“Temos o sistema de
pontuação RFM, que serve para prever quem tem maior probabilidade de
comprar.Assim vamos nos distanciando dos e-mails em massa ”
Que outras habilidades, além de conhecimentos
de finanças e tecnologia da informação, o pessoal de marketing deve
ter para vencer hoje? “Os profissionais da área também devem conhecer database
marketing e na equipe deve haver um especialista em estatística, para
aproveitar todos os dados obtidos. Podem-se descobrir ao menos duas
coisas nessa massa de dados: segmentos e tendências. Entretanto, se
você for fazer marketing de banco de dados, comprar hardware e software
e coletar toda essa informação, isso exigirá um investimento considerável.
Se temos 2 milhões de clientes que compram de nós algo de baixo valor,
a rotatividade excessiva pode tornar essa operação pouco rentável, porque,
se perdemos 40% dos clientes a cada ano, estaremos desperdiçando 40%
de todas as informações pelas quais pagamos. Então, preciso ter marketing
de banco de dados? E, em caso afirmativo, que devo saber sobre um cliente?
Primeiro, a forma de contatá-lo: um número de telefone e um endereço
de trabalho, o número de seu celular, seu e-mail e a home-page de sua
empresa. Contudo, para preencher uma matriz, precisamos de mais dados.
O mais importante que devemos conhecer é a série de compras ou transações
que já realizou conosco, que revela as coisas que poderia vir a comprar
de agora em diante. Com um histórico de compra, podemos fazer melhores
vendas cruzadas e ascendentes.Há o sistema de pontuação chamado RFM,
que serve para prever, por meio das transações, quem entre os clientes
tem maior probabilidade de comprar de nós. O ‘R’, de recente, está relacionado
com a data da compra e significa que, se alguém acaba de comprar um
com-putador, não lhe enviaremos pro-paganda de outro, porque lhe atribuiremos
zero, ao passo que, se o comprou há um ano, receberá dez pontos, e se
o fez há três anos, 20 pontos, pois é mais provável que queira trocá-lo.
O ‘F’ se refere à frequência com que esse cliente compra de nós. E o
‘M’, de valor monetário, atribui pontuação em função do dinheiro que
o cliente tem gasto em nossa empresa. Talvez compre com menos frequência,
porém gasta muito mais. Assim vamos nos distanciando dos e-mails em
massa, que nos dão retorno de 1%. Prefiro economizar todo esse custo
e enviar a proposta somente para os 10% de meu banco de dados que possuem
as maiores pontuações em R, F e M.”
O que é marketing direto integrado?
“Quando a AT&T estava interessada em vender um dispendioso
sistema telefônico para empresas, utilizou dois conceitos de campanha.
Classificou as empresas em dois grupos equivalentes: para um destinou
70% de propaganda e um pouco de mala direta, e notou que o custo por
venda era elevado; com o outro, não fez muita propaganda e se concentrou
na mala direta e telemarketing, e isso deu muito mais resultado. O marketing
direto integrado é o uso de distintas ferramentas, uma em seguida da
outra. Para vender financiamento de bens, o Citibank empregou diferentes
tipos de campanha. A um grupo enviou uma carta por correio e obteve
uma resposta de 1%. A outro, acrescentou um número 0800 para se comunicar
com a empresa, e a resposta subiu para 7%. Com um terceiro grupo, somou
ao anterior uma chamada de telemarketing, e a resposta subiu para 14%.
O problema foram os custos, cada vez mais altos e sem benefícios proporcionais.
Se o índice de resposta aumenta mais que os custos, vale a pena; caso
contrário, não.”
