A nova guerra no Afeganistão |
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Membros das forças norte-americanas e
britânicas participam do ataque contra o regime
talibã no Afeganistão. (8/outubro/2001)
Trata-se de uma guerra do criador contra a criatura,
uma vez que os EUA, o Paquistão e a Arábia
Saudita colocaram o regime Talibã no poder, estimularam
e armaram o fundamentalismo contra os soviéticos,
e deram projeção a figuras grotescas como
Bin Laden (que agora se volta contra eles). Uma situação
no mínimo embaraçosa. Por outro lado,
a guerra expõe países como o Paquistão,
cuja situação interna virá a definir
o cenário futuro da região. O que devemos
nos perguntar é qual será a próxima
etapa, depois dos bombardeios. Como estabilizar o país?
Quando uma guerra contra o terrorismo será ganha
e quando se encerra? São perguntas sem respostas.
A nova guerra é um conflito Norte-Sul, e não um novo enfrentamento Leste-Oeste (Oriente versus Ocidente). Lamentavelmente, é um conflito entre o que de pior há nos países em desenvolvimento com o menos preparado governo que os EUA tiveram nas últimas décadas. Este não está avaliando corretamente os custos e as conseqüências da nova aventura militar.
Volto a insistir: os Talibãs são qualitativamente diferentes de Saddam Hussein e Milosevic, personagens grandemente previsíveis. Trata-se de um inimigo difuso, orientado por outra lógica. Finalmente, iniciar um conflito numa região tão sensível do ponto de vista estratégico necessitaria de preparativos mais sérios. Considero válidas as advertências feitas anteriormente: há limites sérios para esta guerra promovida pelos EUA. Eliminar Bin Laden e sua organização, e derrubar os Talibãs, não significará o fim desta guerra. (10 / 2001)
(*)
Paulo Fagundes Vizentini é Professor
de Relações Internacionais e Diretor do
Instituto Latino-Americano de Estudos Avançados
da UFRGS. Pesquisador Associado do NUPRI/USP.
Outubro de 2001