Nossa crença a ser
defendida no artigo que se segue é que o
e-learning veio para apoiar a construção
de um novo modelo educacional centrado no aluno. A
escola necessita rapidamente se alterar para ser
de fato um local desafiador. Cremos que um dos
fatores que influencia a baixa performance
educacional brasileira está no modelo autoritário
e centrado no falso poder do conhecimento do
docente. Novos modelos e metodologias de ensino
serão necessários para estimular uma troca fértil
entre alunos e educadores. O e-learning
será com certeza um dos importantes agentes
deste processo de mudança.
Um ponto marcante, e
fundamental para a estruturação de uma linha de
raciocínio neste sentido, é a importância dada à
informação. Ao mesmo tempo em que é dada ênfase ao
conhecimento como pilar desta nova era, a palavra
informação adquire importante significado na
sociedade atual. Houve, inegavelmente, um grande
avanço tecnológico e a informação aparece como
‘personagem' de destaque neste período, em função
da facilidade com que pode ser acessada e de sua
disponibilidade para pesquisas.
Ainda analisando o
cenário atual, pode-se chegar, a partir da
discussão sobre informação e conhecimento aliados
à tecnologia, ao conceito de Ciberespaço. Assim se
refere Lévy (1999) ao espaço de comunicação aberto
pela conexão mundial de computadores. A informação
transita com maior rapidez neste ambiente, de modo
que a sociedade possa lhe ter acesso imediato e
utilizá-la cada vez mais como propulsora do
conhecimento.
Diante dessas
perspectivas, cresce a importância dada na
literatura especializada a modelos e metodologias
de ensino a distância. Principalmente através da
progressão tecnológica, a internet constitui o
ambiente por excelência para uma nova alternativa
educacional –o ensino on-line . Existem
diferentes abordagens dessa modalidade, com base
neste ambiente tecnológico: a que é feita
totalmente a distância e aquela que integra, na
metodologia adotada, instâncias virtuais e
momentos presenciais.
Lirismo
tecnológico – Gadotti (2000) acredita que
a presença do computador na era da informática
fará uma enorme diferença para a educação, vindo a
ser, pelo menos, um grande referencial para o
nível de informação de cada um. Por outro lado,
ele alerta para o risco de se cair no “lirismo
tecnológico” e deixa claro que, no caso da
educação, os conteúdos armazenados através dos
recursos tecnológicos jamais irão substituir a
orientação docente.
É certo e importante
ressaltar que a educação on-line não é ainda a
tradução exata de EAD. Em razão das desigualdades
gritantes que ainda existem no Brasil, somente a
minoria da população tem acesso a recursos
tecnológicos, sobretudo internet. Desta forma, há
ainda pelo menos uma década para que a base da
educação on-line seja consolidada na sociedade.
Outro ponto fundamental
a destacar é a defesa do e-learning
integrado ao modelo presencial de educação,
com diferentes pesos –dependendo da situação e do
curso– e nunca como substituto total do formato
presencial. A tônica das atuais discussões sobre o
tema é exatamente as possibilidades de mesclar
estas metodologias. A reboque desta proposta
podemos observar as críticas à utilização
descomedida dos recursos tecnológicos e seu
“endeusamento” como solução máxima da educação
contemporânea. Os “atores” do processo
ensino-aprendizagem são as verdadeiras figuras
principais e diferenciadoras do sucesso
educacional. A tecnologia sem o chamado “
peopleware ”, ou seja, a dimensão humana
da educação, não cumpre seu papel de
transformadora.
Apesar destes
pertinentes comentários críticos sobre a
utilização desses recursos tecnológicos na
educação é impossível não considerar os benefícios
que a metodologia de ensino a distância traz para
o alcance dos objetivos educacionais e a
possibilidade de mudanças que esta nova
ambientação representa. Passa a existir um terreno
fértil para a “desconstrução” dos papéis
educacionais e para o surgimento de um novo aluno,
de um novo professor, de uma nova escola.
Em função do que foi
discutido até aqui, entendemos que os sistemas de
educação a distância, na visualização de suas
vantagens, não chegam a eliminar por completo
todas as características do ensino tradicional.
Acreditamos, portanto, em um sistema misto, onde
diversas oportunidades de formação possam ser
apresentadas e adequadas a cada tipo de situação e
no qual as atividades presenciais se integrem com
as virtuais. As condições dos alunos, do teor das
disciplinas, ditarão as escolhas pedagógicas mais
eficientes para se chegar aos objetivos
educacionais traçados.
Em todo caso, convém
fazer, ao final deste artigo, uma análise crítica
do modelo discutido para que as aplicações venham
a ser realizadas de maneira responsável, sem
resistência ou apegos a preconceitos ou modismos.
Como nas demais opções, a educação a distância
on-line apresenta pontos positivos e negativos, o
que dá um certo equilíbrio a qualquer análise
feita sobre o tema. Alguns prós e contras são
apresentados abaixo:
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Pontos
Fortes: |
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• possibilidade de
modificações rápidas no conteúdo; •
foco no aluno, sendo este responsável pelo
andamento e freqüência de seu
estudo; •
flexibilidade de horário e acesso ao conteúdo;
• custos menores de manutenção do
curso, face à possibilidade de aumento no
número de participantes.
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Pontos
Fracos: |
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• reduzido acesso à tecnologia no
Brasil; • resistência à mudança na
cultura educacional do país (o foco ainda é
predominantemente no
professor); • maior risco de evasão,
caso não seja encontrada uma metodologia que
envolva aluno; •
custos maiores para implementação da estrutura;
• preparação do curso (planejamento,
concepção de estratégias, produção de
materiais didáticos etc.) mais
demorada e trabalhosa do que no
presencial. |
Alexandre
Mathias Diretor Geral da ESPM RJ
Tatsuo Iwata Neto
Diretor de Operações e Serviços da
ESPM RJ |