de crise econômica e social: a Pequena Crise, quando milhares de soldados foram desmobilizados e nem sempre encontraram emprego, pois a indústria sofria dificuldades com a reconversão... Esta situação facilitou a vitória do Partido Republicano que, por doze anos, exerceria o poder dirigente nos EUA.

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