AS
ORIGENS DO HOMEM
Durante
o período Paleolítico, iniciado
provavelmente a cerca de 2 000 000 de
anos, os grupos humanos surgiram, evoluíram
e se espalharam na superfície terrestre,
ligados ao movimento das quatro grandes
glaciações da era quaternária.
As
glaciações são fases
marcadas por tempestades de neve, ventos
violentos, frio rigoroso e empobrecimento
da cobertura vegetal da terra. Cada glaciação
é sucedida por uma fase interglaciária,
mais úmida e mais temperada, que
se instala progressivamente e na qual
a calota de gelo recua em direção
ao polo, a floresta reconstitui-se, os
rios retomam seu curso e o nível
do mar sobe.
A
extensão variável dos glaciares
condicionou os territórios onde
os antepassados do homem podiam circular(planícies,
grutas, abrigos, praias, etc) e onde foram
encontrados fósseis e indústrias
humanas. Nas regiões situadas fora
da influência glaciar(zona mediterrânea
e África), a cronologia climática
baseia-se na alternância de fases
úmidas e áridas.
É
difícil elaborar-se um quadro satisfatório
da evolução humana, visto
que não existem registros arqueológicos
completos. Atualmente aceita-se o seguinte
esquema básico de evolução:
há uns 7 milhões de anos,
de um grupo de driopitecos(também
chamados "procônsules) separou-se
o grupo dos ramapitecos, que constitui
a "ponte para o homem" e sobre
os quais existem pouquíssimos achados
arqueológicos. A eles sucederam-se
quatro estágios de hominídeos:
o australopitecídeo, o pitecantropóide,
o neandertalense e o moderno.
O
estágio australopitecídeo,
iniciado talvez há uns dois milhões
de anos, inclui achados fósseis
que podem ser reunidos em dois grupos:
os pequenos australopitecos e os grandes
australopitecos ou parantropos.
Os
pequenos australopitecos eram bípedes,
mediam cerca de 1,20m e pesavam entre
25 e 50 quilos, com capacidade craniana
média de 500 cm3 . Seus primeiros
fósseis foram encontrados na garganta
de Olduvai, Tanzânia, n África,
junto a seixos grosseiramente trabalhados
à mão.
A postura vertical trazia a vantagem de
libertar as mãos para a manipulação;
a associação dos movimentos
das mãos com os olhos estimulava
o cérebro. Assim, o bipedismo constituiu
uma base para as habilidades culturais.
Aos
australopitecos pequenos sucederam-se
os australopitecos grandes ou parantropos,
do tamanho de homens moderno, porém
com o cérebro de 600 cm3. Foram
encontrados em Olduvai e no Saara, na
África e em Java, na Indonésia.
A passagem do estágio australopitecídeo
ao estágio pitecantropóide
é um problema que cobre um vazio
de achados fósseis de 1,25 milhões
de anos. Deste período existem
achados de pedra, mas não de ossos.
Depois
dos australopitecos, os fósseis
encontrados foram classificados como pertencentes
ao estágio pitecantropóide.
Os primeiros pitecantropos ou "homo
erectus" datam de cerca de 500 000
anos e foram descobertos em Java (Indonésia),
Pequim (China), Heidelberg (Alemanha),
Tenerife (Marrocos, Olduvai (Tanzânia)
e na Hungria. Viveram na Segunda fase
interglaciária e seu cérebro
possuía capacidade craniana média
de 1 000 cm3.
Os
pitecantropos conheciam o fogo, fato que
lhes permitia habitar em cavernas e prolongar
o período das atividades, antes
limitado pelo cair da noite. Nas cavernas
onde moravam, inclusive em lugares muito
frios como na Europa, foram encontradas
boas quantidades de carvão acumuladas,
indicando que várias gerações
deles acendiam foguerias. Eram carnívoros,
andarilhos e praticavam a caça
de rastreio.
Proporcionando
luz para habitar as cavernas, calor para
enfrentar climas mais frios e um método
para preservar a carne, o fogo representou
uma grande revolução na
cultura dos hominídeos. E com sua
ajuda, provavelmente iniciaram a migração
pelo planeta, visto que os hominídeos
do estágio pitecantropóide
só não foram encontrados
na América e na Austrália.
Depois dos pitecantropos, há uma
nova lacuna paleontológica de mais
ou menos 400 000 anos. Só então
começam a aparecer os esqueleos
do homem de Neandertal.
Os
neandertalenses viveram entre 100 000
e 40 000 anos atrás e possuíam
uma capacidade cereberal próxima
à do homem moderno. Eles poderiam
ser descritos como possuidores de uma
caixa crianiana moderna e uma face próxima
à dos pitecantropos. Talhavam a
pedra com perfeição e praticavam
ritos funerários enterrando seus
mortos. Descobriu-se que um esqueleto
dessa espécie, desenterrado em
Shanidar, foram recoberto com oito espécies
diversas de flores. Ora, isso demonstra
a existência de ritos conscientes,
além de uma vida social organizada
tal qual a das tribos primitivas de homo
sapiens-sapiens.
Os
esqueletos sucessivos aos neandertaleneses
ssão denominados de Cro-Magnon
ou Homo sapiens-sapiens.
Foram encontrados numa localidade da França
que lhes deu o nome, a cerca de 35 000
anos, no Paleolítico superior.
O uso de instrumentos de caça provavelmente
ativou o desenvolvimento do cérebro
e a redução das mandíbulas
e dos dentes até então usados
como ataque e defesa.
O
homem de Cro-Magnon é o nosso antepassado
direto. Vestido como um homem atual, ele
seria indistinguível nas ruas das
cidades. Possuía estatura elevada
e capacidade craniana de 1500 cm3 em média.
Desenvolveu a linguagem articulada, fazia
instrumentos especializados para a caça
e a pesca e criou a arte rupestre e a
escultura.
Com
o aparecimento destes primeiros seres
modernos, a história física
do homem se transformou na história
de suas raças: pequenas subdivisões
internas que começaram a se formar
graças ao isolamento geográfico
e ao "genetic drift".
A
complexidade do cérebro humano,
no entanto, levou estes primeiros homens
a perceber que era possível interferir
na produção tanto das plantas
quanto dos animais de que tanto precisavam
para se alimentar. A experiência
de geração após geração
acabou por levar o homem a descobrir a
agricultura e a domesticação
dos animais. Foi um passo decisivo para
a transformação das sociedades
primitivas.
Entretanto,
é preciso lembrar que cada sociedade
encontrou suas próprias soluções
e respostas para os problemas que a sobrevivência
e o quotidiano iam colocando. Além
disso, muitas vezes, milhares de anos
transcorreram entre uma criação
e outra, em um processo contínuo
de experimentação que foi
construindo as marcas da passagem dos
homens pela terra.