Platão

Platão - (429–347 a. C.)

Sua vida e suas obras

Platão, filósofo grego, nasceu em Atenas e se destacou entre os pensadores mais influentes da civilização ocidental. Platão foi um brilhante escritor e filósofo. Seus diálogos abordaram praticamente todos os tópicos que vieram a ser discutidos por filósofos que se seguiram a ele. Suas obras fazem parte da mais reconhecida literatura mundial.

SUA VIDA

Platão nasceu em uma família aristocrata de Atenas. Filho de Ariston e de Perictione, Platão pertencia a uma família tradicional de Atenas e estava ligado, pelo lado materno, a figuras importantes do mundo político. Sua mãe descendia de Sólon, o grande legislador, era irmã de Cármides e prima de Crítias.

Além disso, num segundo casamento, sua mãe Perictone casa-se com Pirilampo, personagem de destaque da época de Péricles. O pai de Platão era descendente do rei Codro, o último rei de Atenas.
O local de nascimento de Platão é incerto. A grande maioria dos autores defende que o seu nascimento terá ocorrido em Atenas, mas poderá ter sido na ilha de Égina, como defendeu Diógenes Laércio, havendo ainda quem o considere tebano.

A possibilidade de ter nascido na ilha de Égina é reforçada pelo facto de seu pai, Ariston, ter liderado a colonização desta ilha pelos atenienses em 432/1 a.C.

Embora se saiba pouco sobre a infância de Platão, pensa-se que, pertencendo a uma família aristocrática, a sua educação seguiu os moldes educacionais gregos que então vigoravam seguramente preenchida com as actividades físicas e musicais que eram apanágio da antiga paideia.

Platão estava destinado a participar activamente na vida política de Atenas e para isso "recebeu a mais completa educação, aquela que então se admite ser a mais própria para aguçar a inteligência, para domar a palavra com vista à prática política," (A.Bonnard, 1980:522).

Desde jovem, Platão tinha ambições políticas, mas logo se decepcionou com a liderança política de Atenas. Platão se tornou discípulo de Sócrates, seguindo sua filosofia e aderindo ao método por ele utilizado: a busca da verdade através de perguntas, respostas e mais perguntas.

Platão encontrou Sócrates pessoalmente quando tinha vinte anos (e Sócrates sessenta e três). Após este encontro, e durante os oito anos seguintes, foi um fiel seguidor de Sócrates, assistindo às discussões em que Sócrates constantemente se envolvia, às acusação de que foi alvo e à sua condenação à morte.

Seu professor, Sócrates, não escreveu seus ensinamentos. Platão, como discípulo de Sócrates, escreveu muito dos ensinamentos que lemos dele. Porém, nos diálogos, Platão faz do personagem Sócrates porta-voz de seus próprios pensamentos, de modo que é difícil estabelecer quais são os ideais de Platão e quais são os de Sócrates.

A morte de SócratesEm 399 a.C. Platão testemunhou o julgamento e a condenação de Sócrates, tendo sido acusado de corromper a mente dos jovens e não acreditar nos deuses. Após a execução de Sócrates, revoltado com a democracia Ateniense e talvez preocupado com sua própria segurança, e desiludido com a democracia ateniense, Platão abandona Atenas durante doze anos. Refugiou-se em Mégara com alguns amigos, num círculo de estudos em torno de Euclides, descípulo socrático e o pai da geometria, e aí permaneceu cerca de três anos. Foi para a Sicília e para o Egito, onde passou aproximadamente dez anos viajando.

Em 387, com seu regresso a Atenas, Platão fundou uma Academia, uma instituição tida como a primeira universidade da Europa. A Academia oferecia um currículo de matérias tais como astronomia, biologia, ciências políticas e filosofia. Aristóteles foi o aluno mais famoso da Academia. A Academia de Platão se manteve em funcionamento por mais de novecentos anos.

Em 367 Platão retornou a Sicília tentando influenciar a política local com seus ideais, mas logo voltou a Academia em Atenas onde passou o resto de sua vida, com exceção de algumas viagens, onde ensinava e escrevia. Platão faleceu em 347 a .C., com oitenta anos de idade.

SUAS OBRAS

Fases dos diálogos

Os ensinamentos de Platão foram escritos em forma de dialogo, de uma conversa ou um debate entre várias pessoas.

Seus diálogos são divididos em três fases. A primeira fase é representada com Platão tentando comunicar a filosofia de Sócrates. Muitos dos diálogos tem a mesma forma. Sócrates encontra alguém que diz que sabe muito. Sócrates se diz ignorante a procura de conhecimento e faz várias perguntas, mostrando que aquele que se dizia mestre no assunto realmente não sabe nada.

Os diálogos da segunda e terceira fase relatam as próprias idéias de Platão, por mais que ele continue a utilizar Sócrates como personagem em seus diálogos.

Teoria das Formas

A parte central da filosofia de Platão é a teoria das formas, ou o mundo das idéias.

Idéias ou formas são arquétipos imutáveis. De acordo com Platão só essas idéias/formas são constantes e reais. Platão divide o mundo em duas partes – o mundo das idéias, onde tudo é constante e real, e o mundo físico em que vivemos, onde o fluxo é constante e a realidade é relativa. As formas então mantém a ordem e a estrutura das idéias do mundo.

