Lições
|
|
|
|
O
problema: as escolas tinham necessidades específicas,
mas tratamento igual.
O que Nova York fez: deu mais autonomia às escolas,
que ganharam poder para selecionar seus professores e decidir
que tipo de assessoria pedagógica desejavam ter, podendo
inclusive contratar um grupo privado ou uma ONG. Cada escola nova-iorquina
administra um orçamento médio de 166 000 dólares
por ano.
Como é em São Paulo: tudo, da compra da merenda
à contratação de professores, é centralizado
nas secretarias de governo. Uma exceção, o programa
Dinheiro Direto na Escola, do MEC, repassa verbas de 10.000 reais,
em média, para consertos e compra de material escolar.
"Temos dificuldades legais e culturais para dar dinheiro
e responsabilizar a escola por suas ações",
afirma o secretário Paulo Renato Souza.
O
problema: faltava um diagnóstico preciso do
ensino.
O que Nova York fez: passou a aplicar cinco avaliações
por ano, de inglês e matemática, e a publicar os
resultados num grande banco de dados. O estudante e o professor
têm acompanhamento de perto e uma meta a perseguir. Há
uma equipe com a função de propor estratégias
de trabalho a alunos com defasagem.
Como é em São Paulo: as avaliações
oficiais como Enem, Prova Brasil e Sistema de Avaliação
de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp) foram
incorporadas ao calendário e têm servido para sinalizar
práticas que estão dando certo. Nos últimos
anos, as provas foram transformadas em metas de melhoria, com
o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica
(Ideb) e o do Instituto de Estudos Econômicos, Sociais e
Políticos de São Paulo (Idesp). Entretanto, ainda
falta orientação para que os professores compreendam
seus erros e acertos.
Foto: Enfrentamos resistência dos sindicatos, tivemos de mudar algumas leis e trocamos 80% dos diretores. Decidimos colocar as crianças em primeiro lugar." - Chris Cerf, subsecretário de Educação de Nova York.
O
problema: motivar os educadores a trabalhar por metas.
O que Nova York fez: combinou incentivos com sanções,
fazendo com que professores e gestores saíssem de uma zona
de conforto, criada pela estabilidade na carreira, que também
existe por lá. Uma escola que falha por dois anos em bater
sua meta corre o risco de ser fechada. Desde 2002, 95 unidades
tiveram esse fim. Depois, reabriram com uma equipe nova de educadores.
Como é em São Paulo: há um programa
de pagamento de bônus anuais a todos os funcionários
da escola, baseado na meta estipulada pelo índice do Idesp.
Na semana passada, o secretário Paulo Renato Souza enviou
à Assembleia Legislativa um projeto de lei para instituir
outro sistema de recompensa. Ele seria composto de provas a cada
três anos, por meio das quais os melhores professores teriam
aumento, independentemente do tempo de serviço. Falta um
mecanismo de responsabilização, ou punição,
especialmente dos diretores.
O
problema: diretores tinham estabilidade na carreira
e visão antiquada.
O que Nova York fez: mudou a lei para permitir aposentadorias
antecipadas e ameaçou com demissão os diretores
cujas escolas fracassassem por dois anos seguidos nas provas estaduais.
Em paralelo, criou um sistema de recrutamento, aberto a professores
da rede e profissionais de fora. Desde o início das reformas,
em 2002, 80% dos diretores foram trocados.
Como é em São Paulo: o diretor é titular
do cargo. Só sai quando se aposenta ou em raros casos de
falhas éticas ou desvios de verbas comprovados. Uma melhoria
tímida, iniciada neste ano, foi a estruturação
do curso de formação de educadores, no qual se ensinam
princípios de gestão. "Alguns obstáculos
legais, como a estabilidade na carreira, não deveriam ser
tolerados pela sociedade", diz Patrícia Mota Guedes,
coautora do estudo.
O
problema: os pais não acompanhavam a vida escolar
dos filhos.
O que Nova York fez: contratou um funcionário por
escola para ser a ponte entre os pais e o corpo pedagógico.
Como é em São Paulo: quase metade das escolas
estaduais fica aberta nos fins de semana, por meio do programa
Escola da Família. Essa é a iniciativa mais abrangente
entre as que buscam a aproximação da escola à
comunidade.
O
problema: crescentes casos de violência envolvendo
estudantes, dentro e fora da escola.
O que Nova York fez: assumiu a questão como um problema
de educação e não de polícia
ou da falta de estrutura familiar e deu autonomia (e recursos)
a cada instituição para buscar ajuda e propor atividades
extras.
Como é em São Paulo: dentro da Secretaria
de Educação formou-se, há dois meses, o Grupo
de Supervisão de Proteção Escolar e Cidadania,
que tem entre suas atribuições diagnosticar quais
são os episódios de violência mais frequentes
nos colégios paulistas.
Foto: Colégio Juarez Wanderley, em São
José dos Campos, mantido pela Embraer: campeão do
Enem
O
problema: sensibilizar a sociedade para as deficiências
na educação.
O que Nova York fez: facilitou a atuação
de ONGs e da iniciativa privada, na medida em que cada escola
podia travar parceria com quem quisesse. Surgiram programas como
o Teach for America, em que jovens egressos de universidades de
elite dão aula por dois anos, com bolsas de estudo e tutoria
proporcionadas por empresas como Google e McKinsey.
Como é em São Paulo: também há
programas interessantes em curso, especialmente com proposições
de gestão escolar. São raros os casos de colégios
"adotados" por empresas, como o primeiro colocado paulista
no Enem, mantido pela Embraer e localizado em São José
dos Campos. Ainda estamos numa fase anterior à nova-iorquina,
em que falta sensibilizar a comunidade para a gravidade da situação.
Pesquisa do Ibope realizada pelo Grupo Abril no ano passado revelou
que 91% dos brasileiros atribuíam nota superior a 5 aos
colégios de seus filhos ainda que o resultado nas
provas nacionais e internacionais seja pífio.
Fonte: www.educarparacrescer.com.br