Árabes
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A emigração de libaneses para o Brasil, como se observa, é antiga e se intensificou na segunda metade do século 19. Durante o domínio otomano, especialmente após o massacre de 1860, ocorreu uma emigração em massa para a América do Sul. Os libaneses portavam um passaporte fornecido pelas autoridades turcas, que concediam a permissão oficial para a viagem; por isso, os libaneses eram (e ainda são, em algumas regiões) chamados de "turcos". De fato, qualquer cidadão oriundo daquela região, fosse ele palestino, sírio ou persa, era conhecido no Brasil como "turco".
Cada emigrante libanês tem uma história própria.
Alguns desejavam retornar à terra natal (vinham ao país
por questões econômicas e sonhavam com um retorno mais
próspero; com o fim da Primeira Guerra e a derrota do Império
Otomano, parte dos imigrantes retornou à região);
outros decidiram permanecer e educar os filhos no Brasil. Depois,
trouxeram mais familiares para o país.
Espalhados em diversos Estados brasileiros, do Amazonas ao Rio Grande
do Sul, na capital ou em aldeias remotas, os libaneses se dedicaram
a várias profissões: alguns se embrenharam pelo interior
do Brasil e, de porta em porta, mascatearam seus artigos e venderam
à vista ou a crédito. Outros tornaram-se agricultores,
médicos, empresários, donos de fábricas têxteis,
de vidro, artefatos de couro, ourivesaria etc.
Devido à dificuldade de pronúncia dos nomes árabes
e do estranhamento (e, eventualmente, perseguição)
que provocavam, alguns emigrantes alteraram o nome de origem, adaptando-o
ou traduzindo-o para a língua nativa da nova terra. No Brasil,
Tanus al Bustani passou a se chamar Antonio Jardim ou Jardineiro,
tradução aproximada do original árabe. Durante
muito tempo, esse costume perdurou, mas nos últimos anos
a prática caiu em desuso e os erros de grafia na transliteração
se tornaram bem menos freqüentes.
A culinária libanesa tornou-se bastante conhecida dos brasileiros.
Pratos como quibe e esfiha são vendidos em muitos restaurantes
e lanchonetes brasileiros ao lado de empadas e outros salgados.
A integração caracterizou essa emigração.
Atualmente, há cerca de 7 milhões de libaneses e descendentes
no Brasil. O maior núcleo vive em São Paulo, mas há
comunidades importantes em muitas outras regiões do país.
D. Pedro II e o Líbano
Grande admirador da cultura árabe, D. Pedro II (1825-1891)
esteve duas vezes no Oriente Médio: em 1871, visitou o Egito;
em 1876, o Líbano, a Palestina e a Síria.
O imperador permaneceu no Líbano de 11 a 15 de novembro de
1876, acompanhado de sua esposa, Dona Tereza Christina Maria, e
de uma comitiva de cerca de 200 pessoas. De Beirute, onde se hospedou
(no hotel Belle Vue), escreveu ao diplomata francês Joseph
Gobineau, que estava em Atenas: "A partir de hoje, começa
um mundo novo. O Líbano ergue-se diante de mim com seus cimos
nevados, seu aspecto severo, como convém a essa sentinela
da Terra Santa".
Nesse período, D. Pedro II visitou o Colégio Protestante
Sírio (fundado em 1866, tornou-se mais tarde a Universidade
Americana de Beirute), o Colégio Francês dos Jesuítas
(fundado em 1875, posteriormente tornou-se a Universidade Americana
de Beirute) e outras instituições. Encontrou-se com
diversos intelectuais vinculados às ciências e às
artes, entre os quais o gramático Ibrahim al Yazigi, que
lhe ofereceu vários livros em árabe (as obras integram
o acervo do Museu Imperial de Petrópolis - RJ), e o professor
Cornelius Van Dyck, da Universidade Americana de Beirute. O imperador
assistiu a uma das aulas de Van Dyck próximo a Nemi Jafet,
um dos pioneiros da emigração libanesa.
Depois de visitar o patriarca da Igreja Maronita, Bulos Mass'ad,
em Bkerke, dirigiu-se à cidade de Chtaura numa carruagem
da "Sociedade Otomana da Estrada de Beirute a Damasco"
(fundada em 1861). Ao chegar à cordilheira do Monte Líbano,
escreveu em seu diário: "Felizmente a chuva tinha cessado,
clareando o tempo de modo a gozar da vista magnífica da planície
de Bekaa".
