João Pessoa - Número Um - Abril de 2000



A COMUNIDADE DA TERRA


Loreley Garcia (1)

Hannah Arendt descreveu a origem e o funcionamento da sociedade de massas. Interpretou o seu tempo, pois, para ela era imperioso compreender os caminhos tortuosos da História que levaram a humanidade a fabricar a morte em escala industrial nos fornos de Auschwitz. Toda a sua obra é uma tentativa de apreender algum sentido num mundo parece ter perdido todo o sentido. A análise da sociedade de massas, como uma das formas possíveis de socialização, daria as pistas para a compreensão do que aparentemente foi denominado loucura coletiva.

A sociedade de massas aparece como produtora de fenômenos singulares, entre eles o Totalitarismo. Somente numa sociedade estruturada nos moldes da sociedade de massas é possível pensar o extermínio como ação social e regimes de terror como o domínio total. O Estado Totalitário seria, senão a realização do ideal hobbesiano, o apogeu da forma Estado, ou seja quando há a maior concentração de poder sobre as esferas pública e privada. Não seria exagero afirmar que o habitat natural do Totalitarismo é a sociedade de massas; ele a mobiliza politicamente, dando a impressão de transportar a massa amorfa da apatia para a vida pública, para o ato de participar da História. Mas ação e impressão não são idênticas, a participação é uma miragem perseguida pelas massas com sofreguidão.

A sociedade de massas teria moldado um homem adequado aos seus desígnios seguindo padrões e critérios da produção industrial , ele é transformado em estatísticas, usado pelo sistema industrial até o limite e descartado quando superado.

"Vejam os proletários ingleses, o que o capital - ou seja, o trabalho deles- fez de seus corpos. Mas eles irão me dizer: bem é isso ou morrer...se alguém faz isso torna-se escravo de sua máquina, máquina de máquina, fodedor fodido por ela durante oito horas por dia...é por ser forçado, obrigado, por que se apega à vida? A morte não é uma alternativa a isso: é uma parte disso." (Lyotard apud Chatelet et alli, 1985)

O homem da sociedade de massas é aquele que fracassou na sociedade de classes , ele é um ser atomizado e individualizado por uma estranha socialização que a sociedade produziu . Não possui identidade relativa à classe, é um estranho ao mundo, não é parte dele, não mantém relações ou vínculos sólidos, vive no isolamento, é um ser supérfluo. Por ele ninguém se interessa, nem por suas opiniões. Numa sociedade extremamente hierarquizada, ele é o tapete.

O mundo torna-se tão insuportável, tão doloroso que as massas atomizadas buscam abrigo, amparo e proteção num mundo fictício, virtual. Só na sociedade de massas é possível virtualizar a intimidade em um peep show ou no tele-sexo.

O Estado patrocina a homogeneização e, a medida que generaliza, produz um considerável aumento do grau de individualismo; produz também uma sociedade fragmentada, competitiva e voraz na qual o indivíduo não se identifica com nada para além da mais absoluta superficialidade.

O conceito do princípio humano - antrophos - sofre uma grave alteração depois que o homem, tido desde o Iluminismo como um ser movido pelo dó, mostrou-se capaz de imprimir sofrimento indescritível a outro. A escravidão, a Inquisição, a tortura, os massacres já demonstravam a capacidade letal do ser humano, a grande novidade era que agora era produzida em escala, com eficácia e métodos industriais.

A sociedade de massas é a sociedade industrial moderna, nascida nas franjas da dissolução da sociedade de classes. Sua plena realização destruiria a vontade humana, destruindo não só a sociedade, mas a própria civilização. O risco da destruição da civilização esteve presente em todos os momentos do Totalitarismo, a vontade humana cede lugar à obediência cega tanto em Auschwitz quanto no Gulag:

"Os homens agem de acordo com valores a que são referidos, agrupando-se e compartilhando ou isolando e trocando segundo suas vontades, e com compreensão maior ou menor do que está em jogo." (Tönnies in Miranda,1995,p.152)

Hannah Arendt não faz referências a Tönnies, mas coincide com ele em, pelo menos, duas ocasiões. A primeira é no tocante à relação entre modo de produção e sociedade. Para ambos é a instituição da sociedade que permite o capitalismo e não o inverso.

A segunda coincidência entre os autores está no diagnóstico de superação deste tipo de sociedade. Para Hannah Arendt, que enfatiza o lado político, há que se resgatar o espaço público - koinon - para que se possa refazer a extinta comunidade política. O Estado seria substituído pelos Conselhos. Em Tönnies, a sociedade convive com as formas comunitárias e delas advém a possibilidade de superação da sociedade e seu produto: um indivíduo deformado e conformado pelas relação que estabelece com o mundo e com o outro. O Estado aparece como o inimigo.

