Iceberg
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Sob as ordens de Lula da Silva o Programa do Governo de Rousseff sofreu algumas modificações de cunho semântico para não ficar muito assustador para as zelites. Porém, mesmo tendo se alterado algumas palavras manteve conteúdo totalitário. Além de estatizante, o que foi corroborado pela candidata em discurso, as diretrizes aprovadas contemplam, entre outras coisas: compromisso com a jornada de 40 horas; combate ao monopólio dos meios eletrônicos de informação, cultura e entretenimento e reativação do Conselho Nacional de Comunicação Social; atualização dos índices de produtividade das propriedades rurais passíveis de desapropriação, ampliação de restrição de compras de terras por estrangeiros, revogação da MP anti-invasão editada por FHC; tributação sobre grandes fortunas; apoio incondicional ao Programa de Direitos Humanos.
Traduzindo: duro golpe na classe
empresarial, sobretudo, nos pequenos e médios
empresários; censura férrea dos meios
de comunicação, o que deve atingir a
Internet; golpe mortal no agronegócio, o grande
sustentáculo de nossa balança comercial,
com previsível expropriação de
terras para serem doadas aos sem-terra; punição
para a riqueza dos outros, é claro.
Quanto ao Plano de Direitos Humanos, coroa e enfeixa
o Programa Rousseff. Naquele calhamaço não
se poupou afrontas às instituições
que antes eram os pilares mais importantes da sociedade:
Igreja, Forças Armadas, Mídia, Justiça,
além do bombardeio ao direito de propriedade.
Impressiona que estas instituições tenham
aceitado ao longo de quase oito anos, com complacência
bovina, tudo o que Lula disse e fez junto com seu
governo. A propaganda, o culto da personalidade e,
sobretudo, nossa cultura permissiva fez pobres e ricos
acharem natural impostos escorchantes, corrupção
deslavada, Planos fracassados, falta de infra-estrutura,
Saúde em condições de descalabro,
Educação no fundo do poço em
termos de qualidade, deturpação de dados
econômicos.
Impressionante mais ainda no momento a falta de reação
das instituições que serão frontalmente
atingidas se Rousseff conseguir chegar à presidência,
deixando-se, então, levar por seus influentes
mestres, entre eles, Marco Aurélio Garcia ou
apoiadores externos entusiastas como Hugo Chávez
que já se colocou à disposição
da candidata do companheiro Lula.
Esperto, Lula da Silva minimiza o Programa de Governo
de sua afilhada, enquanto análises tranquilizantes
ecoam pela imprensa referindo-se ao pragmatismo petista
que tomou gosto pelo capitalismo e não quer
ver escoar pelo ralo a estabilidade econômica
adquirida no governo de FHC. Também o fisiologismo
do PMDB, que fará o vice na chapa de Rousseff,
acena com alguma possível brecada nos radicalismo
petista, mas apenas naquilo que possa atrapalhar os
interesses peemedebistas.
Entretanto, alguns sinais inquietantes, como a volta
da inflação e a deterioração
das contas públicas deveriam deixar as instituições
pelo menos mais atentas. De modo algum parece que
isso está acontecendo. Ao radicalizar e afrontar
à vontade o PT parece sinalizar a certeza de
sua continuidade. E é como se dissesse: se
tudo correu facilmente durante oito anos, sem oposições
partidárias ou institucionais, agora faremos
o que quisermos e seremos de novo aceitos, como se
dizia antigamente, na lei ou na marra,
De tudo isso se conclui que no momento somos como
os alegres passageiros do Titanic um pouco antes do
navio bater no iceberg. Haverá tempo e meios
de escapar do naufrágio? As urnas dirão.
Maria Lucia Victor Barbosa é socióloga.
mlucia@sercomtel.com.br
Fonte:
www.maluvibar.blogspot.com
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