Profa. Beatriz Rizek |
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MiniWeb Educação: Em seu artigo "Inclusão Digital", divulgado na revista TIC em 02/04/2007, a Sra. afirma que ..."grande parte dos estudantes que não são internautas possui, por exemplo, um telefone celular, uma TV, um rádio (ou “um som”) um CD player, um DVD e – por quê não? – um Play Station e vários tipos de games. Perguntome por que razão insistem em eleger o computador (e seus recursos) como representante máximo da exclusão, quando já há tantos elementos digitais à disposição, como os citados acima?".... Pergunta: Poderiam esses componentes citados no texto acima serem utilizados na aprendizagem digital? Como?
Resposta - Sim, todas essas ferramentas podem ser utilizadas em prol da aprendizagem digital, porém, cada uma delas possui um modo próprio e particular de funcionamento e também de funcionalidade: a cada mídia corresponde uma linguagem e, no caso de conteúdos educativos, há que se aprender a fazer a correta migração e adaptação desses conteúdos, para não sub ou superutilizar o recurso. Em qualquer um deles, temos que nos lembrar de que o tempo de atenção de quem lê /ouve /assiste ou joga é - ou deveria ser, especialmente no caso de games- limitado. Por quanto tempo um jovem consegue permanecer atento a uma entrevista de rádio ou a uma aula em DVD? Estudos nesse sentido precisam ser considerados; aliás, já foram feitos, por isso é que as aulas escolares duram entre 45 e 50 minutos – esse parece ser o limite de atenção para certos assuntos.
MiniWeb Educação - Acreditamos que a exclusão digital nada mais é do que uma faceta da exclusão social, faz-se necessário que as iniciativas que têm como objetivo possibilitar a inclusão digital considere aspectos relativos também à inclusão social. Pergunta: A Sra. concorda com esse pensamento? Por quê?
Resposta - Inclusão digital e inclusão social, para se consolidarem de forma duradoura e qualitativa, estão sistêmica e organicamente ligadas à educação, à cultura e à capacidade pró-ativa de descobrir informações e conhecimentos necessários à sobrevivência de cada um e à sua inserção na sociedade capitalista. Sem cultura e sem informação, a inclusão perde o sentido e a função social de constituir grupos pensantes, seja no virtual, seja no real.
MiniWeb Educação - Segundo o Livro Verde em seu capítulo IV encontramos a seguinte afirmativa: " As tecnologias de informação e comunicação devem ser utilizadas para integrar a escola e a comunidade, de tal sorte que a educação mobilize a sociedade e a clivagem entre o formal e o informal seja vencida. Formar o cidadão não significa “preparar o consumidor”. Significa capacitar as pessoas para a tomada de decisões e para a escolha informada acerca de todos os aspectos na vida em sociedade que as afetam, o que exige acesso à informação e ao conhecimento e capacidade de processá-los judiciosamente, sem se deixar levar cegamente pelo poder econômico ou político". Pergunta: Como a escola pode formar o novo cidadão, não como consumidor, mas com capacidade de processamento de informações, quando encontramos ainda uma enorme dificuldade na motivação do professor e Instituições para trabalhar esses conceitos?
Resposta - A escola pode formar o novo cidadão desconstruindo a rigidez do currículo acadêmico e abrindo espaços para programas de responsabilidade social, iniciados e assumidos pelos próprios alunos, que poderão envolver quem quer que seja, praticando ações empreendedoras. Também acredito que precisamos aprender com os países de primeiro mundo a liberarmos nossos filhos e filhas mais cedo, antes do vestibular, incentivando-os a fazerem intercâmbios, tendo oportunidades de conviver e aprender com outras culturas enquanto a vida adulta não se inicia de fato. Fazer com que os jovens se deparem consigo próprios, sozinhos, em cidades ou países diferentes, é um grande aprendizado, independentemente do quão bem sucedida possa ser a experiência. Claro que sempre haverá problemas a serem resolvidos, mas é aí que entra a formação cidadã consciente. Aliás, entra a autoformação. Sozinho, o jovem ou aprende a tomar decisões ou aprende a ouvir e a avaliar a opinião de outras pessoas.
MiniWeb Educação - Fale para os Internautas da MiniWeb Educação, o trabalho que a Sra. desenvolveu como Coordenadora da Escola do Futuro na USP? Como era esse trabalho? Ainda existe?
Resposta - A Escola do Futuro da Universidade de São Paulo foi uma grande escola para mim. Lá, coordenei 2 projetos de formação de professores em TIC´s – um para a prefeitura de Barueri e outro para a de São Bernardo. Esse último, aliás, foi objeto de meu mestrado, em 2005. Aprendi muito com meu então coordenador científico, prof. Fredric Litto, e com os demais colegas. Atualmente, sou Editora de Conteúdo Pedagógico do Portal EducaRede, ligado ao CENPEC – Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Educação Comunitária – mas, havendo oportunidade, posso voltar a ter projetos na Escola do Futuro
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