Os tipos limites e transhistóricos são a comunidade (Gemeinschaft) e sociedade (Gesellschaft); vontade essencial (Wesenwille) e vontade reflexiva (Kürwille). Se a Wesenwille garante a reprodução das formas sociais e culturais, a Kürwille introduz elementos inovadores na mesma cultura, permitindo a transformação das formas sociais. A Wesenwille corresponde diretamente às formas comunitárias, nela a racionalidade "refere-se a uma fruição direta proveniente dos atos, dos sentimentos positivos como amor, solidariedade, consciência, manifestos na ação e relativos aos membros da comunidade unificada" (ibid,p.155).

Em Tönnies a racionalidade é historicizada e socialmente determinada. O que é considerado racional na forma comunitária é a vontade em consonância com os objetivos coletivos. A Kürwille é uma vontade de outra natureza, corresponde à forma societária de socialização, nela o racional alia meios a fins com o uso do cálculo e da oportunidade, objetivando a eficácia. O meio em si não conta para a ação, ela é sua realização. Na Wesenwille a ação já é um fim em si, ela é vivenciada integralmente e não como uma passagem para um objetivo outro. A mesma medida que é individualista, já que o indivíduo está separado da coletividade na perseguição de seus objetivos, ela socializa o objetivo, também socialmente determinado.

A ação ecológica seria um ato de Wesenwille, racional e atrelada ao sentimento de unidade com o meio natural. Ela reforça a idéia de que a razão varia de acordo com o quadro de valores que servem de referencial (ibid,p.157). O uso da floresta para produção de bens implica numa razão que não se associa àquela que leva naturistas ao ato de contemplação do belo ou a desenvolverem atividades de preservação e regeneração ambiental por amor ao meio natural. O ambientalismo de resultados, fundado na perspectiva antropocêntrica, é fruto da racionalidade típica da Kürwille.

Se a modernidade industrial, que tem na Kürwille a forma hegemônica de razão, separou a razão dos sentimentos; nas formas comunitárias reaparece a junção entre a razão e o sentir, gerando uma razão ampliada mais próxima ao conceito de Wesenwille, no qual estão contemplados os desejos humanos e as necessidades do ambiente, é esse tipo de razão que respalda as ações ecológicas. "A reflexão, fundada na memória, fundamenta-se no prazer, conduz à reciprocidade, à busca de continuidade e aumento" (ibid,p.157).

Racionalidade e irracionalidade definem-se não só no âmbito das culturas mas também nas formas de socialização, variando no tempo e no espaço.(ibid,p.157)

A razão historicizada ora se manifesta como Wesenwille, ora como Kürwille. Na intersecção de ambas estaria a chance da reconstrução da unidade interior e exterior, a chance do retorno do homem à natureza reconhecendo-se nela e estabelecendo uma relação de pertencimento (Gehörigkeit). "Essa seria uma forma refinada de Kürwille e que por isso retorna dialeticamente à Wesenwille"(ibid,p.159) :

"Essa racionalidade superior retoma um conceito de humanidade onde um e mesmo estão em unidade na coletividade e reforçam os laços...Restabelecido nexo entre razão e prazer, meios e fins, restaura a unidade com a inteligência e a afetividade. Interiorizando a humanidade como produto cultural e exteriorizando- a pela produção de cultura que se reconstitui a unidade interior-exterior e se afirma a superioridade para a espécie humana das formações comunitárias".(ibid,p.159)

A superação da modernidade, da sociedade industrial não implica num retrocesso a um passado nostálgico, tão presente na sociologia que faz a crítica do seu tempo, mas aponta para o Pós-moderno e o Pós-industrial, a partir da recuperação de formas de socialização e formas de racionalidade que foram arrebatadas com a modernidade. Mas esse movimento restaurador não resgata o produto original, porém um produto contaminado pela passagem de dois movimentados séculos. A associação entre planetarização e o resgate da comunidade não é uma contradição entre termos, mas uma possibilidade histórica.

No ecologismo, o conceito de humanidade é ampliado por uma identidade formada entre o humano e as outras formas de vida. Essa identidade cria uma nova cultura pautada em uma nova relação entre homem e natureza.

A mudança se dá na esfera dos valores, que tem que preceder ou ocorrer em conjunto com o processo de revolução. Tönnies não vê a mudança com a permanência do Estado, para ele, o constituinte da sociedade, porque uma "destruição da sociedade fundada em valores societários, só pode levar a outra sociedade" (ibid,p.160):

"O Estado unitário, a opinião pública, e as instituições aparecem ao povo como um poder frio e estranho. Parece autorizado por todos, contém sua vontade mas se opõe às necessidades e desejos de todos, protege a propriedade que não possuem, constrange a lutar por uma pátria que não é seu lar. O Estado é o inimigo." (ibid,p.161).

Aqui Tönnies aproxima-se de textos de Kropotkin, é essa versão tönnesiana que é resgatada pelo ecologismo alemão e não aquela irracionalista, romântica e nostálgica descrita por alguns autores marxistas. À diferença de Marx, para Tönnies, o capitalismo só é uma forma histórica produzida pela sociedade e não o produtor da sociedade. Teria sido a sociedade como forma de socialização que permitiu o capitalismo. A sua superação passaria pela substituição da sociedade por uma forma emancipadora de agregação social.

