Plutão rebaixado
 

Plutão rebaixado a planeta anão

Sistema Solar passa a ter apenas oito planetas após decisão da União Astronômica Internacional

O novo Sistema Solar: Plutão deixa de ser considerado um planeta e ganha o status de 'planeta anão' (arte: IAU).




Os livros didáticos terão que excluir Plutão da lista de planetas do Sistema Solar. Cerca de 2500 especialistas reunidos em Praga na 26ª assembléia geral da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) acabam de chegar a um consenso quanto à nova definição de planeta. De acordo com a decisão, passa a existir também a categoria de “planetas anões”, da qual Plutão passa a fazer parte. Com isso, o Sistema Solar passa a contar com apenas oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.

De acordo com a nova definição, um corpo celeste tem que preencher três requisitos para que seja considerado um planeta: tem que estar em órbita em torno de uma estrela, ter a forma aproximadamente esférica e ser o astro dominante da região de sua órbita. “Ser o corpo mais importante de sua região significa que o planeta agregou a maior parte da matéria disponível ao seu redor no período de formação”, explica o planetólogo Sylvio Ferraz Mello, da Universidade de São Paulo. “Os outros oito planetas giram no mesmo plano e com órbitas parecidas, o que não acontece com Plutão.”

 

Com isso, Plutão deixa de ser considerado um planeta e passa a fazer parte da nova categoria de “planetas anões”. Além dele, outros dois corpos celestes se enquadram nessa classificação. O primeiro é o ex-asteróide Ceres, localizado no Cinturão de Asteróides (região do espaço entre Marte e Júpiter). Logo após sua descoberta, em 1801, foi considerado um planeta, mas os especialistas decidiram que ele não preenchia os pré-requisitos para ser assim classificado. O segundo é 2003 UB313, objeto com massa maior que a de Plutão, localizado no Cinturão de Kuiper.

Proposta alternativa
Os participantes da assembléia da IAU tiveram que escolher nesta quinta-feira entre duas definições para o conceito de planeta: uma que tirava de Plutão essa categoria e outra que não só ratificava seu status, como também aumentava o número de planetas do Sistema Solar para doze. Acabou prevalecendo a primeira.

Desde sua descoberta, em 1930, o status de Plutão dividia os astrônomos. Além de ser menor que os outros planetas, sua órbita não era feita no mesmo plano da de seus oito “ex-colegas”. A controvérsia sobre a definição do conceito de planeta ganhou novo fôlego há três anos, com a descoberta de 2003 UB313, astro maior que Plutão localizado no Cinturão de Kuiper (região do Sistema Solar além de Netuno) e ainda sem nome definido.

Até agora não havia uma definição formal: se o astro estivesse girando ao redor de uma estrela e sua imagem no céu fosse um disco, era considerado um planeta. No entanto, os avanços nos instrumentos astronômicos tornaram possível a observação de objetos cada vez menores em regiões longínquas no espaço, o que abriu um debate sobre o status de planeta desses astros.

Fim da controvérsia
A definição de um conceito preciso de planeta põe fim a essa controvérsia e cria critérios precisos para a classificação dos astros. “A decisão dá um caráter científico à definição de planeta, estabelecendo as características físicas necessárias para que um astro corresponda a essa condição”, avalia o cosmólogo Martín Makler, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. No entanto, ele não está plenamente de acordo com a definição adotada não é totalmente baseada em princípios científicos. “O que diferencia um planeta de um planeta anão não está claro. Não foi estabelecida uma razão física dessa linha divisória. Na outra definição, esses fatores estavam muito mais claros”, opina.

Na opinião do astrônomo Alexandre Cherman, da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, a decisão vai tornar menos subjetiva a classificação de novos astros que venham a ser descobertos no Sistema . Cherman cita o exemplo de Plutão para ilustrar seu argumento. “Desde sua descoberta, ele foi anunciado como um novo planeta, mas não houve tempo suficiente para que os especialistas analisassem a proposta com rigor. Acredito que o marketing colocado no anúncio foi decisivo para que ele alcançasse esse status”.


Franciane Lovati
Fonte: Ciência Hoje On-line
24/08/2006

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