Para
nossa reflexão
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O que quer dizer Attar com esta simples conversação? Nós humanos temos o desejo de buscar a perfeição, mas muitas vezes tendemos a parar o processo tão logo detectamos o mais ligeiro sinal de progresso. Isto é especialmente certo nos aspirantes ao caminho espiritual: muitos buscadores estão encantados com as primeiras etapas do despertar e o confundem com a completa iluminação. Attar nos adverte de tais perigos: não devemos confundir o amor do imaginário com o amor do Real. Por esta razão, o rouxinol tem que abandonar seu enganoso apego pela rosa para buscar ao eterno Amado.
A phoenix deleita os pássaros com maravilhosas histórias daqueles que têm feito a perigosa viagem. Depois de ter ouvido as histórias da phoenix, os pássaros estão inspirados para começar sua viajem até o primeiro vale.
Entretanto,
logo começam a ter problemas, e se dão conta
de que o caminho vai ser mais difícil do que haviam
imaginado. Alguns voltam a por desculpas. Um afirma que a
phoenix não é suficientemente sábia para
conduzi-los. Outro se queixa que satanás lhe tem possuído
e lhe está pondo as coisas difíceis. E outro
expressa seu desejo de ter dinheiro e a comodidade de uma
vida de luxo.
Finalmente,
a phoenix decide que a única forma para que os pássaros
compreendam, é descrever-lhes os sete vales e desertos
da viajem. O primeiro é o Vale da Busca. Aqui
se busca a Verdade com inquietude, diz a phoenix. Com constância,
se busca um significado maior ao propósito da vida.
Só um buscador com dedicação pode atravessar
a salvo o primeiro vale e ir ao segundo, o Vale do Amor.
Aqui se sente um desejo ilimitado de ver ao Rei Amado. Um
fogo abrasador começa a crescer no coração
e se faz devastador. O lugar é mais perigoso que o
primeiro vale, porque há obstáculos no caminho
para por a prova o amor. Entretanto esse mesmo amor impulsiona
ao buscador sair do vale e ir até uma terra mais alta:
o terceiro vale, o Vale do Conhecimento. Uma vez que
se entra nesta terra, o coração se ilumina com
a verdade. Se adquire aqui o conhecimento interior do Amado.
Deste lugar o viajante continua a viajem ao Vale do Desapego,
onde perde seus desejos de possessões mundanas. Não
existe ataduras com o mundo material para o viajante que atravessa
esse vale; liberado dos desejos agora o aspirante é
completamente independente.
Cada
novo lugar que o buscador encontra é mais perigoso
que o anterior e deve ser explorado passo à passo,
porque cada um contém suas próprias provas e
dificuldades. Assim, cada encontro com uma terra diferente
é uma experiência nova.
O
quinto vale é o Vale da Unidade. O viajante
experimenta nele que todos os seres são unos em essência,
que toda variedade de idéias, experiências e
criaturas da vida tem realmente uma só fonte. O
viajante chega ao Deserto do Medo. Então se esquece
da existência de si mesmo e de todos os demais. Vê
a luz, não com os olhos da mente, sim com os olhos
do coração. A porta do divino tesouro, o segredo
dos segredos, se abre. Nesta terra, o intelecto já
não funciona. Aqui se pergunta ao viajante quem é
e o que és, responde: Não sei nada.
Finalmente
chega ao Deserto do Aniquilamento e da Morte. Neste ponto,
o aspirante entende finalmente como uma gota se funde no oceano
da unidade com o Amado. Tem encontrado o destino da viajem
para encontrar ao rei.
Depois de ouvir a descrição da phoenix sobre
o que lhes espera, os pássaros se animam tanto que
imediatamente continuam sua viajem.
No caminho alguns morrem pelo calor e se jogam no mar. Outros
se cansam e não podem continuar; um grupo é
caçado por animais selvagens e outros mais se distraem
tanto pelo atrativo das terras que atravessam, que se perdem
e ficam para trás. Só trinta alcançam
seu destino: a montanha de Kaf.
No
palácio real, o guarda da entrada trata cruelmente
os trinta pássaros. Mas os pássaros, que têm
passado o pior, são tolerantes e não se permitem
sentir-se molestados por sua dureza. Finalmente, o servidor
pessoal do rei sai e conduz os pássaros ao salão
real. Ao entrar, os pássaros olham tudo assustados.
Não sabem o que ocorre, porque no lugar de ver a Simurgh,
Trinta Pássaros, tudo o que vêm é...
Trinta Pássaros.
Finalmente compreendem que, olhando-se a si mesmos, têm encontrado ao rei, e que em sua busca do rei, têm encontrado a si mesmos. Os que atravessam as sete cidades do amor se purificam. Quando chegam ao palácio real, encontram ao rei que se revela a seus corações.
"Fariduddin
Attar"
(extraído do livro: História de la Tierra de
los Sufíes)
Fariduddin Attar foi um dos primeiros poetas sufis da Pérsia, e não há dúvida de que o trabalho de Attar foi a inspiração de Rumi e de muitas outras almas espirituais e poetas da Pérsia. Ele mostrou o caminho para o objectivo último da vida, fazendo uma espécie de imagem de uma forma poética. Quase todos os grandes mestres do mundo, quando eles têm apontado o caminho certo para buscar almas, tiveram que adotar uma forma simbólica de expressão, como uma história ou uma lenda que pode dar a chave para aquele que está pronto para entender, e despertar o interesse ao mesmo tempo, daquele que ainda não está pronto. Assim, ambos podem se alegrar, aquele que dorme, e aquele que já está acordado. Este método tem sido seguido pelos poetas da Pérsia e da Índia, especialmente os poetas hindus. Eles contaram suas histórias de uma forma que seria aceitável, não apenas para os buscadores da verdade, mas para todos aqueles que estão em diferentes estágios de evolução.