Tönnies morreu em 1926, viveu a República de Weimar e o hitlerismo. Hannah Arendt também participou desse tempo de ebulição cultural e política, assim como da sensação de fim dos tempos que a Segunda Guerra proporcionou a pensadores como Benjamin que, não resistindo, nega-se a continuar partilhando a Terra com a "banality of evil".

Tendo vivido à beira do fim do mundo, um momento extremamente singular da história humana, os autores discutem incessantemente a crise da civilização. Até 1975, data da morte de Hannah Arendt, o ecocídio não era vislumbrado como a catástrofe que se delineia no final do século XX.

O tema em questão é a crise da civilização, antevista e vivida por Tönnies, interpretada e vivenciada por Arendt. A crise atinge seu ápice no momento em que suas formas privilegiadas de sustentação desta civilização começam a esfacelar-se.

Um dos pressupostos de existência da civilização, como a interdição do canibalismo ou o tabu do incesto, é a divisão sexual do trabalho, que já se redefiniu desde a Segunda Guerra Mundial tendo sido refeita em outros termos. A garantia da institucionalização do instinto também é prerrogativa civilizatória, hoje percebemos que ela não dá mais conta, nem do sexual (casamento e família), amplamente questionados nos anos 60; nem da proteção à prole, cada vez mais abandonada.

No que diz respeito `a sobrevivência da espécie, podemos nos reportar a Simmel descrevendo um mutante gestado no mundo urbano e industrial: o homem das grandes metrópoles, um subvivente. Ao analisar o mundo da metrópole, Simmel fala de uma estrutura de alta impessoalidade e de uma subjetividade altamente pessoal contidas na atitude blasé:

"A atitude blasé resulta em primeiro lugar dos estímulos contrastantes que, em rápidas mudanças e compressão concentrada, são impostos aos nervos.(...)Uma vida em perseguição desregrada ao prazer torna uma pessoa blasé porque agita os nervos até seu ponto de mais forte reatividade por um tempo tão longo que eles finalmente cessam completamente de reagir(...) Surge assim a incapacidade de reagir a novas sensações com a energia apropriada. A essência da atitude blasé consiste no embotamento do poder de discriminar(...)o significado e valores diferenciais das coisas, e daí as próprias coisas são experimentados como destituídos de substância". (Simmel,1979,p.15,16)

Cohen (1978 in Miranda:1995) almeja uma sociologia que retome a unidade de todas as coisas com uma nova concepção unificada de realidade, cuja base estaria na Gemeinschaft. Aqui, o conceito funciona como a transição para uma nova visão de unidade que dá conta de uma essência subjacente, uma concepção de realidade mais profunda e instituições mais humanas.

O que é extremamente original em Cohen, entre os intérpretes de Tönnies, é a significação que atribui ao termo Gemeinschaft, discordando da tradução costumeira de comunidade e inferindo o sentido de espírito comunitário ou relacionamento comunitário.

Quando Tönnies coloca a Gemeinschaft da mãe pelo filho, a da mente ou da amizade revela que a tentativa de encaixar esse conceito em termos de uma comunidade espacial é inócua. Comunidade não é o "dorf"(aldeia), tem um sentido mais profundo, refere-se a um sentimento- Gemeinschaftsgefühl-(Cohen, in Contemporary Philosophy,1985). É um sentimento percebido no relacionamento que há entre pequenos grupos, sejam tribos urbanas ou quadrilhas, onde vigora o sentido da cumplicidade. "A Gemeinschaft é um grupo de ligações de proximidade"(op.cit,p.207). Ela é percebida como uma idéia de mundo enquanto Idéia, "uma forma de relacionar o grupo com o mundo", uma Weltanschauung. Para Cohen essa Weltanschauung estaria presente em vários tipos de relacionamento, com a natureza, com as pessoas, estudo, religião e não só grupos. "Gemeinschaft é um relacionamento, um modo de percepção e um modo de relacionar".(ibid.p.207) Cohen retoma Spinosa para mostrar que seu conceito se acerca da descrição da relação que se estabelecia com a verdadeira essência de qualquer ser ou coisa. Apoia-se em Simmel, ao colocar a Gemeinschaft como a antítese da atitude blasé, no que tange à percepção da essência e da profundidade do todo e de tudo. Cita Buber para descrever a relação Eu-Tu, na qual o Eu se une ao cerne e essência, com a natureza e o ser do outro, liga o Eu à essência do Tu do outro realizando a Gemeinschaft.

