Autor: Irmã Anna Carolina dos Santos (FIC)

Casas FIC no Brasil

D. Francisco de Campos Barreto3 - Colégio Santana em Ribeirão Preto - SP

Ribeirão Preto - Capital do café. Assim é conhecida essa próspera cidade, devido à época em que esse produto foi sua maior riqueza. Em seu brazão, dois ramos de café e a divisa: "Bandeirantium Ager" (Campo dos Bandeirantes) lembram essa época gloriosa.

O que mais emociona a todos, é que Ribeirão, ainda hoje, é uma cidade acolhedora que sempre recebe com carinho aqueles que vêm a ela com o objetivo de um trabalho sadio e ardoroso.

Vale lembrar e ouvir no play abaixo alguns versos do seu Hino Oficial:

Hino Oficial de Ribeirão Preto: (Poema: Saulo Ramos - Música: Diva Tarlá).

A minha terra é um coração
Aberto ao sol pelas enxadas
Sangrando amor e tradição
No despertar das madrugadas.

Estribilho

História exemplo, amor e fé
Assim traçamos teu perfil
Ribeirão Preto, terra do café
Orgulho de São Paulo e do Brasil.
Nasceste do destino nacional
Das caminhadas rumo ao Oeste
E ainda guardas o belo ideal
Dessa epopéia em que nasceste.

 

Estribilho

Ribeirão Preto esse destino
Que consagrou a tua gente
É do trabalho o grande hino
Que há de viver eternamente.

Estribilho

És linda jóia no veludo
Dos nossos verdes infinitos cafezais
E se em ti amada terra temos tudo
Ainda procuramos dar-te mais.

Estribilho


E foi certamente esse o motivo que nos atraiu a essa cidade que tudo fez para que, em horas difíceis, não a deixássemos e ainda hoje, ali permnecemos, atendendo sobretudo às crianças e jovens carentes que nos procuram.

Colégio Santana

" A dor esconde sementes de vida"

Hoje o nome é Lar Santana, a Rua Conselheiro Dantas, nº 85, em Vila Tibério, Ribeirão Preto.

A história do Colégio Santana tem seu início, em fins de 1926, com a vinda das Irmãs para Ribeirão Preto, após deixarem Itapira. Instalaram-se em casas alugadas, contando sempre com a ajuda do povo que muito as estimava. Em fevereiro de 1927, abriram a nova escola com 57 crianças; em agosto já eram 140. Um fator favorável para o desenvolvimento do Educandário foi o grande número de colonoc alemães aí residentes. Em breve, as Irmãs tiveram que procurar um novo terreno para a construção de um colégio maior, recebendo para isso todo apoio de Madre Batista, fundadora e superiora da Província Brasileira das FIC, na época, Irmãs das Escolas. Além do Jardim da Infância e Primário, havia também aulas de artes domésticas: pintura e bordado. O novo edifício foi inaugurado em 21 de maio de 1931. Essa construção só foi possível graças ao incansável trabalho das Irmãs, à generosidade do povo ribeirão-pretano e à doação do terreno po Dona Ana Vilela de Andrade. Em sua homenagem o Colégio que começara com o nome de Colégio Coração de Maria, passa a denominar-se Colégio Santana. A capela, todavia continuaria consagrada ao Coração de Maria. Havia também um internato para as meninas que vinham de mais longe.



Colégio Santana de Ribeirão Preto - Anos 1930

Se o começo foi tão promissor, os anos que se seguiram foram de muito sacrifício. Muitas outras escolas foram se abrindo nas proximidades e o número de alunos começou a diminuir. As Irmãs não contavam com muitos recursos, o que dificultava cada vez mais a continuidade da obra. Por isso, as religiosas começaram a pensar em vender o Colégio ou transformá-lo em Orfanato, obra que poderia contar mais com a ajuda do povo. De 1938 até 1942, a escola conseguiu funcionar precariamente. Em 1943, com muito esforço as Irmãs foram à procura de alunos para iniciar uma escola profissional. Conseguiram que ela funcionasse com 120 alunas. Foi uma recompensa depois de tantos sacrifícios. Assim se passaram mais alguns anos até que em dezembro de 1947, após uma tentativa de venda, que o povo de Vila Tibério não permitiu, o Colégio foi transformado em Orfanato em 18/01/1948.

Na ocasião, o "Diário de Notícias" assim se manifestou: "Com esse passo, a Congregação das Irmãs Franciscanas vem prestar à Ribeirão mais um inestimável benefício, coadjuvando ainda a Autoridade Diocesna em um dos problemas da Igreja em nossa cidade: a assistência a órfãs necessitadas. O Diário de Notícias congratula-se com a Congregação pela magnífica iniciativa que vem de levar efeito e apela para a generosidade nunca desmentida de nosso povo, em favor da nova obra."

"O que fizerdes ao menor dos meus irmãos a mim o fareis"

Obedecendo aos apelos da Igreja, num país onde os problemas sociais são inúmeros, as FIC aceitam trabalhos em Lares, Vilas, Asilos. com o objetivo de atender às crianças necessitadas, às famílias pobres, aos idosos que não tem mais vez, nem voz.

