Imagem
do Brasil
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Acima, menina
não identificada.
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Vendedor de
vassouras, em São Paulo,1910
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O arqueduto da Carioca e o casario da Lapa,
no rio de Janeiro, em 1865
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Vista de Salvador em 1860
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Caminhos e fronteiras
O interesse pela história da fotografia e pelo estudo da documentação iconográfica é ainda recente no Brasil. Até o final da década de 70, tudo o que existia de material sobre o ramo eram crônicas, objetos nostálgicos, de lembrança, e não havia registro de nada feito de maneira sistemática. É só a partir de meados de 1980 que surgem as primeiras publicações nacionais e apenas na década seguinte trabalhos de cunho científico começam a ser desenvolvidos com maior freqüência dentro das universidades. Mesmo assim, incursões aprofundadas permanecem raras e, nesse sentido, a obra de Kossoy tem sido apontada por especialistas nacionais e internacioanis como pioneira.
Inicialmente apresentado na ECA como tese de livre-docência, em 2000, o Dicionário tem origens ainda nas pesquisas que Kossoy realizou para a sua tese de doutorado, defendida em 1979 e posteriormente publicada em livro. Nela, Kossoy buscou estabelecer as primeiras bases para uma compreensão gradativa da irradiação da fotografia no Brasil do século 19. Nesse trabalho, as características da expansão da atividade foram entendidas em conexão com a estrutura urbana da época e com sua configuração marcada pelo sistema colonial de produção. Mas sua maior contribuição, talvez, tenha sido começar a rastrear os fotógrafos desse período. A obra trazia uma relação de cerca de cem desses estrangeiros itinerantes que para cá vieram, acompanhada de um breve levantamento das datas em que atuaram e onde exerceram suas atividades. Estava criado o “embrião” para o rastreamento sistemático que o historiador passaria a desenvolver.
Apesar de incipiente, a lista acabou servindo como referência para outros pesquisadores e arquivistas, que passaram, eles também, a trocar dados com Kossoy. “Essa obra é como um jogo de quebra-cabeça que foi se armando, adquirindo dimensões enormes e se completando ao longo do tempo”, explica. Uma grande rede de colaboradores em todo o país foi sendo montada. Além disso, o autor foi colecionando dados em bibliotecas, arquivos públicos e coleções particulares. Kossoy concebe o Dicionário como uma obra aberta, em processo, e que deve ser completada em futuras edições com novas referências. “Com esses 900 verbetes, a minha esperança é que se tenha retorno de eventuais descendentes desses anônimos falando sobre acervos, sobre dados, enfim, como eles trabalhavam. Tudo isso deve ser somado ao que já existe.”
A
Praça dos Remédios, em Manaus, 1820
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A epígrafe do livro, tomada de Jorge Luís Borges – “O dicionário e a enciclopédia são os mais deleitáveis dos gêneros literários. Para os trabalhos da imaginação não há maior estímulo” –, parece revelar que o formato de dicionário não foi escolhido ao acaso. Através das mini-histórias desses anônimos, mostrando por onde passaram, como e com quem trabalharam, mostra-se a penetração da fotografia no território. Um subproduto do livro é um mapeamento da atividade fotográfica, em que são apresentados os profissionais que trabalharam em cada província, década por década.