Neuróbica
   

Exercite o seu cérebro com a neuróbica
Com o uso de simples combinações dos sentidos, técnica difundida nos Estados Unidos propõe o reforço da capacidade intelectual
Cleide Galdino
DA EQUIPE DO DIÁRIO


Levando-se em consideração que a esmagadora maioria das pessoas só consegue aproveitar até 2% da sua capacidade cerebral - por preguiça, comodismo e falta de informação - muita gente deixa de alcançar bons resultados na vida profissional por desconhecer suas potencialidades mentais. Aprender a tirar o máximo de proveito de processos como a memorização, aprendizagem e a retenção de dados, de modo geral, é uma boa estratégia para melhorar o desempenho em todas as áreas da vida, inclusive no trabalho. Essa é a proposta da ginástica neuróbica, uma modalidade de exercícios cerebrais que, através de experiências pouco rotineiras e inesperadas, utiliza combinações dos sentidos (visão, olfato, tato, paladar, audição e até a emoção) para fortalecer o intelecto.

Mais difundida nos Estados Unidos, a neuróbica é, segundo o professor de Neurobiologia do Centro Médico da Universidade de Duke, Lawrence Katz, muito diferente de outros tipos de exercícios cerebrais que, normalmente, envolvem quebra-cabeças, palavras cruzadas e testes de memorização.

 

O especialista, pesquisador do Instituto Médico norte-americano Howard Hughes e autor do livro Mantenha o Seu Cérebro Vivo (editora Sextante - 160 páginas), usa os cinco sentidos de forma a aumentar o impulso natural do cérebro, para formar associações entre diferentes tipos de informações. "Basta efetuar pequenas mudanças em seus hábitos diários para transformar as rotinas cotidianas em exercícios para o desenvolvimento da mente", assegura o professor.

Entre as 83 técnicas apresentadas por Katz estão dicas como escovar os dentes com a mão esquerda (se a pessoa for destra), ou o contrário, se for canhota; e seguir para o trabalho por um percurso diferente a cada dia. Trocar de mão para desempenhar qualquer atividade pela manhã, como pentear os cabelos, fazer a barba, aplicar maquiagem, abotoar as roupas ou comer é um exercício que, segundo as pequisas de Lawrence Katz, resulta numa rápida e substancial expansão dos circuitos nas partes do cérebro (córtex) que controlam e processam as informações táteis da mão. No segundo caso, andar por um caminho diferente até o trabalho, estimula o cérebro a absorver a imagem de novas paisagens, cheiros e sons, formando um novo mapa mental para o desempenho da atividade.

MEMÓRIA - Na opinião do neurologista Paulo Roberto de Brito Marques, coordenador do Núcleo de Neurologia do Comportamento da Faculdade de Ciências Médicas da UPE, os princípios da neuróbica, relacionados ao uso dos sentidos, não parecem ser muito diferentes dos de outras técnicas de memorização e para melhoria do desempenho cerebral. "Nós temos uma memória olfativa que está associada a fatos. No caso da audição, tendemos a gravar com mais facilidade algo que não gostamos de ouvir. Por isso, coisas ruins não devem ser ditas nem mostradas", diz o médico, que coordena, na UPE, pesquisas sobre a doença de Alzheimer e desordens relacionadas, entre elas o esquecimento. Por isso, Marques aconselha os chefes a não chamarem a atenção de seus funcionários em público quando eles errarem. "Não se deve enfatizar o lado negativo, é preciso chamar a pessoa discretamente e orientá-la de forma positiva para evitar traumas", alerta.

O consultor Flávio Sandes, da Empresa de Recursos Humanos Meio Ambiente e Segurança do Trabalho (Erhmast) assegura que a capacidade de memorização é importante em 100% das atividades funcionais do mercado de trabalho. Segundo ele, que aplica cursos sobre o assunto, memorizar significa aprender. "Quem decora não aprende e acaba esquecendo o que decorou em dois ou três dias", adianta. Outras publicações, semelhantes ao livro de Lawrence Katz, como Aprendendo Técnicas de Memorização (Makron Books), que vem com o software em disquete, e Aprendendo Mais e Melhor (Starprint editora) também enfatizam a concentração, a leitura dinâmica e a memorização como formas de aproveitar melhor a capacidade cerebral no trabalho.

Serviço

Núcleo de Neurologia do Comportamento (UPE) - 432.7878

Fonte: http://www.dpnet.com.br/

 

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