3.
EQUIPE PROFISSIONAL MULTIDISCIPLINAR
É engano considerar que programas a distância podem dispensar
o trabalho e a mediação do professor. Nos cursos de graduação
a distância, os professores vêem suas funções se expandirem.
Segundo Authier (1998), "são produtores quando elaboram
suas propostas de cursos; conselheiros, quando acompanham
os alunos; parceiros, quando constróem com os especialistas
em tecnologia abordagens inovadoras de aprendizagem".
Portanto, são muito mais que simples "tutores" como tradicional
e de forma reduzida os professores-orientadores que atuam
a distância vêm sendo denominados.
A
denominação professor-orientador, professor ou tutor,
entretanto, para esse profissional de cursos de graduação
a distância, é uma decisão da instituição. Há quem prefira
a última para enfatizar a responsabilidade individual
entre aquele que orienta e seu orientando. Outros optam
pela primeira para destacar não apenas "acompanhamentos"
individuais de alunos e sim a responsabilidade coletiva
de compartilhamento, pesquisa e parceria educacional com
outros professores, comunicadores e alunos na criação
e reflexão democrática sobre cultura, ciência, tecnologia
e trabalho a serviço da humanização e da superação de
problemas do mundo presente.
A instituição que oferece graduação a distância, além
dos professores especialistas nas disciplinas ofertadas
e parceiros no coletivo do trabalho político-pedagógico
do curso, deve contar com as parcerias de profissionais
das diferentes TIC, conforme a proposta do curso e ainda:
dispor de educadores capazes de:
a) estabelecer os fundamentos teóricos do projeto, b)
selecionar e preparar todo o conteúdo curricular articulado
a procedimentos e atividades pedagógicas, c) identificar
os objetivos referentes a competências cognitivas, habilidades
e atitudes, d) definir bibliografia, videografia, iconografia,
audiografia etc., básicas e complementares, e) elaborar
textos para programas a distância, f) apreciar avaliativamente
o material didático antes e depois de ser impresso, videogravado,
audiogravado, etc, indicando correções e aperfeiçoamentos;
g) motivar, orientar, acompanhar e avaliar os alunos,
h) auto-avaliar-se continuamente como profissional participante
do coletivo de um projeto de graduação a distância;
apresentar currículo e documentos necessários que
comprovem a qualificação dos diretores, coordenadores,
professores, tutores, comunicadores, pesquisadores e outros
profissionais integrantes da equipe multidisciplinar responsável
pela concepção, tecnologia, produção, marketing, suporte
tecnológico e avaliação decorrentes dos processos de ensino
e aprendizagem a distância;
considerar, na carga horária de trabalho dos professores,
o tempo necessário para atividades de planejamento e acompanhamento
das atividades específicas de um programa de educação
a distância;
indicar a política da instituição para capacitação
e atualização permanente dos profissionais contratados.
4.
COMUNICAÇÃO/INTERATIVIDADE ENTRE PROFESSOR E ALUNO
O aluno é sempre o foco de um programa educacional e um
dos pilares para garantir a qualidade de um curso de graduação
a distância é a interação entre professores e alunos,
hoje enormemente facilitada pelo avanço das TIC.
A
relação via correio, sozinha, típica dos cursos por correspondência
antigos, não mais reflete o estágio atual de desenvolvimento
tecnológico no campo da comunicação. Assim, para atender
às exigências de qualidade do processo pedagógico atual
- salvo em algum caso muito específico, de aluno que resida
em local isolado e sob condições muito peculiares em que
sempre será admitida esta forma de comunicação - também
devem ser oferecidas as atuais condições de telecomunicação
(telefone, fax, correio eletrônico, teleconferência, fórum
de debate em rede, etc...) .
Junto
com a interação professor-aluno, a relação entre colegas
de curso, mesmo a distância, é uma prática muito valiosa,
capaz de contribuir para evitar o isolamento e manter
um processo instigante, motivador de aprendizagem, facilitador
de interdisciplinaridade e de adoção de atitudes de respeito
e de solidariedade ao outro.
Sempre que necessário, os cursos de graduação a distância
devem prever momentos presenciais. Sua freqüência deve
ser determinada pela natureza da área do curso oferecido.
O encontro presencial no início do processo, é importante
para que os alunos conheçam professores, técnicos de apoio
e seus colegas, facilitando, assim, contatos futuros a
distância.