Uma Gemeinschaft pode se referir a um grupo, a um tipo de relacionamento ou a um modo de pensar. Isto porque a solidariedade entre os membros surge e faz com que sintam que o relacionamento seja um valor em e por si.(ibid,p.208). Mais que um grupo a Gemeinschaft é um fio de pensamento, de percepção, de sentimento, de relacionamento cujo propósito é a relação, ela é o fim em si. A Gemeinschaft existe porque a relação com o que quer que seja percebido e compreendido em sua essência, é um prazer em si e de si próprio(ibid,p.208).

Na Gemeinschaft há relação por causa das emoções e das inclinações, ao inverso da sociedade onde é preciso que haja um motivo, um fim outro para que se entabule uma relação. "As pessoas se apegam a outras pessoas porque se apegam, e gostam de sentir que se apegam, tanto quanto a pessoa à qual se apegam". Quando não há motivo para o apego estamos diante de uma relação do tipo Gemeinschaft.

"Gemeinschaft é um grupo no qual as pessoas sentem que pertencem umas as outras porque são do mesmo tipo". Ou, ser semelhante, perceber a mesmice, significa que se gosta de alguém. O gostar está na raiz da Gemeinschaft relacionado à própria essência da vida social e da existência humana. (ibib,p.209)

A semelhança pela mesmice de tipo leva ao gostar e estabelece a relação comunitária, tribal, grupal. A similaridade estaria em cada circunstância da existência. "O envelhecimento, a doença, a morte são compartilhados por todos por força da humanidade comum por compartilhar a vida" (ibid,p.209).

Ao perceber a semelhança, as pessoas estabelecem o gostar. As pessoas percebem a mesmice do tipo em nível racional. Há muita intelectualização e pouco sentimento, ensina-se sobre amor e fraternidade sem sucesso porque não atingem o coração. Explicar não cria a comunidade. À racionalidade deve ser acrescido um sentimento pelo outro, um entendimento emocional, uma percepção do outro, como parte de um esquema inteiro de vida, uma idéia do outro que complemente a racionalidade.(ibid,p.210)

Numa palavra, há que se ter compaixão, a capacidade de sentir pelo outro e com o outro. Colocar-se no lugar e na posição do outro, é sentimento que permite o desenvolvimento da comunidade política. A sociologia carece deste entendimento. Só o entendimento intelectual não leva `a Gemeinschaft. A ele deve ser acrescida a solidariedade, a emotividade e a capacidade de relacionar-se.

A modernidade, com suas definições de tudo, não permite uma relação entre os seres e com as coisas que vá além da relação de alienação do real e da profundidade. A sociologia evita a essência, o sentimento, a Idéia; valoriza a contagem, a categorização num discurso desprovido de emoção e paixão. (ibid,p.210)

Ao voltar-se para o entendimento de algo, forma-se com ele uma Gemeinschaft, porque a relação se dá pela essência e para a essência. Ficamos "in touch", e isto pode ser o fim da alienação. Intelectualidade e racionalidade combinam-se ao sentimento na formação da Gemeinschaft, é um entendimento mais profundo.

Na relação com o que é estudado, Cohen propõe que haja uma reciprocidade de essência, sentimento para que haja entendimento. "Uma interação se desenvolve nos níveis abertos, mas também nos níveis simbólicos de significado".(ibid,p.211) "Há um tipo de verstehen, de entendimento quando se toca nas raízes básicas da essência, da visão, do significado e suas formas de expressão, quando se entende as partes mais profundas do outro".(ibid,p.211)

O um entende o outro e sustenta o sistema de significado do outro como sua verdade inerente, toca as raízes básicas do significado. Dignifica o ser essencial do outro, não o suplanta mas sustenta-o como tal, partilhando os significados em trocas recíprocas, em interações simbólicas.

A pesquisa de Cohen, denominada humanisticamente qualitativa não rotula ou coloca a própria percepção do que o outro deve ser, mas atinge um significado partilhado na essência do que fazem as pessoas ou grupo. Espera-se que emirjam verdades essenciais e sentimentos humanos e não categorias parciais.

A emocionalidade é uma das características da comunidade, mas a racionalidade e a intelectualidade são características da Gesellschaft. No convívio estreito de ambas, forja-se uma racionalidade que corresponde àquela reivindicada pelo ecologismo.

A intelectualidade associada à emoção pode levar a um profundo entendimento, combinando elementos da comunais e societários. Na realidade as características de ambos se sobrepõem umas às outras. Na rede multidimensional existem sobreposições, isto quer dizer que a emoção presente não exclui a razão. Se se crê que a racionalidade exorciza a subjetividade da emocionalidade, não se vê que é o exorcismo da emocionalidade que esteriliza a racionalidade.(ibid,p.212) Essa atitude seria irracional porque a vida real inclui um mundo emocional.

