Jean
Baptiste Debret (Paris, França 1768 -
idem 1848) integra a Missão Artística
Francesa, que vem ao Brasil em 1816. Instala-se
no Rio de Janeiro e, a partir de 1817, torna-se
professor de pintura em seu ateliê. Em
1818, realiza a decoração para
a coroação de D. João VI,
no Rio de Janeiro. De 1823 a 1831, é
professor de pintura histórica na Academia
Imperial de Belas Artes, no Rio de Janeiro,
atividade que alterna com viagens para várias
cidades do país, quando retrata tipos
humanos, costumes e paisagens locais. Por volta
de 1825, realiza gravuras a água-forte,
que estão na Seção de Estampas
da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Em
1829, organiza a Exposição da
Classe de Pintura Histórica da Imperial
Academia das Belas Artes, primeira exposição
pública de arte no Brasil. Deixa o Brasil
em 1831, retorna a Paris com o discípulo
Porto Alegre. Entre 1834 e 1839, edita, em Paris,
o livro Viagem Pitoresca e Histórica
ao Brasil, em três volumes, ilustrado
com aquarelas e gravuras produzidas com base
em seus estudos e observações.
JEAN
BAPTISTE DEBRET: UM ARTISTA À SERVIÇO
DA CORTE PORTUGUESA NO BRASIL
A
primeira metade do século XIX nos permite
relembrar, e com muita satisfação,
da presença de grandes artistas franceses
no Brasil. Tal circunstância deveu-se
à intenção da própria
Coroa portuguesa em trazer cultura para o país,
na ocasião, recém ocupado pela
nobreza há apenas 08 anos. Destacaremos,
dentre os habilidosos "artistas-viajantes":
Jean Baptiste Debret, que segundo a autora Valéria
Lima, fora o mais requisitado e competente,
naquilo que pretendia revelar por meio da arte.
O que pretendemos mostrar neste humilde artigo
é o interesse, por parte dos expectadores,
quanto à "realidade" inserida
nas obras de Debret quando da sua "missão
artística" aqui no Brasil. O artista
francês foi "convocado" pelo
Príncipe Regente de Portugal, D. João
VI - em 1816 a retratar todos os momentos ilustres
da monarquia.
Valéria Lima nos revela que Debret, em
sua interessante obra: "Viagem Pitoresca
e Histórica ao Brasil", permite
demonstrar importantes traços de sua
própria identidade e personalidade, distanciando-se
um pouco daquela idéia de apresentar
"imagens fiéis" da escravidão
negra no Brasil, e também sobre os "exóticos"
momentos da monarquia lusa, instalada no Rio
de Janeiro a partir de 1808. Debret sem dúvida,
foi mais do que um pintor oficial da nobreza,
também atuou com muita competência
na fundação da Academia Imperial
de Belas-Artes do Rio de Janeiro, contribuindo
como professor, cumprindo desta forma, outro
desejo do Príncipe D. João VI.
Com o grande
projeto Viagem pitoresca e histórica
ao Brasil, Debret revela sua profunda relação
pessoal e emocional, adquirida em sua permanência
no Brasil por 15 anos. Em 1831 o pintor solicitou
licença ao Conselho da Regência
para retornar à França, alegando
problemas de saúde. Dois motivos o levaram
a tomar tal atitude: primeiro para juntar-se
a sua família e segundo, tão importante
para o artista quanto o primeiro, era organizar
o primeiro volume de sua obra Viagem pitoresca
e histórica ao Brasil.
Valeria
nos lembra bem que neste período o Brasil
encontrava-se em processo de formação
de sua própria história, inclusive
como nação "independente".
Debret preocupou-se
muito com os textos que acompanhavam suas imagens,
demonstrando certa fidelidade ao sentido literário.
Tal postura não era comum em outros "artistas
- viajantes". Muitos pintores não
se preocupavam demasiadamente com o sentido
dos textos comparando-os com as ilustrações
contidas em seus trabalhos.
Esse desejo, por parte do pintor em resgatar
costumes e acontecimentos do passado brasileiro
evidencia a importância de sua estada
ao Brasil durante esses 15 anos. Muitos acreditam
em não haver nenhum tipo de contribuição
por parte do artista para história do
Brasil.
A
Formação de Debret
A
formação cultural de Debret se
desenvolveu em meio a conturbados momentos políticos
da França revolucionária. O artista
passou a fazer parte do grupo de pintores responsáveis
pelas imagens de atos históricos e heróicos
de Napoleão Bonaparte. As academias francesas
de arte até este momento, preocupavam-se
com o resgate da historia antiga, trazendo,
desta forma, a intenção de elevar
a moralidade social da época. Com a "intervenção"
de Bonaparte, o cenário é alterado,
pois os pintores agora teriam de se preocupar
em revelar, com praticamente nenhuma liberdade,
assuntos pertinentes à história
contemporânea, da qual o próprio
Imperador era protagonista.
É
interessante notarmos que o cenário que
antecedeu a vinda do pintor francês a
terras brasileiras estava um tanto quanto conturbado.
Não podemos esquecer que Napoleão
praticamente expulsou a Coroa portuguesa, que
na ocasião, fugira para o Brasil. Em
1808 D. João e mais 15 mil pessoas que
acompanhavam a Corte, desembarcaram no Rio de
Janeiro. Neste mesmo período, os portugueses
estavam de relações políticas
e sociais, completamente cortadas com os franceses.
Diante desta dimensão, talvez seja oportuno
perguntarmos, qual seria o objetivo, por parte
dos portugueses, em trazer artistas franceses
para prestar serviços à monarquia
no Brasil. Podemos, no entanto, destacar alguns
fatores correspondentes à questão:
Segundo a autora, o próprio Debret, como
mencionamos anteriormente, fez parte dos pintores
"oficiais" designado a retratar momentos
gloriosos de Napoleão Bonaparte. Por
outro lado, não podemos deixar de mencionar
a cultura italiana que, por muitos séculos,
formou grandes artistas como Michelangelo, Leonardo
Davinci, dentre tantos outros. A Itália
dominou, de forma soberana, o cenário
artístico até meados do século
XVII.
Fonte:
HistóriaNet
- ClioHistória
REFERÊNCIA
BIBLIOGRÁFICA
LIMA, Valéria - Uma Viagem com Debret,
{coleção: Descobrindo o Brasil}
Ed. Jorge Zahar, RJ - 2004.
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