Gestão do Conhecimento

Websites para a Gestão do Conhecimento

A Internet, maior repositório "vivo" de informações disponíveis a "todas" as partes deste planeta, é também um poderoso instrumento para disseminação de conhecimento, colaboração, comunicação e interatividade, principalmente através da World Wide Web, sua mais famosa aplicação.

A Web, um poderoso veículo de marketing, continuará evoluindo e crescendo funcionalmente, consolidando-se também como importante instrumento para educação, atendimento e relacionamento com clientes, parceiros, fornecedores, potenciais compradores e como importante meio para fazer negócios, divertir, aprender e uma infinidade de outras aplicações úteis, ainda inexploradas. Era uma vez uma época na qual garotos de catorze ou dezesseis anos, "experts" em informática, cobravam até mais de 100 dólares por hora de trabalho para consertar ou resolver problemas de computação, fosse em casas ou em escritórios. O caos parecia ter se instalado. Qualquer empresa, cujo diretor de informática, segundo um conhecido "guru" dos negócios da época, tivesse mais que doze anos de idade, estaria desperdiçando recursos! De fato, os indivíduos daquela época viviam um período de profundas transformações. Antigas leis e normas de comportamento já não serviam mais.

Mas como então deveria ser o website da empresa que se decide pela Gestão do Conhecimento? O site da empresa que pratica Knowledge Management é diferente dos sites de empresas tradicionais? Como o site poderia apoiar estratégias e propósitos de KM? O que poderia ser mudado no site da empresa a partir da adoção de iniciativas de KM?

No contexto da Gestão do Conhecimento, os sites da maioria das empresas deveriam sofrer mudanças e evoluir na mesma proporção do amadurecimento do programa de Gestão do Conhecimento, sendo totalmente redesenhados com foco em três aspectos principais:

No contexto da Gestão do Conhecimento, os sites da maioria das empresas deveriam sofrer mudanças e evoluir na mesma proporção do amadurecimento do programa de Gestão do Conhecimento, sendo totalmente redesenhados com foco em três aspectos principais:

1- Apoiar as estratégias, práticas e iniciativas de KM (integração, colaboração, aprendizagem, serviços, aplicações, etc.)

2- Suprir as demandas internas de conhecimento através de aprendizagem interna e externa.

3- Efetivar a oferta e a entrega de conhecimentos ao meio externo, aproximando aquilo que a empresa sabe e aquilo que seus clientes e mercados precisam saber a respeito da empresa, produtos e serviços.

A partir da definição das estratégias de KM e através de relacionamentos efetivos, espera-se obter um site ousado, que tanto empurre conhecimento ao ambiente externo, quanto atraia (e apreenda) novos conhecimentos do mercado.

Apropriando-se de soluções tecnológicas como vídeo e áudio conferência, poderosos canais de comunicação, integração com handhelds e telefonia móvel, os websites permitirão não só interagir mais eficazmente com os clientes e o mercado de maneira geral, mas também atendê-los on-line, aprender com eles, resolver seus problemas à distância instantaneamente, realizar pesquisas interativas com resultados imediatos e ensiná-los, caracterizando uma nova era da comunicação nos negócios.

A idéia é que as práticas de KM gerem reflexos nos sites institucionais e que as empresas passem a utilizar a Internet e recursos de tecnologia da informação para estabelecer relações de cooperação e de aprendizagem intensiva, garantindo que o site seja moldado em sincronia com o processo de evolução do programa de KM. Seja através de um site Internet ou de uma extranet, as empresas, cada vez em maior número, se dedicarão à criação e manutenção de aplicações integradas à Web, consolidando canais de comunicação específicos, dedicados ao relacionamento com parceiros, fornecedores, clientes, consumidores, acionistas, investidores e, de maneira abrangente, com a sociedade.

Os sites não deverão apenas prestar atendimento e serviços aos clientes, sendo integrados a diversos outros pontos de contato na empresa, mas também reforçar e apoiar a estratégia de Gestão do Conhecimento das empresas, executando a intenção e mantendo coerência de KM em todas as páginas e serviços oferecidos, seja entregando o conhecimento, exibindo positivamente aquilo que a empresa sabe ou enfatizando seus diferenciais competitivos baseados no conhecimento coletivo.

Saindo de objetivos primários como apenas expor produtos e serviços, os websites valorizarão os ativos intelectuais da empresa, criando contextos para sua oferta, exibindo sua capacidade de criação de valor, aumentando o entendimento e a percepção desses valores pelos compradores atuais e potenciais e possibilitando ainda, na empresa, a captação de novas demandas e oportunidades para aplicação de conhecimentos, necessidades e expectativas do mercado em geral.

O novo site, tal como um imã, deverá promover a atração de talentos, permitindo que pessoas se sintam atraídas e motivadas a colaborar, encontrando nele razões como: potencial da empresa, capacidade de sobrevivência no futuro, valor transferido aos clientes e aos funcionários, diferenciais agregados nos produtos e serviços, oportunidades e desafios de carreira, empenho social e etc, permitindo que novos talentos se sintam estimulados a entregarem seus currículos a partir da própria Internet.

Com mesma intensidade, deverá oferecer informações aos acionistas e futuros investidores, promovendo também a atração destes. Também apoiará a publicação tanto das ações sociais (Balanço Social) quanto do balanço do Capital Intelectual da empresa, explorando todo seu potencial de influenciar negócios.

