CENTENÁRIO
DO NASCIMENTO DE VICENTE CELESTINO
Vicente
Celestino nasceu em 12 de setembro de 1894, no Rio
de Janeiro, em Santa Teresa, na Rua Paraíso.
Aos oito anos de idade iniciou sua carreira artística.
Possuidor de voz extraordinária, era chamado
diariamente para cantar em festas de Igrejas, em reuniões
sociais e em clubes. Nada recebia em troca, além
de elogios, aplausos e lanche.
Assim,
pouco a pouco o jovem Celestino se tornava famoso
no bairro e arredores. No seu repertório já
constavam trechos de óperas, valsas, canções,
música sacra etc.
Com
sua voz possante e bela, as canções
ganhavam nova roupagem devido a sua interpretação.
Era ovacionado por todos os que o ouviam. Assistia
a todas as Companhias Líricas que visitavam
o Brasil, tendo como ídolo Enrico Caruso.Aos
dezoito anos começou a cantar nos chamados
"Chopes" da época e, aos vinte anos,
estreava profissionalmente no Teatro São José,
onde levou a platéia ao delírio cantando
a famosa cancão "Flor do Mal", que
foi também a sua primeira gravação,
em 1916, quando ganhou, por milhares de discos vendidos,
a importância de dez mil réis.
O
povo adorava aquele moço simpático e
simples que se dava por inteiro quando cantava. Vicente
Celestino cantava com a alma e o coração,
sem economizar o que Deus lhe deu: sua voz preciosa.
Os jovens que aplaudiam o cantor ensinaram a seus
filhos e, depois, aos seus netos a gostar daquele
que, orgulhosamente, cantou para quatro gerações.
Vicente
estrelou dois filmes: "O Ébrio" e
"Coração Materno". Um grande
empresário da época, Walter Mochi, ao
ouvi-lo, quis levá-lo para a Europa, a fim
de projetar Vicente como um dos maiores tenores dramáticos
do mundo. Mas Vicente não concordou e disse
que jamais deixaria o Brasil, sua Pátria, declinando,
assim, do honroso convite. Queria cantar para o seu
povo. Poucos teriam resistido à tentação.
Vicente Celestino era um homem feliz. Cantou durante
65 anos sem parar. Era uma autêntica glória
nacional. Foi cognominado "A voz orgulho do Brasil':
e bem mereceu o título. Compôs várias
cancões de grande sucesso: "O Ébrio",
"Coração Materno", "Patativa",
"Serenata", "Ouvindo-te" e inúmeras
outras. Deu ao Brasil a sua voz, a sua alma e todo
o seu amor de brasileiro. Recebeu muitas homenagens
em vida e durante 33 anos foi contratado pela RCA-Victor,
onde gravou centenas de discos.
Antonio
Vicente Felippe Celestino (Vicente Celestino) estava
cantando para a quarta geração e a última
vez que se apresentou foi para uma pequena platéia
de 200 pessoas, durante um ensaio em São Paulo,
na triste tarde de 23 de agosto de 1968, onde artistas,
músicos, cantores ensaiavam para um "show"
que seria gravado às 23 horas. Cantou naquele
ensaio (dito pelos colegas), talvez como nunca tenha
cantado antes, a cancão "Mande uma Flor
de Saudade" com letra de M. Ghiaroni e música
de sua autoria. Mas aquele havia sido o Canto do Cisne
da mais aplaudida e incompreendida voz do cancioneiro
brasileiro. E, assim, às 22:30 horas daquela
noite calou-se para sempre "A voz orgulho do
Brasil".
Suas
últimas palavras foram sussurradas: "Por
favor, não me deixem morrer".