Violênca Muçulmana |
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Novo ciclo de violência
A
guerra das caricaturas: Ocidente
versus Oriente
A fundação do Estado
de Israel, cuja existência
fora aprovada pela ONU em 1947,
provocou um novo ciclo de reações
hostis em todo o Oriente Médio.
A presença de um estado
sionista na área da antiga
Palestina indignou os povos árabes.
A isto se juntou o fato do quadrilátero
árabe tornar-se fronte
da Guerra Fria após os
dramáticos acontecimentos
provocados pela nacionalização
do Canal de Suez determinada por
Nasser, em 1956.
Ouve então um claro alinhamento
ideológico: a URSS tratou
de apoiar o nacionalismo árabe
emergente, enquanto os Estados
Unidos, desde o anúncio
da Doutrina Eisenhower, de 1957(que
repelia a intromissão soviética
no Oriente Médio) posicionou-se
a favor do Estado de Israel e
da Monarquia Saudita. Deste modo,
os desertos e as antiqüíssimas
cidades da Mesopotâmia,
da Síria e do Egito, viraram
peças no grande tabuleiro
do enfrentamento mundial entre
Moscou e Washington.
A importância do Oriente
Médio, como área
estratégica, aumentou ainda
mais devido à crescente
dependência ocidental e
dos seus aliados mais próximos
para com o petróleo árabe-iraniano.
É isso que faz com que
qualquer tumulto que por lá
ocorra mereça a atenção
da mídia internacional.
Gradativamente aquela infeliz
região tomou o lugar que
antes era ocupado pelos Bálcãs
na Europa, isto é, um caldeirão
gerador de problemas e de guerras
que parecem não ter fim.
Para os povos do Levante, a presença
israelense e o apoio ocidental
ao projeto sionista configuram
a existência de uma Nova
Cruzada, tendo os seguidores de
Maomé como vítimas.Cruzada
essa que somente pode ser respondida
pelo apelo a jihad, à Guerra
Santa.
Observam que desta feita, ao contrário
da investida medieval, interessa
ao Ocidente o controle direto
das jazidas petrolíferas
e seus arredores. O que a faz
sobrepor-se às antigas
motivações religiosas
dos tempos anteriores.
No presente momento, como desdobramento do ataque suicida da Al-Qaeda (o informal braço vingador do Islã) aos prédios de Nova York e Washington, no 11 de setembro de 2001, dois países muçulmanos, o Afeganistão e o Iraque, invadidos e semidestruídos, encontram-se sob ocupação militar de uma coligação de países cristãos-ocidentais (Estados Unidos, Grã-Bretanha, Itália, Polônia, etc..), o mesmo se dando com o território da Cisjordânia, povoado majoritariamente por palestinos, sob controle israelense desde 1967. Isso sem esquecer-se que a parte árabe de Jerusalém, onde se ergue a sagrada Mesquita de Omar, está sob supervisão da polícia israelense, sendo fonte de tumultos sem-fim.
Protestos e explosões por todos os lados
Escombros
de discoteca atingida por atentado
na ilha de Bali
A resposta a isso da parte dos
muçulmanos, a essa sistemática
humilhação, tem
sido um crescente número
de sangrentos e arrasadores atentados
à bomba nas capitais ocidentais
(metrô de Madri e metrô
de Londres), e em locais paradisíaco
freqüentados pela juventude
dourada ocidental ou por turistas
europeus (a Ilha de Bali, na Indonésia,
e em Amã, na Jordânia),
com centenas de mortos, o que
leva a um acirramento ainda maior
do ódio entre os Euro-americanos
e a gente do Islã.
Outras manifestações não tão violentas, por igual, sacudiram a periferia de Paris, os chamados banlieues de l'islam, onde rapazes desocupados, em sua maioria descendentes de árabes, incendiaram milhares de automóveis e lutaram contra esquadrões policiais. Do outro lado do mundo, na Austrália, foi à vez dos jovens anglo-saxões lançarem-se em operação de linchamento contra "os libaneses", considerados como "invasores" do espaço praiano deles, configurando-se assim um enfrentamento cada vez mais globalizado entre ocidentais e muçulmanos.
A "guerra das caricaturas", em andamento, só pode vicejar num ambiente onde as sensibilidades e aflições estão à flor da pele como ocorre entre os muçulmanos. Eriçados com a situação de inferioridade e impotência a que estão reduzidos, tendo que enfrentar as maiores potências ocidentais coligadas contra eles, explodem em protestos de massa ou em ações barulhentas contra o que consideram ser uma agressão ao Islã.
Fonte: Terra Educação