Dilma e os patos
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Por que isso? Dilma Rousseff tinha prometido comparecer ao debate promovido ontem pela TV Canção Nova e pela Rede Aparecida de Comunicação, emissoras de rádio e TV católicas. Deu o cano. Faltou. Alegou problema de agenda. Enquanto o debate corria, a candidata postou no Twitter: Olha q interessante, o Pato Fu interpretando músicas de sucesso usando instrumentos de brinquedo. Alertado por assessores, o candidato Plínio de Arruda Sampaio, do PSOL, levou a informação ao ar: Sabe o que ela está fazendo? Tuitando! ( ) Os meus tuiteiros disseram que ela está agora assistindo a uma banda chamada Pato Fu.
Dilma ou quem quer que escreva o seu Twitter estava fazendo chacota dos seus adversários e, obviamente, dos católicos, que, estou certo, gostariam de ouvi-la sobre alguns temas, especialmente porque a candidata acaba de assinar uma Carta ao Povo de Deus, em que procura negar o seu óbvio alinhamento com a legalização do aborto, tese que já chegou a defender claramente em entrevista. Não só isso: o decreto do Programa Nacional de Direitos Humanos, que ganhou forma na Casa Civil, fazia a defesa explícita da legalização.
Por que Dilma faltou com a palavra empenhada e preferiu ficar assistindo a um vídeo do Pato Fu? Porque considera que a eleição já está no papo e que o confronto entre os candidatos não é mais matéria do seu interesse. Supostamente detentora dos votos de que precisa para se eleger, não se sente na obrigação de explicar mais nada a ninguém. Candidatos não são obrigados a participar de debates, é claro a menos que tenham se comprometido a fazê-lo.
A ausência busca caracterizar, no extremo da arrogância, o evento como um encontro de derrotados. Dilma, a rigor, nunca quis saber dos eleitores porque tem aquele que considera o único eleitor realmente relevante: Lula. O resto é só um bando de patos fu
Por Reinaldo Azevedo
Tags: Dilma, Sucessão 2010