Volta
 

Alessandro Volta ( 18/02/1745 a 1827 )

Parece ter sido esta a razão pela qual, segundo seus biógrafos, teve um desenvolvimento muito lento, tanto que só teria começado a falar com sete anos, para grande preocupação de seus pais. Mas nos anos de silêncio, sua mente não perdeu tempo. Bem cedo o jovem Alessandro revelou uma indomável vocação para os estudos das ciências naturais, a ponto de utilizar qualquer papel que lhe viesse as mãos para fazer um registro de suas observações, levadas a efeito, as vezes, em lugares perigosos (aos doze anos pensou ter descoberto um filão de ouro num rio e, para segui-lo, quase se afogou).

Com a morte do Conde Filippo Volta, a família fica em situação econômica difícil, e o jovem Alessandro vai viver com um tio. Já era tempo de pensar no futuro: o tio quer fazê-lo estudar Direito; um professor aconselha a carreira eclesiástica. Porém, a escolha definitiva é feita pelo próprio Alessandro, que se decide pela física.

Com apenas dezesseis anos abandona o Colégio dos Jesuítas, em Como, e prossegue seus estudos sozinho, com a assistência do Cônego Gattoni, um amigo que lhe ensina os primeiros rudimentos da física e põe a sua disposição os aparelhos necessários às experiências. Com dezoito anos, Volta marca sua primeira presença: escreve uma carta ao físico G.A. Nollet, na qual exprime sua convicção de que os fenômenos elétricos podiam ser atribuídos a forças de atração de tipo semelhante àquelas gravitacionais, já descritas por Newton. Com ela demonstrava já estar amadurecido para tratar de questões bem mais profundas.

 

O estudo é uma atividade fascinante, mas nem sempre proporciona meios adequados de subsistência, Volta precisava encontrar uma atividade remunerativa para poder continuar suas pesquisas. Mesmo sem possuir títulos escolares adequados, suas experiências e estudos o haviam feito famoso em toda a Europa. E, ainda, estudando sozinho, havia aprendido latim, francês, alemão e inglês, sem deixar de lado uma boa cultura básica de física e matemática. Considerou adequada a seus interesses a carreira didática e recorreu, então, a Carlo di Firmian, governador da Lombardia austríaca, para obter um emprego. Conseguiu inicialmente a nomeação para docente substituto, depois a de regente e, finalmente a de professor de física experimental nas escolas de Como - sem mesmo precisar defender tese - recebendo um salário igual ao de um professor veterano.

(Manuscrito enviado a Royal London Society)

Em 1775, Volta inventa o eletróforo (aparelho com seu nome, atualmente), que promove a eletrização de condutores e possibilita obter altas tensões aproveitando o princípio de funcionamento do condensador, ou seja, o fenômeno de indução eletrostática. Para garantir a prioridade, comunicou a invenção a Priestiev, Na época era uma necessidade tornar conhecidos os resultados dos próprios estudos a alguém importante e famoso, pois ainda não existia o serviço de publicações, com que hoje conta um pesquisador. Uma carta a um cientista significava assegurar a prioridade de uma descoberta e receber críticas e comentários úteis para levar avante pesquisas posteriores.

No ano seguinte anuncia a invenção do eudiômetro (que ainda hoje é lembrado com seu nome). Neste aparelho provoca-se a reação entre compostos gasosos por meio de um centelha elétrica - invenção que prenunciava o advento do motor a explosão, atual, no qual o oxigênio e o hidrogênio de Volta são substituídos, respectivamente, pelo ar e pelos vapores de um combustível. Hoje, tal aparelho é encontrado nos laboratórios das escolas para demonstrar a lei com que se unem hidrogênio e oxigênio para formar a água. Mas naquela época servia para demonstrar a validade das leis das proporções definidas e para estudar as leis dos gases. De fato, Volta determinou a lei segundo a qual um gás se dilata quando é aquecido, participando, com Gay Lussac, das glórias da observação.

(Sala de aula onde Volta lecionou na Universidade de Pávia)

Em 1776, descobriu o metano, gás que havia, visto emanar em fermentações subaquáticas dos pântanos. Tais estudos tornaram-no ainda, mais famoso e abriram caminho, em 1779, para a Universidade de Pávia, onde foi ensinar. Em 1785, seis anos depois, os estudantes daquela universidade o elegeram reitor, de acordo com o costume da época.

Em seus primeiros anos de atividade em Pávia, Volta teve a oportunidade de realizar muitas viagens pela Europa, durante as quais ampliou seus conhecimentos e, ao mesmo tempo, tornou-se bastante conhecido. Foi um homem dotado de elevado sentido prático, que o levou a se interessar sempre por problemas industriais. Sugeriu a fabricação industrial das vacinas, compreendeu e procurou difundir a importância do amianto para a indústria, promoveu a difusão da cultura controlada do bicho-da-sêda e tentou racionalizar o cultivo do lúpulo e da batata.

A pilha elétrica

A invenção da pilha - chamada então "órgão elétrico artificial", porque a eletricidade era gerada por um artifício e não pelo trabalho humano - data de 1800. A primeira pilha era constituída por diversos recipientes contendo uma solução ácida . Os conteúdos eram interligados em série por arcos feitos de dois metais (cobre e estanho ou então cobre e zinco, um em cada extremidade do arco). Mais tarde, Volta criou um dispositivo mais compacto empilhando alternadamente discos de cobre e de zinco intercalados com feltro embebido em solução ácida.

(Volta faz demonstrações da pilha para Napoleão)

Esta descoberta tornou-o definitivamente uma celebridade: em 1801 foi recebido por Napoleão, que desejava ver o aparelho. Recebeu posteriormente do imperador a nomeação de senador e depois conde do reino da Itália. Sua vida, então, transcorria tranqüila As raras polêmicas, inevitáveis entre estudiosos, limitavam-se a divergências superficiais. Os acontecimentos políticos não o interessavam: ignorou os movimentos separatistas, aceitou a cidadania austríaca, embora considerasse como pátria somente a cidade de Como e as regiões adjacentes.
Em 1819, com 74 anos de idade e já sentindo que sua capacidade inventiva estava esgotada, retirou-se da vida ativa para. morar em Cammago, onde morreu em 1827.

Outras leituras sobre Alessandro Volta

Asimov, Isaac. Asimov's Biographical Encyclopedia of Science and Technology. Garden City: Doubleday & Company, Inc., 1982.
"Battery" and "Electrochemistry." Van Nostrand's Scientific Encyclopedia. 1983 ed.
"Electrochemistry." Random House Encyclopedia. 1990 ed.

Fonte: http://fisica.cdcc.sc.usp.br | www.saladefisica.cjb.net |


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