INDICADORES
DE QUALIDADE PARA CURSOS DE GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA
Você
encontrará nas próximas páginas alguns
Indicadores de Qualidade para Cursos de
Graduação a Distância. Faça suas sugestões
para que esses indicadores sejam aperfeiçoados
e possam servir como orientação para alunos,
professores, instituições e demais interessados
na consolidação da educação a distância
no Brasil. |
I
- Considerações Gerais
A educação a distância vem crescendo rapidamente
em todo o mundo. Incentivados pelas possibilidades
decorrentes das novas Tecnologias da Informação
e das Comunicações -TIC, cada vez mais cidadãos
e instituições vêem nessa forma de educação um
meio de democratizar o acesso ao conhecimento
e de expandir oportunidades de aprendizagem ao
longo da vida.
Há, nacional e internacionalmente, um grande debate
sobre qual a terminologia mais apropriada, já
que, com os inúmeros recursos tecnológicos, reduzem-se
distâncias e fronteiras e torna-se enorme a diversidade
de arranjos e combinações possíveis.
Assim,
para efeito desses indicadores, considera-se que
a diferença básica entre educação presencial e
a distância está no fato de que, nesta, o aluno
tem acesso ao conhecimento e desenvolve hábitos,
habilidades e atitudes relativos ao estudo, à
profissão e à sua própria vida, no tempo e local
que lhe são adequados, não com a ajuda em tempo
integral da aula de um professor, mas com a mediação
de professores (orientadores ou tutores), atuando
ora a distância, ora em presença e com o apoio
de materiais didáticos sistematicamente organizados,
apresentados em diferentes suportes de informação,
utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados
através dos diversos meios de comunicação (conforme
o Decreto nº 2.494, de 10 de fevereiro de 1998,
que regulamenta o artigo 80 da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional).
O
desafio de educar e educar-se a distância é grande,
por isso o Ministério da Educação estabelece indicadores
de qualidade para a autorização de cursos de graduação
a distância . Seu objetivo é orientar alunos,
professores, técnicos e gestores de instituições
de ensino superior que podem usufruir dessa forma
de educação ainda pouco explorada no Brasil e
empenhar-se por maior qualidade em seus processos
e produtos.
A
base principal das práticas de qualidade nos projetos
e processos de educação superior é garantir continuamente
melhorias na criação, aperfeiçoamento, divulgação
de conhecimentos culturais, científicos, tecnológicos
e profissionais que contribuam para superar os
problemas regionais, nacionais e internacionais
e para o desenvolvimento sustentável dos seres
humanos, sem exclusões, nas comunidades e ambientes
em que vivem.
Espera-se que essa base de qualidade apresente-se
também em Cursos de Graduação a Distância para
o que, os indicadores sugeridos a seguir - dentre
outros - podem colaborar.
Muitas
vezes o leitor achará que um indicador já está
subentendido em um item anterior. De fato, todos
eles se articulam harmonicamente, de sorte que
a falha em um pode comprometer o bom desenvolvimento
do todo. Daí ser necessário que a instituição
adote uma abordagem global na construção de seu
projeto.
Outras vezes, os indicadores se assemelham ao
que se exige para os cursos presenciais. Isto
é fato e reflete uma visão de que, com mais ou
menos presença em uma sala-de-aula, o que importa
para o cidadão e para a sociedade brasileira é
ter uma formação pautada em inquestionável padrão
de qualidade.
II.
Indicadores de Qualidade de Cursos de Graduação
a Distância
Os
indicadores aqui sugeridos não têm força de lei,
mas servirão para orientar as Instituições e as
Comissões de Especialistas que forem analisar
projetos de cursos de graduação a distância.
O princípio-mestre é o de que não se trata apenas
de tecnologia ou de informação: o fundamento da
graduação é a educação da pessoa para a vida e
o mundo do trabalho.
São
dez os itens básicos que devem merecer a atenção
das instituições que preparam seus programas de
graduação a distância:
1. integração com políticas, diretrizes e padrões
de qualidade definidos para o ensino superior
como um todo e para o curso específico;
2. desenho do projeto: a identidade da educação
a distância;
3.
equipe profissional multidisciplinar;
4.
comunicação/interatividade entre professor e aluno;
5. qualidade dos recursos educacionais;
6. infra-estrutura de apoio;
7.
avaliação de qualidade contínua e abrangente;
8.
convênios e parcerias;
9. edital e informações sobre o curso de graduação
a distância;
10.
custos de implementação e manutenção da graduação
a distância.
Além
desses aspectos, a Instituição proponente poderá
acrescentar outros mais específicos e que atendam
a particularidades de sua organização e necessidades
sócio-culturais de sua clientela, cidade, região.
1.
INTEGRAÇÃO COM POLÍTICAS, DIRETRIZES E PADRÕES
DE QUALIDADE DEFINIDOS PARA O ENSINO SUPERIOR
COMO UM TODO E PARA O CURSO ESPECIFICO
Um
dos objetivos centrais da educação superior é
"formar diplomados nas diferentes áreas do conhecimento,
aptos para a inserção em setores profissionais,
e para a participação no desenvolvimento da sociedade
brasileira, e colaborar na sua formação contínua".