O site ou portal da empresa que pratica KM, como vitrine do Capital Intelectual, precisará pensar de modo diferecniado em seus vários públicos distintos, como investidores, talentos, clientes, fornecedores, acionistas, sociedade e parceiros, planejando estrategicamente cada interação e momento de encontro e contato com eles. O site deixará de ser feito para o cliente exclusivamente, sendo projetado para atender aos diversos interesses estratégicos da empresa e as mais diferenciadas expectativas e necessidades dos stakeholders.

Navegando pela Internet recentemente, encontrei alguns bons exemplos de empresas cujos sites encontram-se posicionados muito próximos daquele que pode ser considerado da empresa do conhecimento, ou no mínimo, estão caminhando para essa realidade. Entre os vários sites que visitei, o que mais gostei foi o site do Grupo Pão de Açúcar. Encontrei lá uma estratégia muito bem posicionada, próxima à mencionada aqui.

O site do grupo Pão de Açucar, entre outras coisas, oferece um canal de relacionamento com fornecedores (Central de Atendimento aos Fornecedores, Ombudsman do Fornecedor, Consolidando Parcerias, Agilizando Processos, etc), um apelo inteligente focando a atração de novos talentos ("Trabalhe com a gente: Conheça os principais programas de RH"), um canal de comunicação eficaz com o Cliente, um canal dedicado aos acionistas, um canal para os investidores, um canal de relação com a imprensa (divulgando informações e cultivando vínculos com a comunidade), além de um excelente canal para divulgação de ações sociais da empresa (educação, meio ambiente, cultura e esportes, entre outros).

Como pude notar, o posicionamento de websites orientados apenas ao cliente é a postura mais comum, a mais explorada entre as empresas. É também aquela que a maioria das empresas estão mais acostumadas. Na verdade, isso me leva a acreditar que estamos assistindo ao início apenas de uma assombrosa revolução em relação à prestação de serviços e obtenção de relacionamentos via Web. Mesmo a maioria das realizações na Web, dedicadas exclusivamente aos clientes, ainda são tímidas e meramente apontam em direção ao relacionamento e ao apoio à fidelização dos clientes.

Em relação à revolução do relacionamento pela Internet, há ainda que se chamar a atenção para outros desafios como a experiência oferecida de valor e a obtenção de atenção e fidelidade. Estas conquistas certamente serão fontes geradoras de riquezas, principalmente entre aquelas empresas pertencentes à próxima safra de "afortunados.pontocom", tornando-se mais comuns em companhias do conhecimento. Também não é pretensioso pensar em integração da cadeia de valor a partir da Internet, referindo-me aqui ao relacionamento com fornecedores, distribuidores, cadeias de logística e canais, entre outros.

O site ou portal institucional torna-se, assim, um forte aliado dos propósitos de KM, uma importante alavanca do conhecimento e, ao mesmo tempo, um instrumento destinado a facilitar a vida da empresa, colaborando efetivamente com o aumento da produtividade, inovação, aprendizagem, otimização dos processos, redução dos custos, geração de economias, provendo clientes, parceiros, investidores, talentos, potenciais compradores e fornecedores com experiências de valor e conquistando deles a admiração e atenção tão desejadas.

Certamente os sites continuarão evoluindo, passando a entregar serviços cada vez mais inovadores e sem precedentes. Oferecerão mais personalização e "customização" inteligente, identificando e individualizando necessidades de seus visitantes a partir da análise das expectativas e comportamentos dos internautas.

Em plena era do conhecimento, as empresas se esforçarão para revelar nos sites seus mais preciosos diferenciais competitivos, enfatizando os fatores que fazem dela uma companhia única. Muito provavelmente, saberão usufruir do grande potencial que a Internet tem a oferecer em termos de ensino e aprendizagem. Afinal, o e-Learning está aí e pode ser utilizado para capacitar não só os funcionários, fornecedores, parceiros e clientes, mas os cidadãos.

Desse modo, é interessante que a empresa preocupada com a gestão do conhecimento passe a olhar de maneira diferente para seu website, procurando repensá-lo em função dos processos de valor, evitando organizá-lo, ou refletir nele, informações e serviços de acordo com sua estrutura hierárquica ou departamental.

Também é importante ter consciência que o site amigo do conhecimento não é uma vitrine de loja de calçados que exibe seus mais belos pares, ou seja, que exibe literalmente seu conhecimento. Nenhum site deveria ser concebido sob esse aspecto. Ele deve ser sutil. Antes de tudo, deve ser uma vitrine das potencialidades, que trata de exibir aquilo que potencialmente a empresa sabe e pode fazer, deixando claro o diferencial de valor que há em tudo isso. O site amigo do conhecimento deve ainda ser capaz de gerar oportunidades de aprendizagem com o meio externo, deve prevê-las, tirar proveito e estimulá-las, deve atrair conhecimento, investidores, parceiros, admiração, atenção e oferecer experiências inesquecíveis e de alto valor.

A partir de seus diversos diferenciais, a empresa pode redefinir a estratégia de seu website e procurar reprojetá-lo de acordo com as pretensões de KM e à luz do conhecimento. Assim, a Internet será muito melhor utilizada e poderá colaborar no alcance dos objetivos de negócios, dos alvos de conhecimento e dos níveis de relacionamento pretendidos. Dessa maneira, poderá suprir a empresa, seus clientes e talentos das necessidades de conhecimento e informação, provocando redefinição de papéis, mudanças na interação com o mercado, otimização e criação de comunicação one-to-one com os stakeholders, melhorias na maneira de negociar, alterações no modo de aprender e ensinar e muitos outros fatores que ainda nem sequer somos capazes de imaginar.

Saulo Porfírio Figueiredo Pós-graduado em Engenharia da Informação, associado à SBGC - Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento e consultor nessa área pela Soft Consultoria. E-mail: sfigueiredo@soft.com.br.


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