Nossa História
Era uma vez ...
Meu nome é Arlete Embacher, sou filha de Adolfo Embacher e Clementina Carvalho Embacher. Tenho dois irmãos, Adolfo Embacher Filho e Airton Francisco Embacher, (foto abaixo). Atualmente sou tia avó da Bruna, Luana, Felipe, Gabriel e o Pedro, mas sei que outros virão, de outros sobrinhos que ainda não casaram. É para vocês, meus sobrinhos netos que conto essa história.
Todos os antepassados que tornaram possível o meu nascimento e o dos meus irmãos moravam na Europa: Do lado paterno falo dos Embacher, Schlapol, os Wachlinger e os Bittner que viviam no Império Austro-Húngaro no final do século XVIII e início do século XX. Nos dias de hoje estamos falando da Hungria e Romenia. Do lado materno falo dos Carvalho, dos Diaz de Oliveira, dos Maia e dos Roza que viviam na freguêsia de Paranhos, Conselho do Porto; na freguêsia de Souza, Conselho de Felgueiras, Conselho do Porto, em Portugal e em Gaia, também Distrito do Porto. Região Entre Douro e Minho. Para vocês entenderem o motivo da emigração para o Brasil desses nossos antepassados eu recorri a História e a Geografia. Para saber mais sobre o Império Austro-Húngaro, Romenia, Hungria e Portugal é só clicar no menu a direita no nome de cada país.
Irei me posicionar no relato da história de nossa família como a neta de Franz e Ernestina Embacher, "otata e omama", era assim que o chamávamos quando crianças, e a neta de Francisco de Carvalho e Palmyra Roza Maia de Carvalho. Eles eram seus tataravós. Nas páginas que aparecerem as famílias, vocês podem clicar nas fotos de cada um para ampliar a imagem.
Iniciaremos falando sobre a Família Embacher, que deram origem ao sobrenome que herdamos de nosso pai Adolfo Embacher (bisavô de vocês). A lingua falada pela família era o alemão.
Família Embacher - Império Austro-Húngaro e România
Origem do Nome: da Áustria / Estado de Salzburgo / Embach
A partir dos documentos que temos e a história contada por meu pai e tios, sabemos que os pais de Franz Embacher (otata) e de Ernestina Antonia Waclinger (omama) nasceram no Império Austro-Húngaro.
Origens:
Embach
Embach, é uma aldeia de montanha austríaca situada em um platô no alto do Vale do Salzach a uma altitude de 1,013 m. com uma população total de 1.500 pessoas aproximadamente (incluindo a vila de Lend). Aldeias chamadas Embach também podem ser encontradas na Alemanha. É também um sobrenome de pessoas descendentes dessas regiões, e muitos deles se instalaram nos Estados Unidos. A família migrou provavelmente da região Embach, Noroeste da Áustria, próxima a Salsburgo.
Migração dos Embacher e Schalapol para Dognecea
Os antepassados de meu avô (otata) Franz Embacher eram os Schalapol do lado materno, e Embacher (lado paterno). Os primeiros Embacher, acreditamos que chegaram a cidade de Dognecea, região de Banat pertencente a Hungria, situada a 30 km. a oeste de Resita, no final do século XVIII. Sabemos que migraram devido ao incentivo dado pelo Imperador Francisco José para o trabalho nas minas de ferro e de minérios. Os fundadores de Dognecea, que na época era um território húngaro e pertencente ao Império Austro-Húngaro, eram imigrantes de Oltenia, imigrantes alemães e ciganos, que vieram para trabalhar nas minas de ferro e cobre que foram amplamente exploradas e hoje estão abandonadas. Francisco Embacher (filho caçula) de Franz Embacher e Anna Schalapol, quando casou foi morar em Recita, e nessa cidade nasceram todos os seus filhos. (Saiba mais sobre Dognecea).
Migração dos Bittner, Waglinger, Embacher para Recita
Os Wachlinger, Bittner vieram para a cidade de Recita, região de Banat pertencente a Hungria, que hoje é Romênia, pelo mesmo motivo da família Embacher, o atrativo do trabalho nas minas divulgadas pelo Imperador Francisco José I, do Império Austro-Húngaro. Ernestina e Francisco viveram sua infância, juventude e início do casamento nessa região. (Saiba mais sobre Recita).
Franz e Ernestina casaram em 09 de julho de 1905 (veja foto do casamento) e tiveram 7 filhos todos nascidos no império Austro-Húngaro. Os 3 primeiros faleceram:
1-
Franz Embacher Filho - faleceu em 11/03/1908, com 3 anos de crupe.
2- Joan Embacher - faleceu em 09/01/1913, com 4 anos, de tifo (erro
médico)
3- Karl Embacher - faleceu em 22/06/1919, com 3 anos queimado. (queimou
a ponta da camisola de dormir na lareira )
Veja foto, clique aqui, onde aparecem 2 das crianças que morreram. O mais velho é o tio Leopoldo, sentado na banqueta é Franz, e o sentado no colo da omama é Joan.
