Casas FIC no Brasil

11 - Hospitais

Olimpia - SP

Deixando Barretos, fomos em direção à Olímpia. Ali também estão nossas queridas Irmãs, trabalhando, incansáveis, na Santa Casa e no Abrigo São José.

Ainda era manhãzinha quando cheguei a casa das Irmãs. Fui recebida por Irmã Josefina. Mal entrei, percebi a simplicidade e o encanto de um "servir" humilde e silencioso, em favor dos doentes e idosos. Há anos desde 1939, as religiosas semeiam amor e paz nos corações.

Ali estão, dia-a-dia, na sua tarefa onde "nada há de novo", mas "tudo de novo" vai mais uma vez, ser feito e sempre com novo zelo, com novo amor.

Ali é, mais uma vez, o cotidiano, simples e belo que se aprofunda para desbrochar numa presença de fé e coragem sempre novas.

Irmã Angelina apareceu e, apesar da idade, recorda-se bem:

- Chegamos a Olímpia, vindas de Araraquara, pela Estrada de Ferro, no dia 26 de abril de 1939, uma quarta feira, festa de Nossa Senhora do Bom Conselho. Éramos três: Irmãs Lídia, Domínica e eu (Irmã Angelina).

Estávamos em companhia de Madre Mansueta. Na estação fomos recebidas pelo vigário, por médicos da Santa Casa e o povo da localidade.

Nos dias que se seguiram, os jornais publicaram a nossa chegada, dando-nos as boas vindas. Um deles anunciava: "As Irmãs Franciscanas, contratadas pela Administração, para a enfermagem e outros serviços internos, já assumiram suas atividades. Estão instaladas na própria Santa Casa, em compartimentos que lhes foram destinados. Tudo muito pobre e simples.

Felicitamos o povo de Olímpia que, agora, em seu maior Hospital, além do conforto material e da assistência abnegada de seu Corpo Clínico e dos Enferemeiros, poderá contar também com o conforto espiritual e cristão das Irmãs de Caridade."

- Como era o Hospital nessa época?

- Apesar de ser o maior da cidade, era muito pobre. Ás vezes nos faltava o necessário. E, não fosse a generosidade do bom povo da cidade, não teríamos conseguido sobreviver. Vivemos, por muito tempo, a verdadeira pobreza franciscana e só a graça de Deus nos deu forças para prosseguir. Hoje, felizmente, tudo mudou e as coisas caminham mais facilmente. Ainda me lembro da homília do Sr. Vigário na missa, por ele celebrada, dias após nossa chegada:

"O sofrimento é redentor. As Irmãs, nos hopitais, têm por missão não só mitigar a dor, mas confortar espiritualmente o doente e procurar transformar todo esse sofrimento em fonte de graças. Apostolado grandioso esse e quantos benefícios espalham pela humanidade!"

- É o que temos tentado durante todos esses longos anos.

Abrigo São José

Irmã Angelina do Valle, Franciscana da Imaculada Conceição, foi a primeira a trabalhar no Abrigo São José. O seu trabalho começou em 17 de abril de 1951, embora a inauguração do Asilo se tenha dado no dia de São José, em 19 de março. Essa solenidade contou com a presença de sacerdotes, de Irmãs, de autoridades civis, entre elas, o Juiz de Direito, Dr. José Arruda, que foi quem cortou a fita simbólica, de pessoas amigas e de benfeitores. Porém, faltavam, ainda coisas indispensáveis para os idosos, motivo pelo qual, adiou-se o início do seu funcionamento.

Irmã Angelina do Valle é, ainda hoje, a alma da Instituição, todos reconhecem sua dedicação e carinho, junto aos velhinhos. Por isso, em 1972, na festa de nosso cinquentenário, foi homenageada pela Prefeitura, no "Dia das Mães", num justo reconhecimento a ela, que é uma verdadeira mãe para aqueles que se encontram recolhidos no Abrigo.

Mudança de residência

Como em todos os outros hospitais, aqui também as Irmãs conseguiram sua casa própria. Isso aconteceu a 05 de novembro de 1978. Irmã Maristela, então Superiora Provincial, foi a Olímpia para instalar as religiosas em sua nova residência, ali permanecendo por uma semana. Antes de partir, deixou escrito o seguinte:

"Estando aqui há mais de uma semana, no convívio diário, pude constatar o quanto foi benéfico para a vida da Comunidade, poderem as Irmãs encontrar-se num ambiente de calma e amizade fraternal. Pedindo A Deus que abençoe a sua caminhada, confesso-lhes meu grande respeito e admiração e a certeza de que não terão medo de conviver com as dificuldades."

Deus caminha conosco, na pessoa do seu Filho, feito nosso Irmão Maior. Com Ele, seremos sempre vitoriosos.

No corrente ano (1993), a Comunidade de Olímpia está assim constituida:

Irmãs Josefina (Coordenadora)
Angelina do Valle, Amélia, Suzana e Ester.

Irmã Mª Suitberta Christina Gruber - exemplo de vida e de fé

"Ninguém morre enquanto permanecer vivo no coração de alguém".

Não podemos deixar Olímpia, sem dela nos recordarmos e, com ela, de tantas religiosas que deram sua vida nos hospitais, asilos, lares, escolas, pastorais. É impossível falar de todas, mas, através dessa alma de escol que foi Irmã Suitberta, queremos lembrar e render graças aos céus, por todas aquelas que viveram conosco na Província Brasileira e hoje já se encontram na morada definitiva.

Irmã Suitberta foi dessas consagradas que passam pela vida sorrindo, smeando o bem. Dela, jamais nos esqueceremos. A coragem e zelo que soube espargir por onde passou, continuarão vivos de ntro de cada um de nós.

Nascida na Áustria, em 19 de julho de 1903, há 56 anos trabalhava no Brasil, onde chegou ainda postulante.

A história de Irmã Suitberta, como a de tantas almas simples e puras, tem fatos curiosos e interessantes. Por duas vezes, em 1981 e 1983, enviou uma camisaao papa João Paulo II que, nas duas vezes, enviou-lhe uma carta, agradecendo o presente. Na segunda vez, a carta chegou no dia 20 de dezembro, último dia de vida da religiosa. Junto com a carta, recebeu, também, a benção apostólica enviada pelo Papa. Coincidência ou graça de Deus?

Felizes os que morrem no Senhor. Para eles, a morte é o início de uma plena realização do humano.

Abaixo a relação publicada pelo governo do estado de São Paulo no DO de 04/02/1941, dos profissionais que tinham suas credenciais registradas no órgão. Vejam abaixo as credenciais de Irmã Suidberta.

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