Educação - Custos - Estratégia - Internet

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Movidas pela necessidade de cortar custos e prover acesso universal a conteúdos, muitas empresas no mundo estão desenvolvendo programas de e-training. O impacto global destes esforços ainda não está claro, talvez porque, segundo a Forrester, as empresas falham ao medir sua efetividade. Os principais problemas passam pelas más implementações, que se esquecem do necessário mix entre estratégias on-line e offline, pelos conteúdos estáticos e pelas barreiras culturais ao aproximarem-se destes sistemas.

O e-training entra em cena

Para realizar este informe, a Forrester entrevistou os training managers e knowledge officers de 40 companhias do ranking Global 2500. Baseado nas conversas que manteve com os homens encarregados de implementar as estratégias de e-training, a consultoria concluiu que a grande maioria das companhias estão usando páginas tipo HTML para ensinar seus empregados. As ferramentas de colaboração ao vivo, como o software de apresentação e o Web conferencing, têm um pequeno mas devotado grupo de seguidores.

 Entre outras conclusões extraídas das entrevistas, destaca-se que
As economias de custos e a conveniência são os motivadores primários para encarar uma tentativa de e-training. Os executivos que desempenham seus papéis nesta área são otimistas a respeito de como os esforços da educação on-line redundarão nestes dois benefícios primários.
Os departamentos de TI e vendas são os dos usuários primários deste tipo de sistemas. Mais da metade dos que responderam à pesquisa usam e-training para ensinar sobre programação e software aplicativo. As chamadas soft skills - como resolução de conflitos, management do câmbio e negociação - são temáticas bastante ignoradas.
Cerca de 77% dos entrevistados não têm medido o número de trabalhadores que utilizam as ofertas on-line. Adicionalmente, dois terços não medem a efetividade de seus e-programas.
Perguntados sobre os nomes de seus maiores desafios, os entrevistados identificam duas barreiras: os conteúdos estáticos e a resistência de seus empregados, que preferem os métodos tradicionais de aprendizagem.

Primeiros passos

Para a Forrester, existe uma série de fatores que impulsionam a adoção de técnicas de educação on-line. O fator número um, mesmo não sendo o mais importante, é que as aulas virtuais geram fortes economias de custo, comparadas com os métodos tradicionais. A IBM reportou economias de mais de US$ 80 milhões em viagens e alojamento durante 1999, ao desenvolver seu sistema de e-learning global.

O e-training, por outro lado, põe recursos educacionais de grande valor ao alcance dos trabalhadores, onde e quando precisarem. Isto faz com que as empresas possam responder mais rapidamente aos desafios competitivos, fornecendo cursos aos empregados sem gastos fixos, enviando treinadores a todo o mundo através da rede.

Finalmente, o mesmo meio eletrônico permite um feedback que consegue obter um círculo de melhora contínua.

Entretanto, estes fatores não chegam a garantir o êxito das iniciativas. A Forrester enfrenta uma série de inconvenientes que se dão atualmente. Os executivos de training admitem que poucas pessoas aderem aos cursos, sem contar com os fanáticos da tecnologia e agentes comerciais afastados da área de vendas. Os estudantes, além do mais, poucas vezes chegam ao final do curso: segundo as medições da Forrester, os cursos on-line sofrem deserções de até 8 por cento. Por outro lado, muitas empresas, seduzidas pela economia e facilidade de publicar conteúdos na Web, transladam manuais de instruções a páginas HTML estáticas. Este sistema é pouco efetivo, sobretudo considerando que a retenção do que é lido num monitor é 30% menor que a da leitura em papel.

A educação on-line deve crescer até um novo papel.

Para colher os benefícios do e-training, as empresas devem complementar a instrução tradicional com a potência da rede e atar esses esforços. Para fazer isso, as companhias devem adotar uma estratégia baseada em três pilares:

Explorar a interatividade das redes: além do texto, deve-se fazer uso de ferramentas de simulação, colaboração e personalização.

Sincronizar os esforços on-line e offline: as estratégias on-line devem se complementar com o ensino pessoal.
Concentrar-se em temas de negócios: os esforços de e-learning devem estar apontados para melhorar metas de negócios mensuráveis, como melhorar a produtividade do serviço ao cliente, aumentar o grau de resposta das equipes de venda ou tornar mais eficientes os quadros gerenciais.

Além da empresa

Hoje, as iniciativas de e-training estão enfocadas na melhoria das capacidades dos empregados internos. Porém, estes não são os únicos envolvidos nos processos de negócios da companhia. A maior oportunidade para o e-training é levar as iniciativas desenhadas para a empresa até aqueles que participam dos negócios da companhia.

Para os consumidores: as ferramentas usadas para treinar a força de vendas também podem ser usadas para educar os consumidores. Empresas como Hewlett Packard e Cisco permitem que seus clientes tenham acesso ao material educativo dos departamentos de suporte, vendas e marketing, com o benefício de ter menos chamadas ao call center.

Para os provedores: as empresas podem usar o e-training para modernizar a produção, o desenho e a entrega de produtos. Por exemplo, os designers de componentes da Motorola utilizam uma combinação de bases de conhecimento e apresentações on-line para educar os engenheiros da empresa Flextronics, tanto em Singapura como em Guadalajara, nas mudanças de processos de produção associados aos componentes que fabricam para a Motorola.
Para os partners: a educação on-line conecta as indústrias ao fornecer-lhes um contexto educativo e o suporte requerido para desenvolver contas conjuntas, para pesquisa, e desenvolvimento de capacidades de serviços ao consumidor.

Conselhos para a ação

Finalizando seu relatório, o pessoal da Forrester dá alguns conselhos a serem considerados antes de se encarar uma ação de e-learning. Um deles é avaliar as oportunidades on-line e definir quais são as restrições que se farão, ou seja, em que ponto e para que se gerarão economias: para maximizar os esforços em e-training, os encarregados do tema devem identificar os problemas de negócios que podem ser resolvidos mediante a aquisição de conhecimento, o desenvolvimento de novas capacidades e as modificações de conduta. E ali hão de se aplicar os novos programas.

Por outro lado, é necessário alinhar as compras de tecnologia com os padrões para a empresa: à medida que o e-training evolui para além dos projetos internos, até os parceiros e fornecedores, o software necessita ser interoperacional, com um front end elevado à Web. Portanto, as compras para e-training devem ser consistentes com as políticas gerais do departamento de TI de cada empresa.

Marcelo Cabrera © Intermanagers, 2001

  
  
 

Publicado 08/2001 - Intermanagers