Após atravessar o vale de Chtaura e passar por Zahle e outras
cidades, chegou a Baalbeck em 14 de novembro e redigiu em seu diário:
"A entrada nas ruínas de Baalbeck, à luz de fogaréus
e lanternas, atravessando por longa abóbada de grandes pedras,
foi triunfal e as colunas tomavam dimensões colossais".
No dia seguinte, visitou os templos de Baco, Júpiter e Vênus.
Anotou: "Saindo de Baalbeck, onde deixei meu nome com a data
na parede do fundo do pequeno templo [o templo de Baco], está
cheio de semelhantes inscrições, lendo-se logo depois
da entrada estas palavras - "Comme le monde est bête!!!
(...) A noite passada encheram-se os cabeços dos montes de
neve e que belo efeito produziram, vistos do fundo do grande templo
[o templo de Júpiter] ou por entre as seis colunas".
Durante a viagem, falou aos camponeses sobre o Brasil, onde já
vivia um pequeno número de libaneses. A visita incentivou
o fluxo migratório.
A
independência do Líbano veio em 1943, mas desde
1927 o país já contava com um hino próprio.
O canto foi escrito pelo poeta libanês Rachid Nakhlé,
acompanhado da música de Wadih Sabra, então
diretor do conservatório de música do país.
A composição foi eleita como hino do país
após vencer um concurso realizado pelo parlamento do
Líbano.
BANDEIRA DO LÍBANO: O
cedro do Líbano é mais que uma árvore,
ele é o símbolo do Líbano. O cedro
foi escolhido como emblema da bandeira libanesa por simbolizar
força e imortalidade. Embora existam muitos tipos
de cedros, o Cedro do Líbano ou Cedrus libani é
a espécie mais velha e mais forte, podendo viver
ao longo de centenas anos. |
HINO NACIONAL LIBANÊS (tradução) Somos todos para a Pátria Somos todos para a Pátria Seu mar, sua terra são a pérola
dos dois Orientes Somos todos para a Pátria |
Relações Brasil / Líbano
É sabido que as relações dos povos brasileiro e libanês antecedem a própria independência do Líbano, em 22 de novembro de 1943.
Em 1876 o Imperador Dom Pedro II, realizou uma visita de cortesia ao Líbano, ainda sob o domínio do Império Otomano. Impressionado pelo trabalho espetacular dos primeiros libaneses que vieram ao Brasil, tanto pelo caráter, como pelo seu amor à nova pátria, ainda em Beirute, convidou aos que quisessem emigrar, sendo que os receberia de braços abertos nesta terra hospitaleira.
Os libaneses na ocasião o presentearam com uma biblioteca e um trono feito com a madeira de seus cedros, que simboliza a eternidade. Este trono pode ser visto hoje no Museu Imperial de Petrópolis, no Rio de Janeiro. Em retribuição, D. Pedro II ofereceu aos libaneses uma caixa de ouro e diamantes, que representa a riqueza das terras brasileiras. A imigração contemporânea iniciou-se em 1880 com a chegada simbólica de Youssef Mussa ao Rio de Janeiro.
Hoje vivem aqui, aproximadamente , 6 milhões de libaneses e descendentes, o maior número de imigrantes libaneses do mundo, que pela força do seu trabalho, perseverança e inteligência alcançaram notáveis posições em todas as áreas de atividades, contribuindo decisivamente para a formação da nacionalidade brasileira. A História é pródiga em exemplos que marcam o elo afetivo entre os dois países.
Em 1808 , quando a família real portuguesa chegou ao Brasil
e ao saber que não havia encontrado à sua chegada
um solar digno dela, um libanês ofereceu a sua casa para D.
João VI afim de servir como residência da Família
Real. Essa história consta dos arquivos da Biblioteca Nacional
de Portugal. No documento, o nome do homem que praticou o nobre
gesto: Antun Elias Lubbos, também conhecido pelo nome Antônio
Lopes. E a casa que ele ofertou a D. João VI se tornou o
Museu Nacional da Quinta da Boa Vista.
No museu Histórico e Geográfico e Nacional podem ser
vistos a fotografia e documentos relacionados a essa sessão
Bibliografia: Liban by Lody | IBGE | PasseiWeb | Senado Federal | YouTube | Hinos de Todos os Países do Mundo - Tiago José Berg |
http://www.libano.org.br/olibano_geografia.htm
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