Mulher na Antiguidade |
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Algumas dessas questões foram questionadas por crenças cristãs, mas o Cristianismo, assim como outras religiões da mentalidade predominante, mantêm a mesma postura com relação à mulher. A reivindicação Cristã que os homens e mulheres são espiritualmente iguais não teve nenhuma conseqüência mais prática, assim como a reivindicação filosófica que as mulheres podem manifestar as mesmas virtudes como os homens.
No entanto, o Cristianismo introduz uma prática que acomunava homem e mulher em um compromisso com Deus que podia requerer o abandono dos deveres com a família e Estado. Pela primeira vez, algumas mulheres podiam rejeitar o casamento e a gravidez, e viver em casa com suas mães, ou em solidão, ou em uma comunidade de mulheres. A oração e estudo de Bíblia podiam deslocar os afazeres da vida doméstica, as mulheres sempre puderam participar em cultos religiosos e fazer oferecimentos aos deuses, podiam alcançar fama duradoura dedicando à Igreja e ao serviço de Deus.
Pode-se surpreender pela depreciação geral Cristã da feminilidade naquele período, os sofrimentos que algumas mulheres infligiram a elas mesmas e as suas famílias, e o elogio que seus comportamentos evocaram. Não há como avaliar os lucros ou perdas espirituais. Mas poucos lucros práticos, não só para aqueles que ficaram famosos, mas para as mulheres pobres cujas vidas entram em enfoque. Algumas mulheres foram reconhecidas, pelo menos, como membros da Igreja, dando comida e vestindo aqueles beneficiados pelas pessoas ricas sobre quem elas não tiveram reivindicação pessoal, salva de morrer nas ruas, ou até mesmo levadas para as comunidades de mulheres cuja austeridade era o maior conforto que elas alguma vez tinham conhecido.
Desta feita, o trabalho realizado por Gillian Clark, só foi possível evidenciando vários aspectos sociais, culturais, religiosos, políticos, educacionais, econômicos etc. . E uma análise dessa temática a mulher na Antigüidade tardia, deve essencialmente considerar todos os agentes envolvidos, mesmo que a temática seja feminina, a pesquisa deve considerar homens e mulheres em um conjunto reflexivo. Nesse eixo, a tentativa é a de visualizar as mulheres como sujeitos sociais, bem como sua atuação com percursos próprios, agindo ou reagindo conforme os fatos históricos vão se construindo. A literatura trabalhada demonstra discursos que, de uma maneira ou de outra, foram práticas que determinaram também a vida das mulheres. Portanto, deve-se adotar uma postura crítica e de suspeita diante desses discursos e das imagens das mulheres e situá-las longe dos modelos e estereótipos, entre as mais diversas variações e mutações, e analisar as diversas faces das experiências das mulheres em um contexto mais amplo dentro de uma determinada dinâmica, de maneira a perceber a trajetória da construção de um imaginário em relação a elas. Imaginário masculino que as construiu e constitui ainda representações sobre o feminino.
Concluindo essas considerações evidencia-se que a construção das pesquisas sobre mulheres na Antigüidade tem tido sua trajetória marcada por numerosas reflexões permeadas pela busca de um modelo epistemológico adequado à especificidade do tema. Contudo, torna-se claro que é imprescindível a interdisciplinaridade, de forma a conduzir a leitura e análise das fontes documentais permeada por uma revisão metodológica constante e com uma abordagem multidisciplinar de modo que não se perca de vista a idéia de que em todos esses anos, praticamente no decorrer de todo o século XX, as discussões, críticas, avanços e retrocessos nessa trajetória de reflexão dinâmica constituem um legado que hoje pertence a todas as pessoas, mas ainda é necessário aprofundar as respostas para uma questão muito antiga: o que é ser humano e em que medida as ciências, humanas ou não, podem contribuir para essa definição.
A única possível conclusão é, quaisquer que sejam os trabalhos relacionados as Antigüidades, das mais distintas áreas do conhecimento, eles fornecem hipóteses reflexivas e de comparação que permitem levar mais longe a análise, e isto em todos os setores da ciência, contribuindo para um conhecimento mais profundo da história humana.
BIBLIOGRAFIA
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