Como deve agir o marketing para aproveitar
uma vantagem competitiva? |
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“A empresa pode ter uma vantagem competitiva, como um
produto ou serviço melhor que o dos concorrentes, porém deve perguntar-se
se essa é realmente uma vantagem para o cliente. Digamos que somos mais
rápidos que os outros para entregar um pedido. O que acontece se os
clientes não precisarem de rapidez nem estiverem dispostos a pagar por
ela? A vantagem tem de ser significativa e valiosa para o cliente. E
o mais difícil é saber o que constituirá uma vantagem para nosso cliente
dentro de três anos. Em muitos negócios é preciso imaginar quais coisas,
entre as que hoje não possuem, desejarão pos-suir no futuro. A isso
chamamos de ‘lacunas de valor’, porque são valores que hoje não existem.
É preciso perguntarmo-nos quem é nosso concorrente agora e quem o será
dentro de três anos. Se você for a Motorola, seus rivais atuais são
a Ericsson, ou a Nokia, ou ambos. Contudo, se eu vendesse serviços de
telecomunicações de linhas fixas, começaria a me preocupar com o setor
wireless (sem fio)‚ já que o computador se transforma cada vez mais
no telefone, e meus concorrentes passarão a ser a Dell ou a IBM.”
O que é o m-marketing, ou “marketing
móvel”?
“Muitos afirmam que passamos do e-marketing e do e-business para o m-business, o que significa que todo o sistema wireless pode ocupar boa parte de nossa vida. Por exemplo, você tem um Palm Pilot e passa na frente de uma loja de departamentos; toca o telefone, que faz parte do Palm, e você ouve: ‘Aqui há uma liquidação de jaque-tas de couro, você é nosso cliente, e sabemos que está passando neste momento na frente de nossa loja’. O mundo móvel, ou ‘m’, deve perguntar-se por que pagaríamos US$ 40 mensais para ter um dispositivo wireless, além do custo do Palm Pilot, pois existe um certo pessimismo. Ao observar a quantidade de dinheiro investida pela Ericsson, Motorola, Nokia e muitas empresas de telefonia atualmente nos dispositivos 3G (de terceira geração) e na maior largura de banda, alguns se perguntam se não estaremos diante de uma nova bolha. O público está realmente tão ávido? Contudo, creio que o marketing móvel deve ser visto como uma forma possível de melhorar nossa produtividade. Em última instância, estamos no marketing inverso. Os clientes estão nos dizendo quanto estão dispostos a pagar por um quarto de hotel, que tipo de propaganda verão, que promoções desejam e quais são as funcionalidades do produto que talvez prefiram. Isso nos leva a nos perguntarmos se os preços vão aguentar uma pressão maior. Os desafios são: os concorrentes estrangeiros que conseguem fazer as coisas mais econômicas, a hipercompetição e a transparência de preços na Internet.” Como enfrentar (ou se defender de) tais desafios? “Em primeiro lugar, pode-se compensar a transparência de preços com transparência de valor. Há quatro maneiras de proceder. Uma é mostrar, em nosso site, os preços dos concorrentes com uma comparação do serviço ou outro item em que nos desempenhemos melhor do que eles. Outra é deixar estabelecida nossa reputação, quer seja por prestígio, quer seja por antecedentes no negócio. Uma terceira é oferecer uma forte garantia - por exemplo, uma montadora auto-mobilística que garanta as peças e o serviço durante seis anos estará dando visibilidade ao valor. E a quarta é criar um sistema de fidelidade por frequência, como fazem algumas companhias aéreas. Convém também fazer o que chamo de ‘análise de valor para o cliente’ (CVA, na sigla em inglês). Por que comprar da Caterpillar, que cobra US$ 48 mil por um produto que o concorrente vende por US$ 40 mil? A Caterpillar responderia que seu produto vale mais no mercado de usados na hora de revendê-lo e quebra menos que o outro. Poderia apresentá-lo assim: Essa CVA dá US$ 52 mil, porém você é um bom cliente e nós lhe faremos um desconto: são US$ 48 mil’. O cliente chega pensando que está sendo enganado e acaba achando que é comprador inteligente porque adquiriu uma máquina melhor, cujo valor, comparado com o da concorrência, aumenta com o tempo.”
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Bibliografia:
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