Não se decide fazer a Gemeinschaft, ela flui. Requer uma forma de relação com o mundo, com o eu, as coisas e os outros. "A pessoa blasé que quer fazer a Gemeinschaft não pode". Tem que romper com a atitude blasé e com a alienação, e relacionar-se com toda e qualquer coisa, inclusive seu eu, percebendo a mesmice do tipo. Assim será uma pessoa que percebe tudo em sua essência, e que tem uma moldura de pensamento que conduz através da agudeza de percepção e de sensibilidade ao entendimento, e, assim, ao sentimento de tudo. (ibid,p.212)

"É o encontro da Gemeinschaft com as cores, a textura, o tamanho, o volume, a maciez, o brilho, o ser, a essência ...Essa Gemeinschaft, essa centelha entre Eu-Tu, essa essência, essa Idéia platônica de uma maçã, pode, por sua vez, ser partilhada pelo observador não blasé, que é recriado como resultado."(ibid,p.212)

Através do canal mental da Gemeinschaft podemos nos relacionar "in profundis" com tudo, pelo entendimento mútuo numa atitude de amor. Essa atitude dota a pessoa de uma visão universalmente expandida que é usada no entendimento de grupos numa sociologia mais aberta.

As atitudes de entendimento de Gemeinschaft se tornam uma moldura mental que pode se transferir para um nível de interação, e percepção para outro de maçãs e árvores para religiões e raças.

"Nessa visão, a sociedade e as pessoas não se colocam acima da natureza, dos animais e das flores, mas se colocam nelas, e, através desse "verstehen", uma atitude de amor surge em todos como equilíbrio interativo. O entendimento de relacionamentos e equilíbrio é feito".(ibid,p.212)

Essa é a atitude fundamental na ecologia, fazer-se ser com o mundo.

***

Capra (1997) coloca que o fim do século traz preocupações com os problemas globais como os danos da biosfera. E que os problemas que levamos para o século XXI não podem ser entendidos isoladamente porque são sistêmicos, interligados e fundamental entre todos os fenômenos e o fato de que enquanto indivíduos e sociedades estamos encaixados em processos cíclicos da natureza, sendo dependentes deles.

Ao tratar do aspecto ecológico, Capra confere a este conceito o sentido atribuído pela "deep ecology", escola filosófica e movimento social A ecologia profunda não separa seres humanos ou outra coisa do meio ambiente natural. Reconhece o valor intrínseco de todos os seres vivos que compõem essa rede onde os humanos são um fio particular na teia da vida.

É uma escola filosófica de caráter espiritual ou religioso. O espírito humano é entendido a partir da consciência do indivíduo, "uma sensação de pertinência, conexidade com o cosmos como um todo, torna-se claro que a percepção ecológica é espiritual na essência mais profunda"(p.x). Essa nova visão emergente de realidade, baseada na percepção ecológica, encontra ecos nas velhas tradições espirituais no Ocidente e no Oriente, fala em uma linguagem que já foi familiar e ainda o é em algumas culturas do mundo.

Para Capra "a essência da ecologia profunda consiste em formular questões mais profundas". Uma mudança de paradigma implica questionar todos aspectos do velho. A ecologia profunda faz perguntas profundas a respeito dos fundamentos da atual Weltanschauung e correspondente modo de vida, questiona os princípios fundamentais da Modernidade, a cientificidade da sociedade industrial orientada para um crescimento e desenvolvimento materialistas. Da perspectiva ecológica, a civilização que criamos não se sustenta por não contemplar a perspectiva de nossos relacionamentos uns com os outros, com as futuras gerações e com a teia da vida da qual somos parte.

A ecologia profunda fornece uma base filosófica e espiritual que segundo Capra é ideal para um estilo de vida ecológico, assim como para o ativismo ambientalista, apesar de não dizer muito sobre as características e padrões culturais do tipo de sociedade que gerou a crise ecológica atual.

Para que haja uma mudança de paradigma é necessário que além de mudança no pensamento e na percepção, haja mudança de valores. A integração precisa superar a auto-afirmação que nossa cultura cultua como valor. Para Capra as tendências integrativa e auto-afirmativa estão presentes em todos sistemas vivos, mas a ênfase numa delas, em detrimento da outra, gera o desequilíbrio.

Os valores auto-afirmativos associam-se ao elemento masculino e à estrutura hierárquica de dominação produzida no jogo competitivo pela riqueza e poder. O poder mais apropriado para o novo paradigma é o poder como influencia de outros, exercido numa estrutura não hierárquica mas em forma de rede.

A questão dos valores define a ecologia profunda. Seus valores são ecocêntricos, uma visão de mundo que reconhece valor inerente da vida em qualquer forma que adote, pois, todos seres vivos são membros de comunidades ecológicas ligadas umas `as outras numa rede de interdependência. Penetrar no universo perceptivo da ecologia profunda, colocá-la na nossa consciência cotidiana, implica na reformulação completa do atual sistema de ética.

Os princípios ecoéticos da ecologia profunda são adequados e urgentes aos dias de hoje, quando se produz um tipo de ciência que não se ocupa em promover ou preservar a vida.