Em cada ação do nosso dia a dia, colocamos todo nosso amor, força propulsora que nos impele a não abandonar o irmão, à beira do caminho.

O nosso testemunho de alegria, de esperança, de amor fraterno, é para o irmão que sofre, sinal de que Deus não abandona seu povo.

Ajuda-nos Senhor, a viver teu Evangelho e a te reconhecer na criança, no pobre, no idoso.

Como dissemos anteriormente, em 18/01/1948, a Casa de Ribeirão Preto mudou sua finalidade transformando-se de Colégio em Orfanato. Os jornais anunciaram o fato e pediram o apoio e a ajuda do povo para essa obra.

A inauguração contou com a presença do Bispo Diocesano, do Prefeito, da Superiora Geral e Provincial e outras autoridades, além de pessoas amigas.

Em 1958 foi construída uma nova ala, chamada "Pavilhão Santa Lídia", onde ficam a clausura das Irmãs e a cozinha. Esse nome foi dado porque uma das doações recebidas foi enviada por Dª Maria Helena Pinto que, além de uma grande soma em dinheiro, doou-nos uma imagem de Santa Lídia. A seu pedido, o pavilhão foi conssagrado a essa Santa.

No "Lar" Santana mora o amor

É esse o título de um artigo de jornal, publicado após uma entrevista com as Irmãs do Lar e que bem retrata a vida e o trabalho dessa casa.

Hoje a casa leva o título de "Lar", porque condiz melhor com o objetivo da obra; não são apenas órfãs que moram aqui, mas também crianças de famílias carentes. Por outro lado, a Palavra "Orfanato" passou a ter um sentido pejorativo. "Lar" nos lembra que, nesta casa, aliás, em todas as que hoje têm esse mesmo objetivo, as crianças devem encontrar aconchego, amor, carinho, bem-estar, e também firmeza, dedicação, orientação segura, como se estivessem em sua própria família.

Atualmente as meninas não são mais internas, e sim seminternas, pois o intuito de nossa obra, como de outras similares, é integrá-las à sociedade, não aliená-las a quatro paredes para que, ao deixarem o "Lar", não se deparem com dificuldades insóluveis. O contato direto com a família, as aulas a terem sempre presente a realidade de nosso povo sofrido que é também a delas e a estarem sempre de olhos abertos para o mundo em que todos vivemos.

Até 1980 não havia idade mínima para a aceitação de uma criança, a partir dessa data, salvo exceções, só são aceitas crianças com idade escolar, (7 a 10 anos), pois Ribeirão já conta com várias creches que atendem crianças de 0 a 6 anos. As crianças são liberadas quando jovens, cronologicamente dizendo aos 18 anos, ou quando a família passa a ter melhores condições ou ainda quando a própria jovem já tiver meios, (trabalho e estudo) para se manter e se integrar à sociedade.

Durante sua permanencia aqui no Lar, as jovens estudam em grupos ou ginásios da Vila Tibério. Atualmente estamos fazendo a experiência de um trabalho fora. Elas estudam de manhã e a tarde trabalham em residências da vizinhança. A preocupação não é o ganho de cada uma, mas sim com a responsabilidade com que assumem esse trabalho.

Deus escreve direito por linhas tortas

No dia 10 de maio de 1969 iniciaram-se as aulas do "Ginásio Leonor Gasparini". Seu diretor geral foi o Sr. Alfeu Gasparini. O Lar cedeu, a princípio, seis salas e outras dependências para biblioteca, secretaria e tesouraria, por um aluguel bastante módico Seria contudo, um meio para garantir a manutenção. Como a escola crescia, foi necessário ceder novas dependências, o que começou a dificultar o funcionamento do Lar. A situação das internas tornou-se tão difícil que as Irmãs começaram a pensar seriamente em cancelar o contrato com a Escola. Em 1977, com a morte repentina do diretor da escola, esse desejo se concretizou, tornando o trabalho com as internas mais tranqüilo.

A experiência não foi fácil, entretanto, lendo nas entrelinhas, certamente nelas acharemos as mãos de Deus. Foi justamente nessa época que o "Lar" passou por graves problemas, em virtude da crise do país naquele momento. E a existência dessa escola, não terá amenizado a difícil situação por que todos passamos? Vale uma reflexão?

O "Lar" tem por padroeira, Santana e do mesmo modo que ela sustentou Maria, também não nos há de abandonar. É ela que pede que acreditemos e que nossa confiança na Mãe de Deus nunca esmoreça.

Comunidade do "Lar" Santana

Muitas Irmãs trabalharam no Lar Santana desde a sua fundação. Na impossibilidade de recordarmos de todas, deixamos aqui registrada, a comunidade de 1993, época da confecção desse livro. Que, cada uma que ali deu um pouco de si às crianças que ali viveram preciosos anos de sua infância, sinta-se também presente nessa lembrança e na gratidão daqueles que reconhecem o valor inestimável dessa obra.

Às Irmãs: Elizabeth Tozzo (Coordenadora),
Antônia, Letícia, Lúcia Marques
Leonor Donadoni, Aparecida Santos,
Eunice Rosa e Magaly

que atualmente aí trabalham, o agradecimento das crianças e do povo de Ribeirão Preto.

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