Família Romanov |
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Em menos de um ano a dinastia Romanov, que governava há três séculos o Império Russo, foi posta abaixo e seus os derradeiros herdeiros fuzilados por um comando revolucionário. De março de 1917 a julho de 1918, todo o fantástico poder que Nicolau II (foto) possuía esboroou-se, desabando como se fora um castelo de cartas. O czar e sua família, aprisionados na cidade de Ekaterinburg, foram então sumariamente executados por ordem de Lenin.
Conde Witte, ministro do Czar de 1892 a 1906
Mane,
Mane, Tecel, Persin! Estas antigas
e enigmáticas palavras, dizem, estavam
rabiscadas na parede dum quarto da casa Ipatiev,
em Ekaterinburg, onde a família Romanov
inteira fora fuzilada. Presumiu-se ser a letra
da czarina Alexandra, mulher devota e conhecedora
da Bíblia que, um pouco antes de tombar,
lembrou-se delas.
Pertencem ao Livro de Daniel ( Daniel 5.4) e
dizem respeito a maldição que
atingiu o Rei Baltazar da Babilônia; “Deus
mediu teu reino e deu-lhe fim; tu foste pesado
na balança e fosse julgado deficiente;
teu reino foi dividido e entregue aos medos
e persas” Alexandra morreu acreditando
que a Revolução de 1917 era uma
rebelião da criadagem ingrata e que aqueles
tipos mal encarados que prenderam o casal e
seus filhos, quatro belas meninas e um garoto,
deviam ser “os medos e persas”.
Para Nicolau II, seu marido, eram “os
judeus”.
Família Romanov ( todos
assassinados pelos comunistas)
Verdadeiro isso, se esta inscrição de fato existiu , é mais um testemunho de como a Rússia Czarista era governada: os monarcas tinham a cabeça na Idade Média. Não se deve pois estranhar que o monge benzedeiro Gregory Rasputin, uma figura dostoievskiana, beberrão, devasso e semi-analfabeto, tornou-se, desde 1905 até 1916, o primeiro-ministro informal do imenso Império Russo.
Um governante repressor
A
execução dos Romanov (17 de julho
de 1918)
Jorge Luís Borges disse certa vez que
“os inteligentes são bons”.
Nicolau II era parvo e perverso. Quando soube
da passeata pacifica (seu líder, o padre
Gapon era um agente da polícia secreta)
que os trabalhadores da capital fariam no dia
22 de janeiro de 1905 , ausentou-se do Palácio
determinando que a Guarda Cossaca os dissolvesse
à metralha. Esse episódio, que
redundou em matança - 100 mortos e centenas
de feridos - foi o célebre “Domingo
Sangrento”, estopim daquela primeira revolução
que Lenin chamaria de “ensaio geral”.
León Poliakov atribui a ele, a Nicolau II, a paternidade do moderno terrorismo de extrema direita, com seu entusiasmo pela Tchernaia Sotnia, a Centúria Negra, um agrupamento protofascista a quem protegia e financiava, especializado em pogroms e na morte seletiva de oposicionistas. “Os protocolos dos Sábios do Sião”, um panfleto anti-semita encomendado por um espião seu, Ratchkóvski, foi seu mais duradouro “legado intelectual”.