"os fatos científicos emergem de todas uma constelação de percepções, valores e ações humanas, emergem de um paradigma dos quais não podem ser separados. O paradigma nunca é livre de valores. No contexto da ecologia profunda a visão segundo a qual esses valores são inerentes a toda natureza viva está alicerçada na experiência profunda, ecológica ou espiritual de que a natureza e o eu são um só. A expansão do eu até a identificação com a natureza é a instrução básica da ecologia profunda".(ibid,p.x)

Perceber a teia de conexões que forma o mundo e nosso papel nela seria uma questão de alcance psicológico. A informação sozinha não altera o comportamento ecológico e social, mas se nos sentimos em comunhão, pertencentes a esta teia alteramos nossas ações para cuidar de toda natureza viva. Capra inspira-se em teóricos da ecopsicologia, como Rozak, e da ecologia transpessoal, como Fox ou Macy.

Visões de dominação se esvaem, não há espaço para antropocentrismo, etnocentrismos, sexismos, narcisismos...o que se busca é a unidade com a essência das coisas, entidades e tipos de equilíbrio ecológico (ibid,p.212):

"A Gemeinschaft é um relacionamento, englobando outro ou outros que se agrupam em comunhão."(ibid,p.214 ) Pode-se fazer comunidade consigo mas só vivificará se houver reciprocidade com outra Gemeinschaft. "A aura da Gemeinschaft tende a se apagar na mente de uma pessoa se não há reciprocidade"(ibid,p.214).

No encontro com seres que se comunicam há a oferta de uma maior profundidade de comportamento e reciprocidade. Fazer comunidade com a natureza, os objetos e ser fraterno com o humano é necessário, e ajuda a fornecer um exercício mental que permita uma avaliação nos termos propostos. Isto elimina a solidão decorrente de relações pouco profundas. É um golpe na sociedade de massas, na superfluidade, no anonimato. A comunidade com laços profundos de reciprocidade entre os humanos ajuda a preencher o eu.

A moldura mental comunitária pode ser conseguida nas culturas das sociedades de massa, primeiro exercitando a mente não blasé das coisas simples, maçãs, pessoas e sociedade.

Na sociedade orientada pela Gemeinschaft, como seria uma sociedade ecológica, todos os caminhos levam a esta atitude mental, visível e praticada, é internalizada. Nas sociedades modernas a alienação é o tema dominante, treinada por todos os agentes sociais.

Surge um novo modo de pensar, uma Weltanschauung sobre o que foi construído. É uma forma de superação da sociedade de massas, um caminho para a desmassificação.

"Mantemos uma Gemeinschaft com a natureza na refrescante primavera, mas também na seca ou na tempestade, e fazemos o mesmo na Gemeinschaft com as pessoas. O pensamento gemeischaftiano mostra a essência mais profunda que é a mesmice essencial do tipo em tudo, e vai mais longe e mais para frente do que qualquer ato externo da vida, seja experimentado de forma ruim ou outra qualquer." (ibid,p.217)

A fusão do eu com o exterior torna a Gemeinschaft contrária à alienação. "Os que mantêm uma atitude blasé meramente vêem ou usam as pessoas ou um objeto como meio para se alcançar um fim, mas não se relacionam com eles em essência, como fins em si mesmos". (ibid,p.218)

Entender a maçã é entender a natureza, os que a plantaram e a colheram. Entender uma pessoa em profundidade é conhecer sua história, as marcas da vida e das experiências de prazer e de dor que ficam no rosto, os seus sonhos e o que deixou de sonhar, é entender os outros e a si mesmo. A força da vida, a aura da Gemeinschaft faz a pessoa mais humana e humanista. Outras pessoas entrarão na relação porque ela é profundamente humana.

Ver uma pessoa não é suficiente mas ver a humanidade, a natureza, a vida, o universo através desta pessoa é alcançar o geral, o recorrente e o eterno. "Essa é, de fato, a essência da sociologia." (Bierstedt 170,p.12 apud Cohen:220). Cohen cita Bierstedt para defender a posição de que a sociologia não está interessada nas manifestações concretas dos eventos humanos, mas, antes, na forma que eles tomam e nos padrões que assumem. A sociologia busca leis gerais ou princípios a respeito das interações humanas e associações quanto à natureza, à forma, ao conteúdo e à estrutura dos grupos humanos e sociedades.

Ser tocado pelo logos permite a Gemeinschaft elementar, se "o logos está escondido", deve ser descoberto por cada um de maneira subjetiva. A razão traria seu oposto, a emoção ou poderia se encarar a emoção como uma das dimensões da razão.

A sociedade mostra desequilíbrios inerentes ao modo de pensar dominante. A socialização que propõe criou uma imensa insatisfação com o modo de vida dominante o que levou a busca de alternativas, nem sempre racionais que vão desde a modernização da mitologia, da teologia, de estilos de vida, interesse por religiões orientais, vida comunitária, nudez física e mental e psicoterapias alternativas. (ibid,p.225.) Tudo na tentativa de encontrar algum sentido para uma vida frouxa num mundo desencantado.

