Gregos
   

Há notícias de gregos no Brasil desde 1841. Participaram da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, em Rondônia, por volta de 1905/1907; e contribuíram para o desenvolvimento de diversas cidades como São Paulo, Ribeirão Preto, São José dos Campos, Lins, Curitiba, Florianópolis, Rio de Janeiro, Vitória, Porto Alegre, Goiânia, Brasília, Apucarana, Cuiabá, entre outros municípios. Atualmente, estão organizados em 11 estados brasileiros nas chamadas Coletividades - Associações onde cultivam usos e costumes de origem.

Através da memória oral não só damos voz àqueles que vivenciaram uma época em determinado lugar, mas recuperamos fatos e imagens, evitando a espoliação das lembranças (*) . Reconstituímos a história e possibilitamos às novas gerações, a partir do acervo herdado, projetar seu futuro.

(*) Memória e Sociedade - Lembranças de Velhos, Ecléa Bosi

 

A imigração grega no Brasil pode ser dividida em três fases:

- A primeira ocorre durante o Império com a vinda de algumas famílias no âmbito do projeto de desenvolvimento do Brasil de D. Pedro II. Trata-se principalmente da família Calógeras que veio em 1841 de Corfu, sendo o chefe desta família, João Batista Calógeras, diretor da Secretaria de Estado dos Negócios do Império e 1º Oficial do Gabinete no Ministério dos Negócios Estrangeiros. O neto de João Batista Calógeras foi o membro mais importante, João Pandiá-Calógeras (1870-1934) que ocupou o cargo de Ministro da Agricultura, Comércio e Indústria, como também Ministro da Fazenda no Governo Venceslau Brás (1914-18) e foi o único civil a ser Ministro da Guerra, no Governo de Epitácio Pessoa (1919-22).

Em 1880 chega ao Amazonas, oriundo de Atenas e via Damasco, o imigrante David Tadros que, funda sua empresa em 1888 na região, ocupando-se do comércio da borracha, navegação, importação e exportação. A firma, renovada e expandida, continua até os dias de hoje nas mãos da família Tadros.

Outra família que chegou no século XIX foi a família Leonardos, família de industriais, membros da qual serviram por longos anos como Cônsules Gerais Honorários da Grécia.

Em 1883 chega também ao sul do Brasil, proveniente da ilha de Castelorizo, o Capitão Savas Nicolau Savas, fundador da Colônia Grega de Santa Catarina, seguido por outras famílias da mesma ilha que se instalam na Capital do Estado.

- A segunda fase da imigração grega ocorre entre 1914 e 1940: algumas famílias chegam ao Brasil, como a família Diakópoulos, oriunda de Esmirna, e que se instala em Mato Grosso, dedicando-se ao comércio de madeira (dormentes) e depois em São Paulo, no comércio de importação/exportação. Outra família é a de Zarvos que veio da ilha de Rodes e instalou-se em Lins (SP) constituindo grande fortuna trabalhando com o algodão. Sua fortuna naquela época chegava a 400 milhões de dólares americanos.

- A terceira fase acontece depois da II Guerra Mundial, no período de 1951 a 1960, quando se registrou o maior fluxo de gregos em direção ao Brasil. Num total de 10.086, eles chegam em navios, sob os auspícios do Comitê Internacional das Migrações Européias. De acordo com dados oficiais, de 1893 a 1979, desembarcaram oficialmente no Brasil 17.018 Gregos. Neste período destacou-se na política Jorge Lacerda, que ocupou o cargo de Deputado Federal (1950-55) e também de Governador de Santa Catarina (1955-58).

Hoje o número de Gregos no Brasil é muito reduzido. No sul do país, nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, vivem cerca de 1.700 Gregos e seus descendentes. Calcula-se que a maior parte dos Gregos e descendentes vivem em São Paulo, dedicando-se ao comércio e às profissões liberais. Nas últimas eleições de 2002, foi eleita Deputada Federal pelo Estado do Espírito Santo Iriny Korres Lopes, de origem grega.

Os Gregos do Brasil têm mantido, na medida do possível, os seus ritos e costumes, no contexto em geral, das Comunidades Helênicas que existem em várias cidades, como São Paulo, Brasília, Curitiba, Rio de Janeiro, Florianópolis, Porto Alegre, Vitória, etc. Essas Comunidades mantêm uma Igreja Grega Ortodoxa, onde os membros se reúnem e celebram as datas cívicas e religiosas mais importantes. Dos membros da Comunidade Helênica de Brasília muitos são aqueles que chegaram junto com os primeiros pioneiros da nova Capital.


O hino nacional da Grécia e de Chipre foi extraído de um longo poema de 158 estrofes, todavia somente as duas primeiras são parte oficial da composição musical. O texto foi escrito por Dyonísios Solomós e musicado por Nikolaos Mantzaros, tendo sido oficialmente adotado em 1864. Trata-se duma ode à liberdade alcançada em 1821, após séculos de domínio otomano.

BANDEIRA DA GRÉCIA:

A bandeira da Grécia baseia-se em nove listras horizontais iguais de azul que alternam com branco. Existe um quadrado azul no canto superior da tralha, designado por cantão, que contém uma cruz branca. A cruz simboliza a ortodoxia grega, a religião tradicional do país, e cada uma das nove listras corresponde a uma sílaba da frase "Liberdade ou Morte" Elutheria i Tanatos. O azul claro remete à pureza do céu na região mediterrânea e o branco significa a libertação da tirania turca. As proporções oficiais da bandeira são de 2:3.

O esquema de cores de azul e branco foi pela primeira vez usado na década de 1820, mas a forma atual só foi adotada como bandeira nacional em 1978. Anteriormente, num azul mais escuro, a bandeira era apenas usada no mar e pela marinha mercante, e a bandeira nacional era uma simples cruz branca em fundo azul.



HINO NACIONAL da Grécia

Se gnoriso apo tin kopsi.
Tou spathiou tin tromeri,
Se gnoriso apo tin opsi
Pou me via metra tin yi.
Ap' ta kokala vialmeni
Ton Ellinon ta iera,
Ke san prota andriomeni,
Haire, o haire, Eleftheria!

Tradução

Hino à Liberdade
Reconheço-te pelo gume
Do teu temível gládio;
Reconheço-te por esse rápido olhar
Com que fitas o horizonte.
Saída das ossadas
Sagradas dos Helenos,
E pujante da tua antiga bravura,
Saúdo-te, saúdo-te, Oh Liberdade.

A comunidade em São Paulo

A comunidade em São Paulo não é grande, cerca de 20 mil pessoas, segundo o consulado grego. Os primeiros chegaram ao Brasil entre 1900 e 1910, em Florianópolis. Eram apenas 60. A imigração aconteceu mais fortemente depois da Segunda Guerra e principalmente no início da década de 1950, quando a Grécia se encontrava desestruturada após uma guerra civil entre comunistas e monarquistas.

Os imigrantes deixaram para trás a pátria, mas não as tradições, mantidas pela maioria. Na mesa dos imigrantes, uma bandeja de koularakia e outra de kourabie, biscoitinhos típicos que a reportagem iria encontrar em todas as casas gregas visitadas. “Na Grécia, a tradição é receber as pessoas com um doce de fruta cristalizada em calda, laranja ou figo, por exemplo, e um copo de água gelada. A água nunca pode faltar.


Bibliografia: Gregos no Brasil | Mosaico Grego Etni Cidade | IBGE | Embaixada da Grécia | YouTube |

Sugestão de Leitura: Historiografia do processo imigratório brasileiro

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