Treinar
a criatividade
Inserir
a criatividade em uma base lógica e sistemática
é a proposta de Edward de Bono, reconhecido como
a maior autoridade internacional no pensamento criativo
e inovação, para aumentar o desempenho
de executivos e, conseqüentemente, das corporações.
Segundo ele, a capacidade de criar não é
uma habilidade intuitiva ou subjetiva, mas uma competência
que pode ser aprendida de maneira formal e deliberada,
inclusive, em programas de treinamentos.
Mas,
antes de entender o como, é preciso ir para os
porquês. E por que a criatividade é tão
importante? Para Bono, como os dados estão exponencialmente
mais acessíveis a todos, a diferença competitiva
é a criatividade com que o indivíduo analisa
essas informações. “Dados velhos
vistos por meio de uma idéia nova trazem informações
inéditas, e qualquer sistema que tenha input,
seja dinâmico, precisa ser construído e
transformado à medida que os desafios surgem.”
Inteligência,
defende o especialista, não basta. Bono acredita
que gente muito inteligente comumente cai na armadilha
de partir de uma idéia e defendê-la por
meio de argumentos e retórica. Nesse caso, o
problema em si não é explorado. Já
as pessoas que pensam de forma criativa, ouviriam os
outros para, depois, chegar às suas conclusões.
Essa tendência de argumentação viria
da própria condição mental do ser
humano, em que cada nova informação é
organizada em um padrão de rotina. “O cérebro
é um sistema que se utiliza de padrões,
e só por isso conseguimos acordar, trabalhar,
dormir, cumprir com nossas obrigações”,
explica.
A
criatividade seria, então, um exercício
de fuga desse condicionamento. Para alcançá-la,
Bono propõe o pensamento lateral. Ele explica:
raciocínio vertical é cavar cada vez mais
fundo no mesmo buraco; raciocínio lateral é
tentar de novo em outro lugar. Mas como? Um dos métodos
desenvolvidos pelo guru e já aplicado em empresas
como DuPont, Siemens, Shell, Motorola, Microsoft, entre
outras, é a do “Seis Chapéus”.
O princípio é o de que, ao mesmo tempo,
todos estão sempre certos e ninguém jamais
está certo. “De acordo com nossos conhecimentos,
experiências, emoções e o modo de
vermos as coisas, constituímos as nossas idéias”,
diz. Por isso, os seis chapéus, cada um com sua
característica, representam maneiras diferentes
de se explorar um assunto.
Na
prática, funciona da seguinte maneira. Em uma
mesa de reunião, alguém pede: “tire
o chapéu preto e ponha o verde”. O que
isso quer dizer? “Vamos traçar possibilidades
para essa problemática segundo outro ponto de
vista”, diz ele. O chapéu branco representa
as informações, os dados, os fatos, as
cifras, a pesquisa em si. O vermelho refere-se aos sentimentos,
à intuição, à emoção
– sem jamais ter de justificá-los. O preto
é o negativo lógico, o julgamento e a
cautela (por que dará errado?) O amarelo diz
respeito aos benefícios e às vantagens
do projeto (por que dará certo?). Por fim, o
azul é o foco, o pensar sobre quais passos tomar,
o resumo das cores.
Outro
método desenvolvido por Bono é a técnica
do “PO” ou Operação Provocadora.
Basta identificar a questão problemática
a ser resolvida, e resumi-la a uma só palavra
e, em seguida, escolher outro termo aleatório
(abrir o dicionário, por exemplo) para estabelecer
relações com a primeira. A partir dessa
relação absurda, segundo ele, é
possível transpor a barreira do raciocínio
lógico, levar a idéia adiante e criar
movimento. Bono diz que foi com essa técnica
que a South African Iron & Steel Industrial (Iscor)
chegou a criar mais de 21.000 idéias em uma única
tarde. Mas ele adverte: a menos que você possa
mostrar o valor da idéia, ela não será
criativa. Aí vira “crazytivity”,
termo de mix entre loucura e criatividade.
Campeão
de criatividade
Autor
de mais de 67 livros, traduzidos para 37 idiomas, e
com um currículo que incorpora o treinamento
de mais de 400.000 executivos, Bono defende que, nas
corporações, a criatividade deve ser centralizada
por um gestor, ou o chamado “o Campeão
da Criatividade”. Essa pessoa seria responsável
não por criar sozinho as idéias, mas por
identificar as áreas que precisem de aperfeiçoamento
– até mesmo as que produzem os melhores
resultados --, e trabalhar para que elas sejam desenvolvidas.
O guru aconselha a criação de uma lista
das necessidades criativas para esses departamentos,
que poderia ser alimentada por todas as pessoas, de
chão de fábrica até a diretoria.
“Criatividade exige treinamentos, capacitação
e uma pessoa que centralize as idéias, incentive
novas e estabeleça alvos a serem trabalhados”.
Para
quem acredita que as metodologias são banais,
eis as provas. Depois de ter ensinado esses princípios
à Asea Brown Boveri (ABB), líder mundial
de energia e tecnologia de automação,
Bono afirma que a empresa baixou de 30 para dois dias
o prazo de desenvolvimento de projetos internacionais.
A MDS, empresa canadense da área, teria economizado
US$ 200 milhões com o método, segundo
o especialista. A Statoil, petrolífera norueguesa,
teria recorrido ao guru para resolver uma crise que
dava à empresa um prejuízo de US$ 100
mil por dia. Com as técnicas de pensamento lateral,
a empresa teria solucionado a problemática em
12 minutos obtendo lucro de US$ 1 milhão.
Bono
defende que abandonar padrões é ferramenta
de progresso.
Fonte:
http://www.administradores.com.br/
Sobe
http://www.miniweb.com.br