O
que é a “desconstrução” do marketing?
“Convivem
hoje dois tipos de marketing: o marketing baseado em fabricar e vender,
antigo, e o baseado em perceber e reagir, novo, o que é, de certa forma,
uma desconstrução da forma tradicional. No primeiro caso, como vendedores
ou pessoal de marketing, pedemnos que coloquemos o produto no mercado
para nos livrarmos dele. Eles já tiveram o trabalho de fabricar os carros;
seria bom que encontrássemos algum interessado em comprá-los. O que
está acontecendo de novo é que cada vez mais pessoas pensam em passar
da fabricação baseada na formação de estoques para a fabricação sob
encomenda. Michael Dell tem um estoque de sete dias. Quando chega um
pedido, imediatamente sai em busca de todos os fornecedores: alguém
entrega os discos rígidos, outro os teclados, monta-se tudo e em dois
ou três dias está pronto o produto e não há estoque ocioso. No marketing
orientado para perceber e reagir, o ponto de partida são os clientes.
Todo bom marketing começa com pesquisa; não vou a outra cidade com minha
oferta sem antes averiguar se ali há clientes e se existe interesse.
Em seguida será necessário combinar o posicionamento escolhido com o
mix de marketing, que não pode ser realizado sem o processo STP (sigla
em inglês que significa “segmentação, alvo, posi-cionamento”, ou seja,
segmentação do mercado, determinar grupos de clientes-alvo e posicionar-se).
Todo o mix de marketing é reavivado ao participar da entrega dessa proposição
de valor ao cliente. Contudo, uma implementação deficiente pode derrotar
uma excelente estratégia: por exemplo, se for oferecido um produto que
ainda não está disponível. O controle me permitirá objetivar participação
no mercado, satisfação do cliente e quantidade de clientes que foram
perdidos. Todas essas coisas me informarão se estou implementando bem,
se tenho um mix de marketing correto e até se estou atuando no segmento
certo.”
“Os
20% melhores clientes nos dão 80% do faturamento, e os 30% piores cortam
ao meio nosso potencial de lucros ”
Por que o marketing é, fundamentalmente,
um impulsionador da atividade econômica? “Seu objetivo é, na realidade, fazer com que a economia
se ponha em movimento, que as pessoas desejem as coisas, utilizem parte
de seus recursos limitados para desfrutar mais coisas. Nesse sentido,
o marketing cria empregos. Eu diria que a função de criação de empregos
em um país é marketing. Entretanto, alguns estão tão ansiosos para vender
que não focalizam os mercados certos. Devemos ter uma idéia melhor de
qual deve ser nosso mercado. Não se trata agora do mix de marketing,
mas, sim, do mix de mercados, que se refere aos segmentos de distintos
mercados a que estamos atendendo. Devemos sanear esse mix, livrando-nos
de alguns segmentos nos quais não vamos tão bem. Em qualquer segmento
de mercado, devemos revisar a linha de produtos que estamos oferecendo
para nos concentrarmos nas oportunidades mais rentáveis e abandonar
os que não nos levam a nenhum lugar. Em seguida, devemos nos ocupar
do mix de clientes. Há clientes que nos fazem perder dinheiro e não
há como saber quais são se não tivermos uma contabilidade baseada em
custos. A conhecida regra dos 20/80 (20% dos clientes geram 80% das
receitas) nos diz que sempre haverá clientes mais valiosos aos quais
devemos dar mais e atender melhor. Há outra regra, que chamamos dos
20/80/30: os 20% melhores clientes nos dão 80% do faturamento, e os
30% piores cortam ao meio nosso potencial de lucros.”
O que se deve fazer com os 30% de clientes
ruins? |
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“Simplesmente desfazer-se deles seria incorreto. O que
se deve fazer é uma de duas coisas: aumentar nossos honorários, e se
continuarem nos contratando serão clientes rentáveis, ou reduzir o custo
para atendê-los, orientando-os para canais de baixo custo. Devemos analisar
nosso mix de clientes e tratar de reformulá-lo para que seja rentável.
Em seguida, é preciso analisar o mix de canais: precisa-mos de distribuidores?
Poderíamos chegar diretamente aos varejistas ou fazê-lo on-line? E sobre
o mix de comunicação: estamos conseguindo algo por nosso dinheiro? Nossa
propaganda nos faz vender mais? Em momentos de recessão, é preciso perguntar-se
se não seria interessante, enquanto todos os concorrentes reduzem suas
campanhas, investir mais para se manter nas mentes e nos corações dos
clientes.”
Como a Internet pode, de fato, ajudar
no marketing?
“Eu acredito que o bom aproveitamento da Internet seja uma das três formas fundamentais de vencer com o marketing - as outras são a diferenciação estratégica e a criação de um vínculo emocional com a marca. Voltando à Internet: sabemos quanto custa para que os clientes venham a nosso escritório para examinar um novo produto. Então, por que não criar um painel de clientes no site, com pessoas sempre dispostas a nos oferecer sua opinião? De fato, é possível fazer focus groups on-line.Outra possibilidade é patrocinar uma sala de bate-papo dedicada a nossa categoria de produto. Aprender a escutar o que se passa ali nos dará uma idéia da ‘migração do valor’, ou seja, do que está interes-sando as pessoas em diferentes momentos.”
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Bibliografia: |
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