Sistema Solar
 

O sistema Solar em um disquete

Planetas inteiros podem ser criados usando fractais e um software especial. É tão eficiente que quase dá para armazenar um sistema solar inteiro no disquete. Por Jenn Shreve.

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A interface do MojoWorld não é muito intuitiva. As instruções de funcionamento, reunidas em algo que parece ser um caderno futurista, são altamente recomendadas caso os usuários queiram fazer algo além de bocejar.

Por trás das montanhas rios e planícies virtuais criados pelo programa está um novo ramo da matemática conhecido como geometria de fractais. Inaugurado na década de 70 pelo matemático Benoit Mandelbrot, a geometria de fractais é uma linguagem matemática que descreve as formas complexas que encontramos na natureza, tais como árvores, montanhas e nuvens. "A geometria que aprendemos na escola é a geometria das formas construídas pelo Homem", explica Musgrave. "Já a geometria de fractais está por toda parte na natureza".

Um fractal é uma fórmula matemática usada para criar um padrão infinitamente repetitivo. Seja qual for a escala, todas as partes do padrão contêm as mesmas formas. Por exemplo, todos os afluentes do delta de um rio têm a mesma forma do delta completo.

 

Já que os fractais são apenas equações matemáticas às quais o Transporter dá formas visíveis, planetas inteiros podem ser armazenados em arquivos menores do que uma imagem JPEG cerca de 200 ou 300 KB, desde que você não o encha com pessoas ou prédios.

O pequeno tamanho dos arquivos facilita a fácil troca desses mundos complexos em uma comunidade de "mojonautas", como Musgrave os chama. Depois de baixar o Transporter, os usuários podem visitar estes planetas e ainda fazer pequenas modificações, como adicionar oceanos, remover montanhas e tornar o solo mais verde.

E devido ao fato de que as partes de um fractal se assemelham ao todo, as imagens geradas possuem um nível de detalhes que, de outra forma, ocupariam uma gananciosa quantidade de memória. Com este sistema, não importa se você se aproxima ou se afasta: a complexidade é sempre a mesma.

"Sou quase obrigado a dizer que os detalhes são infinitos", diz Sales. "Não acho que seria um exagero dizer isso, por causa da forma como os fractais funcionam. Viajando por estes mundos virtuais, você sempre encontra coisas incrivelmente belas".

Musgrave, que trabalhou durante seis anos em Yale com o pai da geometria de fractais Benoit Mandelbrot, é um artista pioneiro dessa área. Ele usa a linguagem matemática como uma "tinta" para suas obras. Ele foi diretor de pesquisas avançadas com imagem tridimensional da MetaCreations, e sua tese de doutorado é a base para a criação do Bryce, um conhecido programa gerador de paisagens. Ele criou efeitos especiais para os filmes Titanic, Apollo 13 e O Inferno de Dante.

Além de criar interfaces mais simples e sistemas planetários mais complexos, o sonho de "construir o ciberespaço" é um dos mais importantes para Musgrave. "William Gibson definiu o ciberespaço como uma alucinação consensual, o lugar para onde vamos para acessar todos os dados em todos os computadores do mundo", afirma Musgrave.

Este mundo existe, mas é muito bidimensional para Musgrave. Em vez de acessar websites, ele espera que um dia as pessoas viajem a planetas virtuais para se conectar. "Não é muito estimulante sentar em frente a um computador e rolar as páginas da Web", ele diz. "Todos fazemos isso, mas seria muito melhor se pudéssemos todos entrar em uma alucinação consensual. Em vez de ler, poderíamos entrar nas bibliotecas andando".

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