Canções Históricas |
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Arrastados pela
corrente do dilúvio, onde tudo era água e céu,
Peri e Ceci se salvam na cúpula de uma palmeira. O
episódio do dilúvio aparece unicamente no epílogo
da obra de José de Alencar. No libreto da ópera
homônima de Carlos Gomes a cena foi omitida, dada a
impossibilidade de representá-la no palco. Na ópera,
Dom Antônio ateia fogo aos barris de pólvora.
Segue-se tremenda explosão. Desmorona o castelo, cujos
escombros esmagam os ocupantes. Ao fundo no topo de uma colina,
pode-se vislumbrar Peri e Cecília, unidos para uma
eternidade nos laços do amor. É o momento em
que tanto Alencar quanto Carlos Gomes nos transportam, em
nível de Brasil, para o Primeiro Dia da Criação:
Ceci e Peri - Adão e Eva, índio e branca - assumem
o papel de nossos antepassados míticos.
Simbolicamente imprimiram em nossas faces, seus "170"
milhões de descendentes, seu traço ancestral
comum. Obs: Segundo IBGE em outubro de
2007 atingiremos 190 milhões de habitantes.
Embora
nenhum êxito de Carlos Gomes superasse o de "O
GUARANI", ele levanta problemas e perguntas que ultrapassam
os limites de uma obra de arte como, por exemplo, a destruição
de nosso passado indígena pelo poder do colonizador
europeu, além de muitas outras questões.
A estreia de "O GUARANI " ocorreu de 19 de março de 1870, no teatro Scala de Milão (figura ao lado) e foi um enorme triunfo. Na oportunidade, o compositor recebeu a ORDEM DA COROA do Rei Victor Emmanuel. A estréia nacional aconteceu no Teatro Lírico Provisório do Rio de Janeiro, a 2 de dezembro de 1870, no dia do 45° aniversário do Imperador Dom Pedro II, que prestigiou o acontecimento com sua presença e concedeu a Carlos Gomes a ORDEM DA ROSA. A apresentação se encerra com os gritos do público: Viva o Imperador! Viva Carlos Gomes! Viva José de Alencar!
Nas duas estréias , a ópera ainda não tinha a famosa Protofonia, só escrita em 1871 e que, até aquela data, era substituída por um simples prelúdio. " O GUARANI" é a única ópera latino-americana que, até hoje, se mantém em cartaz nos teatros do Primeiro Mundo. Constitui, além disso, uma espécie de Segundo Hino Nacional, especialmente sua triunfal Protofonia.
A carreira do compositor foi feita, daí para frente, quase que unicamente na Itália, onde, com algumas exceções, todas as suas óperas foram encenadas.
Sempre a serviço da música, continuou com o seu trabalho, compondo: em 1873, "FOSCA"; em 1874, "SALVATORE ROSA", dedicada a André Rebouças; em 1879, "MARIA TUDOR". dedicada ao Visconde de Taunay; em 1888, " LO SCHIAVO". dedicada à Princesa Isabel, sobre argumento de conteúdo abolicionista; em 1891, "CÔNDOR" (título mais tarde mudado para Odaléa), dedicada a Teodoro Teixeira Gomes; em 1892, "COLOMBO", alusivo ao 4° Centenário da descoberta da América. Dessas obras, unicamente "O ESCRAVO" foi apresentado no Rio de Janeiro em homenagem à Princesa Isabel. Segundo os críticos, a melhor música de Carlos Gomes é a do Escravo, mas a melhor Ópera é a Fosca.
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