Há que alimentar a Gemeinschaft que ainda está conosco no pensar e agir e contrapo-la à fragmentação moderna. É preciso entender a unidade essencial, a mesmice do tipo e o equilíbrio harmônico para que se possa re-humanizar as instituições sociais.

Talvez seja uma forma de superar essa civilização, a sociedade de massas e o Estado e colocar em seu lugar um modelo associativo onde a solidariedade entre os homens e as outras formas de vida fosse a tônica. Por mais salvacionista que pareça, se o mal absoluto se fez possível, não há por que colocar no plano do impossível a solidariedade ecológica.

A comunidade seria o espaço privilegiado de realização da identidade entre a espécie humana e desta com as demais espécies do mundo vegetal, animal e mineral. Comunidade é descrita como "organismo vivo" em contraposição ao artificialismo que suporta a sociedade. Na convivência combinada de ambas as formas sociais, a sociedade aparece como elemento desagregador da união comunitária e a comunidade como o cimento que impede o esfacelamento da sociedade.

Ainda que em Tönnies não haja o homem natural, o homem é marcado pela convivência das duas vontades contraditórias, a internamente incorporada feita das manifestação de hábito, memória e prazer que incorpora e reproduz os valores e outra que impele para o exterior de si mesmo e de sua comunidade, a Kürwille aparece como a vontade "não cristalizada pela incorporação, mas uma possibilidade de ação". O navegador que jogou o primeiro barco ao mar, o explorador que ultrapassa as fronteiras conhecidas, o que entrega a vida à aventura na conquista das colônias, o astronauta estão movidos pela Kürwille. "É a vontade de um ato ou objeto a incorporar." (ibid,p.67).

No nível do imaginário é uma ruptura que não rompe, uma vez que por mais audaciosa a empreitada há sempre a idéia de uma lareira aconchegante no seio da comunidade natal, há um lugar para onde voltar depois da exploração, da caça, da batalha ou da conquista. A comunidade tem estreito vínculo com a imagem da mulher, da nutris, da que produz e reproduz a vida. A sociedade não só é o mundo masculino, do cálculo e do risco, como também os homens parecem mais desenvoltos no manejo da Kürwille. Mas, em Tönnies ela é atributo humano, tem que se manifestar na realização da completude. Seria possível traçar analogia com os elementos yin e yang da filosofia chinesa para o entendimento dessa completude. Às mulheres ficou o papel de alimentar o fogo da comunidade para que nunca se apague, Penélopes aguardando que o mar lhes devolva o homem.

Mas é à Kürwille que se devem as rupturas com a cultura e a tradição, ela é a questionadora, a transformadora que faz do homem/mulher um agente social individualizado, impedindo a mera reprodução e podendo levar a instituições mais justas, mais humanas e naturais. "Wesenwille e Kürwille como subjetividades objetivamente produzidas no contato ser e meio constituem unidade em contradição". ( ibid,p.67)

A humanidade do homem/mulher se expressa sempre referida ou à coletividade ou a o meio natural, acentua a variação entre os sujeitos e mantém a identificação nos limites da sua contradição. "A pessoa não é uma unidade mas uma unidade contraditória das vontades".(ibid,p.68)

O Ser, em Tönnies, convive com a contradição de portar duas vontades antagônicas, é um ser em movimento, incompleto e realizando continuamente sua humanidade, não no estreito da comunidade, mas também sem prescindir do que ela oferece. A sociedade de massas atua de forma a romper todos os laços comunitários, ela é a produtora do "serial killer", um desagregado e desarraigado de todo relacionamento de fundo comunal.

Se tomarmos a sociedade de massas e seu produto limite: o totalitarismo nazista , o apelo que faz é o da restauração do Gemeinde para regenerar o Deutschtuum. "A comunidade enquanto ser contém o não ser que é a sociedade."(ibid,p.70) Vivemos entre os elementos da Kürwille incorporados à Wesenwille, que ao mesmo tempo fragmentam-na, mas que podem vir a colocar o coletivo ( humano ou ampliado) como a meta da nova Kürwille (agrega afeto ao cálculo).

"Tudo provém da substância concreta da humanidade inteira, como realidade geral dessa espécie, e, em seguida, progride pela essência da raça, do povo e das associações até o indivíduo isolado, descendo até o centro dos círculos concêntricos." (ibid,p.72)

Para Tönnies, a superioridade da comunidade está no fato de ser a expressão possível da identidade humana, devido a sua aproximação com a totalidade (ibid,p.72). Cabe perguntar o que muda na identidade humana com o reconhecimento do outro como participante do eu, em especial se esse outro for a lua ,a maçã, ou o mico leão dourado?

Hannah Arendt e Tönnies nos legaram a comunidade como saída da crise da civilização, seja na forma do Koinon ou da Gemeinschaft. A comunidade interativa já desponta como alternativa para o século XXI, como meio de construção da cidadania e identidade planetárias.

