Profa. Adilles C. Branco |
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Resposta - No meu texto, mais do que uma análise de um instrumento jurídico, tento mostrar as possibilidades que a Portaria nº 2.253/2001 traz para o mundo educacional e acadêmico como um todo. A educação a distância é algo que veio para ficar e que precisa ser incorporado ao dia-a-dia de professores e pesquisadores, principalmente do ensino superior. Não há como desconhecer suas possibilidades num País como o Brasil, tão necessitado de informação, formação e educação. Durante muito tempo, a universidade usou a desculpa da ausência de uma legislação adequada para que a educação a distância fosse adotada de uma maneira sistemática nos diversos cursos de diferentes Faculdades. Com isto, não se criava no mundo acadêmico uma cultura favorável a um trabalho não presencial. Com a Portaria e, esperamos, com as novas legislações que estão chegando, criou-se nas Universidades a necessidade de se discutir EAD e, principalmente, de se formar pessoas para trabalharem com esta modalidade de educação e que, por conseqüência, possibilitarão aos alunos de cursos superiores uma vivência de um trabalho a distância. Deste modo, estaremos criando uma cultura mais favorável a EAD e, ao mesmo tempo, interlocutores inteligentes para questionar e exigir instrumentos jurídicos mais adequados e que favoreçam um trabalho de qualidade com a educação a distância. Para mim, quem mais saiu ganhando com a Portaria foi o professor que terá uma nova forma de desenvolver seu trabalho. Afinal, não dá para que os professores fiquem "vendo a banda passar" por muito tempo mais. A sociedade e, dentro dela, as empresas precisam da educação a distância e a Universidade precisa se adequar para atender a estas necessidades.
MiniWeb
Educação - Profa.
Adylles, no seu artigo publicado no boletim informativo
da USP, V.7 - n.2 - abr./jun. 1999 - ISSN 1516-8905, enquanto
coordenadora do Curso Técnico em Biblioteca do Centro
de Tecnologia e Gestão Educacional, do SENAC-SP,
a Sra analisa a questão da educação
técnica como sendo um ponto extremamente interessante
dentro da história da educação do Brasil,
e que a eterna dicotomia existente entre curso técnico
e curso superior e, logicamente, entre egressos de um e
outro sistema de ensino: uns são preparados para
o fazer e outros para o mandar. Pergunta: Qual a
situação hoje dos Técnicos em Biblioteconomia
que a Sra.se refere no artigo, passados 4 anos?
Resposta
- Toda a área de Biblioteconomia, neste últimos
4 anos, teve modificações muito grandes. A
informática e o crescimento da Internet mudou o perfil
do bibliotecário. Na ocasião da implantação
do Curso Técnico de Biblioteconomia, no SENAC - o
primeiro a ser oferecido - houve grande repercussão
por não se ter claro quais as funções
do Bibliotecário e do Técnico em Biblioteconomia.
Hoje em dia estas funções já estão
mais definidas e o Técnico tem condições
de se inserir muito bem no mercado de trabalho, tanto que
houve um incremento grande na oferta deste tipo de cursos.
Para mim, a oferta de cursos técnicos bem planejados
e implementados é uma grande possibilidade de se
melhorar o nível educacional do brasileiro. Principalmente
se pudermos agregar ao planejamento dos cursos técnicos
também recursos da educação a distância,
nos mesmos moldes propostos pela Portaria nº 2.253/2001
para os cursos superiores.
MiniWeb Educação - Profa. Adylles, na sua entrevista concedida à revista T&D a Sra. afirma que a questão do planejamento do curso de Ensino a Distância é muito importante e precisa ser muito mais sistemático do que em cursos presenciais. Por que dessa sua afirmação? Qual é o grande diferencial de um planejamento para cursos presenciais e para cursos online?
Resposta - Acredito que todo curso precisa ser bem planejado. Ressalto esta importância nos cursos a distância por não termos outros recursos que nos indiquem o andamento do curso e sua necessidade de modificação. Em cursos presenciais, pelo contato direto com os alunos, pode-se fazer alterações pontuais quando se percebe que o "rumo da prosa" não está sendo o mais adequado. Na educação a distância, isto é muito mais difícil. Para se substituir as informações que recebemos por meio do contato direto com os alunos, precisa-se ter muito mais cuidado em analisar as variáveis que podem ou não interferir no processo de aprendizagem. E isto só pode ser feito por meio de um bom planejamento que leve em conta os objetivos do curso, seu público alvo e os recursos tecnológicos a serem usados.
MiniWeb
Educação - Nessa
mesma entrevista a Sra. informa que a ABED foi criada, em
1995, a partir do interesse de alguns professores ligados
à Universidade de São Paulo (USP) em discutir
e conhecer experiências de e-learning. Pergunta:
Qual a grande contribuição que a ABED tem
dado para o ensino a distância desde sua criação?
Resposta - Acredito que a maior contribuição dada pela ABED foi de levantar a bandeira da educação a distância e falar sobre ela numa época onde ela era pouco valorizada. Com o trabalho da ABED, mostrando as possibilidades de se fazer um bom trabalho a distância, inclusive trazendo muitos estudiosos estrangeiros para contarem como a EAD era feita fora do Brasil, a ABED começou a interferir numa questão muito séria que até pouco tempo atrás rondava a educação a distância: o preconceito que se tinha contra ela. Não afirmo que este preconceito tenha terminado, mas, já está bem menor, com certeza está. E esta foi um conquista da ABED na medida em que nestes últimos anos foi uma das poucas instituições a dizer que a educação a distância é algo que vale a pena e que é extremamente factível.
MiniWeb Educação - Por favor, fale para os Internautas da MiniWeb Educação sobre o trabalho que a Sra. desenvolve, e quais são as suas expectativas e sonho para o ensino a distância no Brasil? Conte-nos um pouco de sua história.
Resposta
- Eu comecei a trabalhar com educação a distância
meio que sem querer quando ainda estava no SENAC. Meu primeiro
trabalho foi um curso para auxiliares de biblioteca que
atuavam nos Núcleos de Comunicação
e Informação - as bibliotecas setoriais do
SENAC. Aos poucos fui me apaixonando pelo assunto principalmente
ao perceber suas grandes possibilidades. Para poder "sentir"
como era um curso a distância - principalmente um
curso online - participei de uma curso oferecido pela UERJ,
com a coordenação do prof. Wilson Azevedo
que me fez ver as reais possibilidades desta modalidade
de ensino, principalmente quando levada a cabo sob uma forma
participativa e integradora. A partir daí, assumi
minha opção por este trabalho e, apesar de
já aposentada do SENAC, continuo a atuar com EAD
em diferentes locais, sempre dentro de uma linha de trabalho
colaborativo, na linha da formação de comunidades
virtuais de aprendizagem.
Entrevista
com Profa. Adylles Castello Branco. Pedagoga com
mestrado em Psicologia da Educação, pela
PUC/SP e especialização em Educação
a Distância, pela UERJ. Consultora para planejamento
e implantação de projetos de Educação
a Distância. Desenvolvedora de cursos e treinamentos
de EAD para uma série de empresas, entre elas:
MiniWeb Cursos, ABED - Associação Brasileira
de Educação a Distância, Escola do
Futuro e Estudo, Estratégia e Informação.
Sócia Diretora da empresa Al Farabi - Tecnologia,
Informação, Conhecimento.