Flora
Brasiliensis
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Estando
digitalizada e disponibilizada de forma integrada na Internet,
essa informação servirá de ponto de
partida para o desenvolvimento de uma nova Flora do
Brasil e de referencial para a atual botânica
brasileira.
A digitalização das imagens para o site foi
feita pelo Jardim Botânico de Missouri, nos Estados
Unidos. Em alta resolução e com grande riqueza
de detalhes, os desenhos poderão ser consultados
pelo nome científico de cada espécie, pelo
volume ou pela página da obra impressa.
O desenvolvimento e gerenciamento do grande banco de dados
reunido pelo Flora Brasiliensis On-Line está
sob a responsabilidade do Centro de Referência
em Informação Ambiental (CRIA). Um banco
de imagens de plantas vivas no campo e de amostras existentes
em herbários, associadas às imagens das pranchas
digitalizadas, está em andamento. O endereço
do Flora Brasiliensis On-Line é http://florabrasiliensis.cria.org.br.
O médico e botânico alemão Carl Friedrich
Philipp von Martius (1794-1868) chegou ao Brasil com a Missão
Austríaca, desembarcou em 15 de Julho de 1817
no porto do Rio de Janeiro e acompanhava a Arquiduquesa
Leopoldina, que chegaria em Novembro para se casar com o
então príncipe D. Pedro. Com o grupo, que
incluiu zoólogos, desenhistas e pintores, o von Martius
percorreu, durante três anos, 10 mil quilômetros
ao longo do País. Nessa expedição,
ele registrou suas observações e recolheu
mais de 20 mil espécies de plantas em quatro principais
ambientes naturais brasileiros: Cerrado, Caatinga e as florestas
Atlântica e Amazônica.
A viagem exploratória marcou o cientista de tal forma
que, nos anos seguintes, passou a se dedicar ostensivamente
ao estudo da flora brasileira. A partir de 1840, com uma
equipe de 65 especialistas em botânica, iniciou o
trabalho de organização das informações
e de publicação de sua obra de maior fôlego,
intitulada Flora Brasiliensis.
O roteiro da viagem começou nas imediações
da Corte do Rio de Janeiro. Em seguida, continuou para São
Paulo e Minas Gerais. A expedição cruzou a
Bahia, seguindo depois para os Estados de Pernambuco, Piauí
e Maranhão.
De navio, rumou para Belém, no Pará, e subiu
o Rio Amazonas até o Solimões. Dali, o zoólogo
Johann Baptiste von Spix (1781-1826) continuou pelo Amazonas
até os limites do Peru, enquanto von Martius seguiu
pelo Rio Japurá até a fronteira com a Colômbia.
Os dois se reencontraram e continuaram a viagem pelo Rio
Madeira.
De volta à Europa, von Martius foi no-meado curador
do Jardim Botânico e professor da Universidade de
Munique, presenteou o herbário de Munique com 6.500
dessas amostras e publicou, com von Spix, os três
volumes de Viagens ao Brasil.
Ainda hoje, esse é o mais completo e abrangente levantamento
da flora nacional. Ali estão descritas 22.767 espécies
de plantas 19.629 brasileiras e 5.689 novas para
a ciência na época, com texto integralmente
em latim que representaram o conjunto das plantas
conhecidas até meados do Século 19. Na obra
também estão 3.811 desenhos de plantas, flores,
frutos e sementes.
Ainda que a estimativa atual da diversidade de plantas brasileiras
seja de 50 mil espécies, a Flora Brasiliensis
continua sendo uma referência indispensável
para os biólogos. Ela permanece até os nossos
dias como o único e mais completo levantamento da
flora brasileira, sendo utilizado para identificação
de plantas e como referência para estudos de botânica
não só no Brasil, mas também em outros
países da América do Sul.
A importância da Flora Brasiliensis
pode ser medida pelo reconhecimento histórico e internacional.
Os milhares de gêneros e espécies botânicos,
disponibilizados agora em meio eletrônico, permitirão
acesso amplo de estudiosos, interessados e da sociedade
em geral à riqueza científica e cultural da
obra máxima de von Martius, destacou Carlos
Vogt, Presidente da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), a principal
instituição a financiar o projeto Flora
Brasiliensis on-line.