Para
assegurar a comunicação/interatividade professor-aluno,
a instituição deverá:
apresentar como se dará a interação entre alunos e professores,
ao longo do curso de graduação a distância e a forma de
apoio logístico a ambos;
quantificar o número de professores/hora disponíveis
para os atendimentos requeridos pelos alunos;
informar a previsão dos momentos presenciais planejados
para o curso e qual a estratégia a ser usada;
informar aos alunos, desde o início do curso, nomes,
horários, formas e números para contato com professores
e pessoal de apoio;
informar locais e datas de provas e datas-limite
para as diferentes atividades (matrícula, recuperação
e outras);
garantir que os estudantes tenham sua evolução
e dificuldades regularmente monitoradas e que recebam
respostas rápidas a suas perguntas bem como incentivos
e orientação quanto ao progresso nos estudos;
assegurar flexibilidade no atendimento ao aluno,
oferecendo horários ampliados e/ou plantões de atendimento;
· dispor de centros ou núcleos de atendimento ao aluno
-próprios ou conveniados - inclusive para encontros presenciais;
valer-se de modalidades comunicacionais sincrônicas
como teleconferências, chats na Internet, fax, telefones,
rádio para promover a interação em tempo real entre docentes
e alunos;
facilitar a interação entre alunos, sugerindo procedimentos
e atividades, abrindo sites e espaços que incentivem a
comunicação entre colegas de curso;
acompanhar os profissionais que atuam fora da sede, assegurando
aos alunos o mesmo padrão de qualidade;
orientar todos os profissionais envolvidos no programa
e organizar os materiais educacionais de modo a atender
sempre o aluno, mas também a promover autonomia para aprender
e para controlar o próprio desenvolvimento;
abrir espaço para uma representação de estudantes que
estudam a distância, de modo a receber feedback e aperfeiçoar
os processos.
5. QUALIDADE DOS RECURSOS EDUCACIONAIS
A
experiência com cursos presenciais não é suficiente para
assegurar a qualidade da produção de materiais adequados
aos meios de comunicação e informação. A produção de material
impresso, vídeos, programas televisivos, radiofônicos,
videoconferências, páginas Web atende a uma outra lógica
de concepção, de produção, de linguagem, de estudo e controle
de tempo, devendo sempre traduzir a concepção e o currículo
do curso de graduação e possibilitar o alcance dos objetivos
desejados e inseridos na cultura e educação do nosso país.
Com
o avanço e disseminação das TIC, de informação e o progressivo
barateamento dos equipamentos, as instituições podem elaborar
seus cursos de graduação a distância baseadas não só em
material impresso mas, na medida do possível, também em
material sonoro, visual, audiovisual, incluindo os informatizados.
Assim,
na construção de um programa de graduação a distância
é necessário:
considerar que a convergência e integração entre materiais
impressos, radiofônicos, televisivos, de informática,
de teleconferências, dentre outros, acrescida da mediação
dos professores - em momentos presenciais e não - criam
ambientes de aprendizagem ricos e flexíveis;
incluir no material educacional guia - impresso
e/ou disponível na rede Internet - que:
a) oriente o aluno quanto às características da educação
a distância e quanto a direitos, deveres e atitudes de
estudo a serem adotadas, b) informe sobre o curso escolhido,
c) esclareça como se dará a interação com professores
e colegas, d) apresente cronograma e o sistema de acompanhamento,
avaliação e todas as demais orientações que lhe darão
segurança durante o processo educacional.
informar, de maneira clara e precisa, que meios
de comunicação e informação serão colocados à disposição
do aluno (livros-textos, cadernos de atividades, leituras
complementares, roteiros, obras de referência, Web-sites,
vídeos, ou seja, um conjunto - impresso e/ou disponível
na rede - que se articula com outros meios de comunicação
e informação para garantir flexibilidade e diversidade);
detalhar nos materiais educacionais que competências
cognitivas, habilidades e atitudes o aluno deverá alcançar
ao fim de cada unidade, módulo, disciplina, oferecendo-lhe
oportunidades sistemáticas de auto-avaliação;
definir critérios de avaliação de qualidade dos
materiais;
estimar o tempo que o correio leva para entregar
o material educacional e considerar esse prazo para evitar
que o aluno se atrase ou fique impedido de estudar, comprometendo
sua aprendizagem;
dispor de esquemas alternativos mais velozes para
casos eventuais;
respeitar, na preparação de material, aspectos
relativos à questão de direitos autorais, da ética, da
estética, da relação forma-conteúdo;
considerar que a educação a distância pode levar a uma
centralização na disseminação do conhecimento e, portanto,
na elaboração do material educacional, abrir espaço para
que o estudante reflita sobre sua própria realidade, possibilitando
contribuições de qualidade educacional, cultural e prática
ao aluno;
associar os materiais comunicacionais entre si
e a módulos/unidades de estudos/séries, indicando como
o conjunto desses materiais se interrelaciona, de modo
a promover a interdisciplinaridade e a evitar uma proposta
fragmentada e descontextualizada do programa.
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