(Lei 9.394/96, art. 43, II)
Assim, um curso de graduação a distância, inserido
nos propósitos da educação superior do país, com
ela entrelaça seus objetivos, conteúdos, currículos,
estudos e reflexão. Portanto, deve oferecer ao
aluno referenciais teórico-práticos que colaborem
na aquisição de competências cognitivas, habilidades
e atitudes e que promovam o seu pleno desenvolvimento
como pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação
para o trabalho. Ou seja, um diploma de ensino
superior recebido por um curso feito a distância
deve ter o mesmo valor que um realizado de forma
presencial. A graduação a distância, portanto,
não se confunde com um curso supletivo de ensino
fundamental ou médio a distância.
Embora tendo uma identidade própria, o desenho
de um programa a distância, tendo como finalidade
a oferta de educação superior de qualidade, certamente
contribuirá para a melhoria dos cursos presenciais.
Tendo
em vista as considerações anteriores, uma instituição
que deseje ofertar graduação a distância com qualidade
deverá:
conhecer a legislação sobre educação a
distância e todos os instrumentos legais que regem
o ensino superior, em especial os das áreas escolhidas;
atender às orientações do Conselho Nacional
de Educação- CNE e aos padrões de qualidade traçados
pela SESu/MEC para cada curso superior, respeitando
objetivos, diretrizes curriculares nacionais,
critérios de avaliação, perfil do profissional,
dentre outros, além de explicitar a flexibilização
da carga horária e do período previsto para integralização
do currículo;
considerar também sugestões das entidades de classe,
conforme a área do curso proposto; · somente começar
a oferta da graduação com o parecer do Conselho
Nacional de Educação - CNE, homologado pelo Ministro
da Educação (o projeto deve dar entrada na Secretaria
de Educação Superior/ MEC para ser avaliado por
uma equipe de especialistas na área e em educação
a distância; segue, então, com informe técnico-pedagógico,
para o CNE que emite parecer de credenciamento
da instituição e autorização do curso. Esse parecer
deve ser homologado pelo Ministro da Educação);
participar das avaliações nacionais dos
cursos superiores de graduação;
respeitar as exigências que a Lei 9.394/96
estabelece para ingresso no ensino superior: classificação
em processo seletivo e conclusão do ensino médio
ou equivalente (artigo 44, inciso II)
auto-avaliar-se continuamente como profissional
participante do coletivo de um projeto de graduação
a distância;
2. DESENHO DO PROJETO: A IDENTIDADE DA EDUCAÇÃO
A DISTÂNCIA
Programas, cursos, disciplinas ou mesmo conteúdos
oferecidos a distância exigem administração, desenho,
lógica, linguagem, acompanhamento, avaliação,
recursos técnicos, tecnológicos e pedagógicos,
que não são mera transposição do presencial. Ou
seja, a educação a distância tem sua identidade
própria.
Uma referência fundamental é a natureza do curso
aliada às características da clientela. De fato,
o uso das novas tecnologias da informação e das
comunicações pode tornar mais fácil e eficaz a
superação das distâncias, mais intensa e efetiva
a interação professor-aluno, mais educativo o
processo de ensino-aprendizagem, mais verdadeira
e veloz a conquista de autonomia pelo aluno. Nem
sempre, porém, será possível sua utilização, dadas
as possibilidades de acesso da clientela (alunos
sem linhas telefônicas, computadores etc...) .
Programas a distância podem, portanto, apresentar
diferentes desenhos e múltiplas combinações de
linguagens e recursos educacionais e tecnológicos,
respeitando sempre o fato de que não podem abrir
mão da qualidade em todo o processo.
Cabe, pois, à instituição:
estabelecer as bases filosóficas e pedagógicas
de seu programa a distância;
iniciar a oferta somente quando tiver testado
sua capacidade de atender tanto às atividades
comuns quanto resolver questões contingenciais,
de forma a garantir continuidade e o padrão de
qualidade estabelecido para o curso;
distribuir responsabilidades de administração,
gerência e operacionalização do sistema a distância;
· identificar características e situação dos alunos
potenciais;
preparar seus recursos humanos para o desenho
de um projeto que encontre o aluno onde ele estiver,
oferecendo-lhe todas as possibilidades de acompanhamento,
tutoria e avaliação, permitindo-lhe elaborar conhecimentos/saberes,
adquirir hábitos, habilidades e atitudes, de acordo
com suas possibilidades;
analisar o potencial de cada meio de comunicação
e informação (impressos, televisão, Internet,
teleconferência, computador, rádio, fitas de audiocassete,
videocassete, momentos presenciais, dentre outros),
compatibilizando-os com a natureza do curso de
graduação a distância que deseja oferecer e as
características de seus alunos;
pré-testar materiais didáticos e recursos
tecnológicos a serem usados no programa, oferecendo
manuais de orientação aos alunos;
providenciar suporte pedagógico, técnico
e tecnológico aos alunos e aos professores/tutores
e técnicos envolvidos no projeto, durante todo
o desenrolar do curso, de forma a assegurar a
qualidade no processo;
apresentar aos alunos o cronograma completo
do curso, cumprindo-o para garantir a tranqüilidade
durante o processo;
prever os espaços para estágios supervisionados
determinados pela legislação, oferecer a estrutura
adequada aos professores responsáveis por esse
exercício, inclusive considerando alunos fora
da sede, garantindo momentos privilegiados de
articulação teoria-prática;
preparar plano de contingência para que
não falte ao aluno o suporte necessário;
comprometer-se formalmente ante os alunos
a, em caso de descontinuidade do programa, motivada
pela própria instituição, assegurar-lhes as condições/certificações
necessárias para que possam pedir aproveitamento
de estudos em outro estabelecimento ou programa.
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