Outra etapa prevista pelo projeto é o desenvolvimento
de um catálogo atualizado com os nomes das espécies
brasileiras. Por enquanto, um estudo piloto está
sendo feito para a atualização da nomenclatura
de um número limitado de famílias, coordenado
pelo botânico George Shepherd, da Universidade Estadual
de Campinas (UNICAMP). Os taxonomistas, que descrevem
e classificam organismos, dependem de obras históricas,
restritas a bibliotecas e herbários no exterior.
O site faz parte de um trabalho de integração
de dados de muitos países, num esforço para
renovar a taxonomia, derrubando barreiras que impedem o
desenvolvimento da área, afirma Shepherd. O
Flora Brasiliensis On-Line é o primeiro
passo de um longo processo para elaborar uma lista atualizada
e completa das plantas que existem no Brasil, diz
o biólogo. Segundo Shepherd, apenas o trabalho de
atualização das nomenclaturas contidas na
obra de von Martius levará cerca de cinco anos.
O projeto conecta um dos maiores trabalhos sobre biodiversidade
jamais produzidos com um dos principais programas mundiais
de pesquisa em biodiversidade o Biota/FAPESP ,
ao mesmo tempo em que oferece ao público os resultados
da obra original, diz Carlos Henrique de Brito Cruz,
diretor científico da FAPESP.
Na opinião de Vanderlei Canhos, Diretor-Presidente
do CRIA, o trabalho de von Martius foi um exemplo de cooperação
internacional no Século 19. No Século
21, o Flora Brasiliensis On-Line retoma e atualiza
esse tipo de colaboração, em alto nível
e larga escala, usando tecnologias de compartilhamento de
dados, afirma.
Para Canhos, os avanços em informática permitiram
a montagem não apenas de um site, mas de um ambiente
colaborativo que será usado por pesquisadores de
diversos países para avançar no conhecimento
da diversidade vegetal brasileira. Shepherd concorda e afirma
que o projeto não é importante apenas para
que o Brasil conheça melhor a sua biodiversidade,
mas para que os países vizinhos façam o mesmo.
Plantas não conhecem fronteiras, diz
o pesquisador.
Flora Brasiliensis é uma coleção
rara e de peso, com 15 volumes constituídos por 40
partes com 130 fascículos. Soma 20.773 colunas de
texto e 3.811 pranchas, das quais 1.071 são litografias,
com a descrição das espécies que representam
o conjunto de plantas brasileiras conhecidas até
meados do Século 19.
Patrocinada por Ferdinando I, Imperador da Áustria;
Ludovico I, Rei da Baviera e pelo Imperador do Brasil, Dom
Pedro I, a obra teve seu primeiro volume publicado em 1840
e o último em 1906, muitos anos após a morte
do autor, em 1868.
O botânico Von Martius contou com a colaboração
dos editores August Wilhelm Eichler e Ignatz Urban e de
outros 65 especialistas de vários países.
O projeto Flora Brasiliensis On-Line foi apresentado
originalmente no Brasil em Setembro de 2003 à Câmara
de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha; uma
vez analisado pelo Ministério da Cultura, recebeu
financiamento da Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Natura
Cosméticos e Vitae Apoio à Cultura, Educação
e Promoção Social.
USP cria cátedra von Martius
A reitora da Universidade de São Paulo (USP), Suely Vilela, e o Secretário-Geral do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD), Christian Bode, firmaram o convênio de criação da Cátedra Von Martius de Estudos Alemães e Europeus. É a primeira do gênero em uma universidade brasileira. A assinatura foi feita n o dia 8/3/06, no auditório da Casa de Cultura Japonesa, na Cidade Universitária, em São Paulo. Segundo a USP, ministrada por professores visitantes alemães, a cátedra oferecerá a estudantes, principalmente de pós-graduação, e a pesquisadores a oportunidade de aprofundar conhecimentos em política, economia, cultura e história alemã e européia, além de abrir caminho para um futuro centro de estudos europeus.
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o Projeto: Flora
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