Oersted
 

OERSTED, HANS CHRISTIAN ( 1777 - 1851 )

OERSTED, HANS CHRISTIAN ( 1777 - 1851 )
Físico dinamarquês, é considerado o criador do electromagnetismo, descobriu que uma agulha magnética é desviada na proximidade de um condutor elétrico. Foi director do Instituto Politécnico de Copenhague e membro da Academia de Ciências de Paris. Foi também inventor do piezómetro ( aparelho que serve para medir a compressibilidade dos líquidos ). Dedicou-se também a estudos e investigações de química e conseguiu isolar o alumínio e preparar o cloreto de alumínio.

Em 1801, Oersted iniciou uma série de viagens à Alemanha e à França, no decurso das quais teve a oportunidade de conhecer Ritter, com quem conseguiu demonstrar a existência de relações entre os fenômenos elétricos, o calor, a luz e os efeitos químicos. Depararam-se, no entanto, com algumas dificuldades na tentativa de descobrir uma eventual relação entre a eletricidade e o magnetismo. W. Gilbert, em 1660, na sua obra De Magnete, afirmara que a eletricidade e o magnetismo são duas manifestações de uma força única inerente a toda a matéria. Em 1785 Coulomb determinara, com a sua balança eletrostática, a lei quantitativa que regula a interação entre corpos eletrizados. O comportamento qualitativo da electricidade estática já tinha sido determinada pelo físico francês Charles du Fay no ano de 1733.

Em consequência dos trabalhos de Coulomb, era aceito pela comunidade científica a independência dos comportamentos magnético e elétrico manifestados pela matéria, uma vez que os fluidos magnéticos jamais podiam abandonar uma barra magnética, enquanto os fluidos elétricos o podiam fazer. No entanto, a escola alemã, influenciada pela Filosofia da Natureza, acreditava na unidade de todas as forças e procurava estabelecer uma relação entre aqueles dois tipos de fenômenos. Estes trabalhos tiveram uma influência decisiva nos trabalhos de investigação de Oersted.

 

Em Janeiro de 1804, Oersted regressa à Dinamarca, onde continua a desenvolver a sua investigação em Física e Química. No seu trabalho Pesquisa sobre a Identidade das Forças Eléctricas e Químicas, publicado em 1812, admite a hipótese de os fenômenos magnéticos serem produzidos pela eletricidade. Em 1817 construiu, juntamente com Esmark, uma grande bateria com uma pequena resistência interna, com a qual realizou diversos estudos sobre fenômenos elétricos. No inverno de 1819-20, quando proferia um conjunto de lições sobre eletricidade, magnetismo e galvanismo, observou, perante a audiência, o efeito de uma corrente elétrica sobre uma agulha magnética. Ao contrário do que muitas vezes se afirma, este acontecimento não terá sido meramente acidental, já que há alguns anos a sua pesquisa estava orientada nesse sentido.


Duas agulhas magnéticas com um arame ou fio de cobre para transmitir a corrente voltaica. Servem para mostrar a influência da corrente sobre a direção da agulha.

Em 21 de Julho de 1820, Oersted anunciou a sua descoberta no artigo intitulado "Experimenta circa effectum conflictus electriciti in acum magneticam". Neste artigo são descritas algumas das suas experiências, bem como algumas regras para determinar a direção da força sobre o pólo magnético.

Segundo Oersted, quando se põem as duas extremidades de uma pilha em contato por meio de um fio metálico, produz-se "conflito elétrico" no condutor e no espaço que o circunda, o que provoca o desvio da agulha magnética.

No mesmo artigo, Oersted afirma ainda que "o pólo situado debaixo do ponto pelo qual entra a eletricidade negativa se move para Este e o pólo situado por cima do ponto pelo qual entra a eletricidade negativa se move para Oeste".

Esta observação permitiu-lhe concluir que o "conflito elétrico" deveria descrever círculos coaxiais, sendo o eixo comum destes círculos coincidente com o próprio fio condutor da electricidade. Para além deste movimento em círculos, admitiu igualmente um movimento progressivo, ao longo do condutor elétrico, resultando da associação daqueles dois movimentos uma linha em espiral.

As experiências realizadas por Oersted, utilizando um instrumento de concepção relativamente simples, foram suficientes para fazer abalar as estruturas da Mecânica Newtoniana. A natureza desta força magnética era distinta das forças conhecidas até então. Não se tratava, certamente, de uma força central, já que não estava orientada segundo uma linha reta passando pelos dois pontos em interação, como acontece no caso das forças gravitacionais, das forças de interação entre cargas elétricas em repouso ou entre os dois pólos de um íman. Esta experiência colocou, por conseguinte, um desafio à comunidade científica.

Bibliografia: http://museu.fis.uc.pt/140.htm


Mais sobre o tema: http://chem.ch.huji.ac.il/history/ampere.htm

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