Platão distinguiu entre dois níveis de saber: opinião e conhecimento. Afirmações relacionadas com o mundo físico, Platão as considerava uma opinião, mesmo que estivessem baseadas na lógica ou na ciência. Segundo Platão, o conhecimento é derivado da razão e não da experiência. Ele pregava que somente através da razão atingimos o conhecimento das formas.

Platão diz que as formas têm uma realidade que vai além do mundo físico por causa de sua perfeição e estabilidade. O mundo físico se parece com as formas, mas devido a constantes mudanças nunca chega a sua perfeição.

Um exemplo para entender a diferença entre o mundo das formas e o mundo físico é dado por Platão em termos matemáticos. Devido ao mundo das formas temos a concepção de um círculo perfeito – totalmente redondo, composto de uma série de pontos que apresentam exatamente a mesma distancia do ponto central. No mundo físico, porem, essa figura não é vista. Círculos nunca são desenhados perfeitamente. A idéia do círculo existe e é imutável, porem ela só pode ser conhecida pela razão e não pela experiência do círculo perfeito no mundo físico.

Platão aplica sua teoria a conceitos como beleza, justiça, bondade, entre outros. A pessoa é bela ou justa por que nela há algo que se parece com a forma do belo ou do justo, presente no mundo das idéias. O amor no mundo das idéias também é perfeito, daí vem a expressão amor platônico, utilizada nos dias de hoje.

"Os números governam o mundo. (Platão)"

Platão era um entusiasta da Matemática. Os grandes matemáticos do seu tempo, ou foram seus alunos, ou seus amigos. Nesse sentido, não se poderá deixar de referir que, à entrada da Academia, segundo fontes posteriores, se lia a máxima:

“Que não entre quem não saiba geometria”

Para Platão a Matemática é, antes de mais, a chave da compreensão do universo. Indagado certa vez sobre a atividade do demiurgo, respondeu:

“Ele geometriza eternamente”.

Além disso, a Matemática é o modelo de todo o processo de compreensão. Se a missão da filosofia é descobrir a verdade para além da opinião e da aparência, das mudanças e ilusões do mundo temporal, a Matemática é um exemplo notável de conhecimento deverdades eternas e necessárias independente da experiência dos sentidos. Como Platão defende na República, o filósofo deve saber matemática porque

“ela tem um efeito muito grande na elevação da mente compelindo-a araciocinar sobre entidades abstractas”

Platão sempre considerou que a ciência dos números ou aritmética se encontra acima de muitas outras que eram tidas como essenciais para as artes profissionais.

Ora, para Platão, a aritmética é muito mais do que uma simples ciência auxiliar para o combate. O seu valor não reside nas suas aplicações práticas. Sem ela o Homem não seria Homem. É com uma riqueza impressionante de análise que Platão determina o valor cultural da matemática como algo que purifica e estimula a alma, um saber que faz voar o pensamento para os objetos mais sublimes, que arrasta a alma para o Ser. A sua eficácia reside em facilitar, àqueles que para ela têm talento, a capacidade para compreender toda a classe de ciências.

Teoria Política

A República é a maior e mais reconhecida obra política de Platão. A obra se foca na questão de justiça: Como é um Estado justo? Quem é um individuo justo?

Segundo Platão, a melhor forma de governo é a aristocracia por mérito. Platão divide o estado ideal em três classes: a classe dos comerciantes, a classe dos militares e a classe dos filósofos-reis. Os filósofos-reis são encarregados de governar o país. As classes não são hereditárias, elas são determinadas pelo tipo de educação obtida pela pessoa. Com maior nível de educação a pessoa se pertence à classe dos filósofos-reis.

A República aborda diversos temas sobre justiça, governo e apresenta um governo utópico. Essa obra vem sendo amplamente lida através dos séculos, por mais que suas propostas nunca foram adotas como uma forma de governo concreta.

Conclusão

Platão escreveu sobre diversos assuntos, tais como ética, arte, teoria do conhecimento, entre tantas. Suas obras influenciaram e moldaram a filosofia ocidental. O intuito desse artigo foi apenas o de introduzir esse grande pensador. De nenhuma forma é possível resumir sua imensa contribuição à nossa cultura.

Curiosidades:

Amor Platônico – Platão era aluno de Sócrates. Tentando entender o motivo pelo qual seu grande mestre havia se matado, ele propõe a existência de dois mundos: Um chamado mundo sensível, aquele que você percebe com os cinco sentidos, e outro chamado mundo inteligível, que você só pode perceber com a inteligência, a mente. O mundo sensível é apenas um reflexo do que há de bom no mundo inteligível. Por exemplo, o amor perfeito só existe na mente das pessoas, mas o amor real (que se toca, se vive) pode ter falhas. Por isso, quem não vive o amor real, fica só na imaginação, vive um Amor Platônico.

Academia - A Academia original foi uma escola fundada em 387 a.C., próxima a Atenas, pelo filósofo Platão. Nessa escola, dedicada às musas, onde se professava um ensino informal através de lições e diálogos entre os mestres e os discípulos, o filósofo pretendia reunir contribuições de diversos campos do saber como a filosofia, a matemática, a música, a astronomia e a legislação. Seus jovens seguidores dariam continuidade a este trabalho que viria a se constituir num dos capítulos importantes da história do saber ocidental. A escola era formada de uma biblioteca, uma residência e um jardim. Pela tradição, este jardim teria pertencido a Academus - herói ateniense da guerra de Tróia (século XII a.C.), e por isso era chamado de academia.

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