Sem perdão
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Não gostam dele, de modo geral, professores universitários, cientistas políticos, analistas da imprensa, economistas, grandes vultos da cultura nacional - e possivelmente, como diria a socialite-celebridade Eleonora Rosset, o resto da intelligentsia brasileira, de Marilena Chaui a Hebe Camargo. O desapreço por Fernando Henrique, enfim, acabou se tornando um fenômeno interpartidário. Começou com o PT e o fora FHC, por questões de estratégia e marquetagem política - era preciso desconstruí-lo, pois era ele o inimigo a abater. Com o tempo, os seus próprios aliados passaram a acreditar no que dizia o PT - e, por questões de estratégia e marquetagem política, decidiram afastar-se dele, convencidos de que FHC custa votos. Resulta que estamos na terceira campanha eleitoral seguida em que a prioridade do PSDB é fazer de conta que não tem nada a ver com Fernando Henrique. Ele foi o único presidente que o partido elegeu até hoje - já no primeiro turno, por sinal, das duas eleições que disputou. Mas desde janeiro de 2003 não serve mais; tornou-se, politicamente, uma espécie de portador de doença contagiosa.
Os pecados dos quais Fernando Henrique é acusado pelos que sempre foram seus inimigos políticos e pelos que deixaram de ser amigos são numerosos demais para caber numa mera página de revista. Há alguma coisa errada no Brasil? Deu problema? Está com defeito? A culpa é dele, e ainda não deu tempo para consertar. Entende-se melhor o espírito da coisa quando se verifica que a acusação talvez mais repetida descreve o ex-presidente como arrogante ou vaidoso - uma escolha realmente infeliz de palavras, pois comparado ao seu sucessor nesse quesito, justo nesse, o homem chega a parecer um monge trapista.
Mais que tudo, porém, foi vendida e comprada a lenda segundo a qual ele deixou o país em ruínas e passou uma herança maldita para o presidente atual. Mas o que aconteceu no mundo dos fatos foi exatamente o contrário. A verdade é que pouco do que existe de positivo no Brasil de hoje está ligado, de alguma forma, aos dois períodos de Fernando Henrique na Presidência. Não é preciso complicar as coisas. Foi seu governo que finalmente encarou e venceu a inflação no Brasil - ou teria sido algum outro?
Em cima desse alicerce, no qual não se mexeu em nada, foi construída a casa que está de pé até hoje, a começar pelos aumentos reais de renda que tiraram milhões de brasileiros da pobreza e que agora são descritos como a maior conquista da história nacional.
Para isso não há perdão.
Fonte: Veja Online
Nota MW: Compactuamos com o conteúdo exposto pelo jornalista José Roberto Guzzo em seu artigo. Nunca entendemos como e porque em 8 oito anos de governo petista foi desconstruida tão rapidamente a imagem de um homem que tanto fez pelo Brasil. Um homem que foi traído até mesmo pelo seu próprio partido. Estou chegando a conclusão que era ele realmente o "cara" a ser combatido pelo PT por sua competência administrativa anterior, sendo portanto a ameaça número 1. Falar mal de um homem por 8 anos, de herança maldita, etc.???? !!!!!!!! não é normal. Deixe que a História se encarregue disso se for verdade.