A comunidade interativa aparece com o nome de sociedade de redes. Seria o substituto da sociedade de massas que desbancou a sociedade de classes. A rede seria uma teia de relações entre pontos e nós que, apesar de interdependentes mantém autonomia relativa e extrai sua força do conjunto. Redes ocupam espaço com sentido, produzem a informação e o sentido. As redes são ativas. A rede se transforma e cresce a partir de recombinações qualitativas associadas a um tempo que porta historicidade, integram elementos sem a incorporação passiva que caracteriza a massa. São seletivas e se realizam a partir da ação individual mas em interatividade. Na rede o indivíduo não se contrapõe ao coletivo que teria um papel sufocante, ele integra-o. Na rede os distintos nós se articulam criando um espaço e um tempo individualizado ou individualizável. A rede funciona como um espaço de retomada de uma identidade diluída em décadas de sociedade de massas. A rede oscila entre alianças e estratégias.

Na massa impera a indiferenciação. As massas seriam disformes e dispostas à manipulação. Resultam de uma acumulação quantitativa, nunca definem um sentido por si mesmas, funcionam como um receptáculo de informação e sentido. As massas são passivas. Crescem por incorporação de novos elementos, massificando-os quantitativamente. Devorando a mudança qualitativa, a massa não tem história. As massas tendem a um comportamento de horda. Sugerem ser o espaço do individualismo exacerbado ao mesmo tempo em que elimina o indivíduo transformando-o em um número anônimo ao qual só falta a afixação de um código de barras. No contexto da massificação é que surgiram as mais radicais reafirmações do individualismo.

O capitalismo contemporâneo vive a transição da sociedade de massas para a sociedade de redes. Todas as principais mudanças econômicas da época de transição apontam para uma recomposição da sociedade em redes. O capitalismo coloca a qualidade como fundamental para seus corpos coletivos, o que exige de cada indivíduo maior interação e criatividade. Por toda parte há sinais de uma nova forma de organização econômica, social e política

O entendimento da Nova Era implica na identificação de uma nova espécie de coletividade que porte os elementos de uma nova solidariedade internacional entre os homens e o planeta. Não se trata de forjar um novo culto ao indivíduo mas uma nova cultura de redes na qual os indivíduos detém papéis distintos daqueles da sociedade de massas. O caminho que leva da sociedade de massas à sociedade de redes passa pelo conhecimento. As massas são alienadas e ignorantes, os membros da sociedade de redes são autônomos criativos e altamente informados:

"Ninguém sabe ao certo se isso é o prenúncio de uma nova criatividade, mais liberdade com responsabilidade ou dessa voragem centrípeta surgirão novos podres poderes embalados justamente e pelo vazio que atormenta as massas de desempregados e excluídos." (2)

Em um momento de globalização da economia, movimento de homogeneização que espalha seus tentáculos para esferas extra econômicas, a sociedade articula-se e oferece um contraponto: a planetarização, cujos pressupostos são o reconhecimento da diversidade e o resgate das relações comunitárias. O movimento da sociedade se dá rumo à desmassificação, ao fim da sociedade instituída no século XX.

Historicamente as sociedades têm encontrado formas de resistir e manterem-se em momentos de excesso de tirania ou expansão das forças de mercado. Gesta-se uma nova teia de relações humanas que tem as relações com a natureza como pano de fundo.

O caminho será definido pelos movimentos oscilatórios que a sociedade realiza entre um pólo e outro. De um lado a globalização e a homogeneização passando um rolo compressor sobre toda a diversidade humana e planetária. Do outro, o reviver da diferença e da comunidade em harmonia com as necessidades de sobrevivência dessa e das futuras gerações. A relação que se estabelecerá com a natureza, fruto da demanda ecológica parece que terá o poder definitivo sobre a eleição de qual futuro teremos na Terra.

BIBLIOGRAFIA

ARENDT, Hannah. (1995). As Origens do Totalitarismo. São Paulo: Cia. das Letras.
CAPRA, F. (1997). A teia da vida. Petrópolis: Vozes.
COHEN, Harry. (1985). Social Interest and Human Relations in Contemporary Philosophy. s.r.
GARCIA, Loreley. (1987). Ruptura, uma questão de tradição. São Paulo: FFLCH - USP (Dissertação de Mestrado).
MIRANDA, Orlando. (1995). Para Ler Ferdinand Tönnies. São Paulo: EDUSP.
SCHWARTZ, Gilson. (1995). Folha de São Paulo, 16/nov./1995.
SIMMEL, Georg.(1979). "A metrópole e a vida mental". In: O Fenômeno Urbano. Rio de Janeiro: Zahar.


NOTAS

1) Professora do Departamento de Ciências Sociais - CCHLA - Campus I - Universidade Federal da Paraíba.
2) Gilson Schwartz, Folha de S.Paulo (nov. 1995).






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