Os outros 4 filhos, Leopoldo , Hugo, Adolfo e Francisca imigraram junto com os pais para o Brasil em 1925. (A esses 4 filhos consideraremos como 2ª geração Embacher, a infância e parte da juventude vivida na Europa e o restante no Brasil). A foto abaixo foi uma das ultimas fotos da família tirada em Recita antes da partida para o Brasil.
Click aqui para ampliar a foto
A decisão da partida foi devido ao regime militar na época, a pressão exercida aos civis pelo governo comunista e a eminência de um dos filhos de Franz Embacher e Ernestina Wachlinger Embacher (Leopoldo, então com 19 anos) servir o exército, eles não hesitaram em partir, para não perder mais um filho.
Todos os Wachlinger resolveram partir. Houve muita comoção e tristeza pois queriam que o casal Embacher e os filhos também fossem para Illinois (E.U.A.). Mas, Ernestina resolveu vir ao Brasil pois acreditava que se tinha que começar vida nova em outro país, iria recomeçar em um país onde nas profecias de Nostradamus, era o país do futuro (especificamente a cidade de São Paulo). Fanny e Agnes Embacher (irmãs do otata) não imigraram e seus descendentes (Werner principalmente, Hugo Werner marido de Fanny) continuaram em Recita.
A PARTIDA
A família saiu de Recita indo para o porto de Marselha de trem. Chegando em Paris , o jovem Adolfo com 11 anos, ao descer do vagão rasgou a parte da perna num ferro, levando os pais ao desespero devido ao grande ferimento. Neste corre-corre para socorrê-lo diante da forte dor, a caçula Fanny então com quatro anos, se perdeu aumentando o desespero dos pais. Ao procurarem, encontraram-na sendo trazida por um senhor que a viu chorando e socorreu levando-a junto a sua família. Superados os sustos iniciais a família embarcou no navio " Plata" com destino ao porto de Santos. Conforme visto passaporte a saída da França foi em 05/09/1925 e o desembarque em Santos foi em 28/09/1925.
A VIAGEM
Durante toda a viagem o jovem Adolfo ficou confinado na enfermaria do navio devido ao grave ferimento na perna para observação e cuidados médicos . Conforme visto passaporte de Franz Embacher a saída da França foi em 05/09/1925 e o desembarque em Santos foi em 28/09/1925 . (veja o documento de desembarque)
OS PRIMEIROS ANOS NO BRASIL
A primeira moradia em terras paulistas foi no Tatuapé na Rua Tijuco Preto, São Paulo, SP, com dois quartos, cozinha e banheiro. As maiores lembranças do início da família no Brasil, foi a dificuldade da língua; onde certo dia Adolfo foi comprar manteiga e quase apanhou na venda, pois disse a palavra ‘putter’ . A família tinha o costume em Recita, de reunir-se na véspera do Natal em torno da árvore - feita com o pinheiro e montada dentro de casa. Aqui no Brasil não encontrava árvore para o evento, só depois de muita procura conseguiram um pinheiro pequeno. Como não tinham enfeites natalinos Ernestina improvisou balas açucaradas coloridas, vendidas sem embalagem, foram envoltas em papel de seda e colocadas na árvore com pedaços de algodão dando a idéia de neve; desta feita improvisou-se a primeira árvore de natal da família Embacher no Brasil. O que todos não poderiam imaginar era a voracidade das formigas brasileiras que para surpresa de todos no dia seguinte tinham fixado residência na árvore de natal, junto às balas coloridas. E um fato curioso é que no Brasil ninguém conhecia a árvore de natal, pois o brasileiro estava acostumado com o presépio.
Adolfo Embacher
Adolfo no Brasil e o namoro
Adolfo Embacher - chegou ao Brasil com 11 anos, havia feito seus estudos ( escola básica ) em Recita . Garoto esperto, aos 14 anos era mestre de tecelagem, onde todos o admiravam pela pouca idade e pela responsabilidade do cargo . Mais tarde exerceu o cargo de serralheiro, e tinha o sonho de montar uma firma própria; o que conseguiu pouco antes de seu casamento em 1946. Era um jovem alegre, extremamente extrovertido, simpático, tinha muitos amigos, boêmio ( quando solteiro ), adorava dançar, gostava de ler, de ampliar o conhecimento, discutir os mais variados assuntos, inteligente e bonito.
Gostava muito de cinema também. E foi num cinema, numa matinê de domingo, no cine Roxy que avistou pela primeira vez, a jovem Clementina Carvalho - onde ambos se apaixonaram de imediato "amor a primeira vista ". Teve início o namoro e posteriormente o noivado. Namoraram por 7 anos, porque Adolfo queria ter estabilidade financeira para começar uma nova vida. Só casou quando organizou e abriu sua própria Serralheria na Rua: Firmiano Pinto no Bráz. Foi o primeiro empreendedor da família Embacher no Brasil. Veja a foto do seu caminhão em frente a Serralheria na década de 1940.