Escola pública
da Grande SP obriga alunos a rezar antes da aula
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VERGONHA
Antes, rezava porque tinha vergonha de ficar quieto. Agora não tenho rezado mais, afirma Guilherme Marçal, 13, do 9º ano, que se declara ateu.
Ele contou à mãe (católica) e ao irmão mais velho (ateu) que se sentia constrangido com o olhar de reprovação dos colegas e professores diante do seu silêncio -o que os levou a reclamar à escola; como resposta, disseram ter ouvido que a maioria concordou democraticamente.
O irmão de Guilherme, o professor de história Wanderson Marçal, 21, afirma que a oração diária acontece ao menos desde o ano passado.
Mães disseram que o pai-nosso foi combinado pela direção quando o ano letivo começou. A iniciativa da reza é da diretora Rosa Machado, que, indagada, orientou a reportagem a falar com a Secretaria de Estado da Educação.
O 9º ano, o mesmo de Guilherme, ficou abaixo da média no último Idesp (índice de avaliação do governo).
SEM PAI-NOSSO
Ontem, procurada pela Folha, a Secretaria da Educação proibiu a prática do pai-nosso e decidiu afastar a diretora preventivamente para apurar o fato.
A secretaria não compactua com o desrespeito ao preceito constitucional da laicidade do Estado e do ensino público, que acarreta o desrespeito ao direito de liberdade de escolha religiosa por parte dos alunos e familiares, diz a pasta, que não permitiu que a diretora falasse.
Na terça, a Folha revelou que um aluno de uma escola estadual de Miraí (MG), ateu, disse que uma professora o perseguia por ele não rezar. A professora não quis falar.