Ruy
Barbosa
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Em 1876, surge-lhe o amor definitivo de toda a vida - Maria Augusta. Uma revolução em sua vida. E um semestre adiante já estavam casados. Pouco antes teve que fazer uma experiência no foro da Corte, em busca de melhores rendimentos profissionais. E aí começa uma unilateral correspondência amorosa de sessenta e quatro cartas, entre os dias 25 de maio e 8 de novembro de 1876.
A primeira, escrita ainda a bordo do navio alemão Habsburg, às sete e meia da manhã de 25 de maio, assim começa: "Maria Augusta, minha muito querida noiva: Passou a primeira noite desta amarga ausência; e o primeiro pensamento meu, ao amanhecer, não pode ser outro senão buscar, conversando contigo daqui, uma consolação a tão dolorosas saudades. Há pouco perdi a terra de vista; mas minha alma não perdeu a vista de ti. Tua imagem, tua alma estão em mim como na presença". E de bordo ainda lhe escreveu mais três delicadas mensagens de amor.
Da Corte mandava-lhe novidades musicais para canto e piano (Maria Augusta tocava e cantava). Quando da remessa do Plaisir des Champs, uma composição de Lambert, acrescentou este lembrete:"... É um trecho lindo; e, não sei por que, lembrou-me vivamente aquele domingo, na Barra, em que passamos horas à sombra das árvores... éramos tão felizes!"
Com todas essas saudades, pôde discursar, por duas horas, sem ler, no auditório do Grande Oriente Unido do Brasil, sobre a Situação da Questão Religiosa no Brasil, e de tal modo o ovacionaram, foi tão inesperada a repercussão de suas idéias, que imediatamente escreveu a Maria Augusta contando tudo, na plenitude da felicidade que sentia.
A união matrimonial realizou-se a 23 de novembro de 1876, tal como programada, na residência dos pais de Maria Augusta. A esta, daí por diante, sempre homenagearia de público. O grande livro de suas lutas contra a ditadura do marechal Floriano Peixoto a ela foi assim dedicado: "A minha mulher, cuja simpatia corajosa e eficaz por todas as causas do coração, da liberdade e da honra tem-me sido sempre inspiração e alento nas boas ações de minha vida". ( O casal na foto ao lado)
Ao empreender a sua derradeira campanha política na Bahia, em 1919, maratona de discursos lidos, entrevistas, viagens desconfortáveis sob intenso calor, homenagens, almoços, jantares, e até um baile, tudo em pouco mais de vinte dias - tarefa extenuante mesmo para pessoa jovem e de muita saúde, Maria Augusta não o acompanhou, permanecendo na capital do estado. A 24 de dezembro de 1919, senhoras de Feira de Santana a ela prestaram uma homenagem especial, a que o marido agradeceu com estas palavras escritas: "Meu pai me deu o caráter; minha mãe me deu o coração, e minha mulher a âncora do meu coração e do meu caráter. O que a ela devo é tanto que toda a minha vida a ela imolada seria apenas uma exígua parte da minha dívida. Hoje, volvendo os olhos ao caminho que tenho percorrido, e aos 43 anos de comunhão com a companheira de minha existência, vejo que ela constitui a parte melhor do meu coração e me tem dado a melhor parte de sua vida".
A 1º de março de 1923, abalado por desgosto político, sofreu a crise fatal, quando veraneava em Petrópolis. Amigos fiéis imediatamente acorreram à cidade das hortênsias. Maria Augusta estava ao pé do leito do amado e, segundo narra João Mangabeira, testemunha presencial da cena, "indaga-lhe se a reconhecia, e ele, com voz débil: por que não? e tomou-lhe entre as suas mãos as mãos daquela de quem com toda a propriedade e justiça dissera ter sido a flor sempre aberta da bondade divina no seu lar".
E assim, de mãos entrelaçadas, os dois se separaram até a outra vida.
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Fonte
Textos: SESC
SP | Casa
de Rui Barbosa
Fonte Vídeo: YouTube
Fonte imagens: MiniWeb Educação (coletadas da Internet)
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