A Crise de 1929 |
|
|
|
O fato de que já nessa época os Estados Unidos ocupavam uma posição hegemônica na economia capitalista mundial, como maior potência industrial e financeira, foi determinante para que a crise assumisse proporções mundiais. A repatriação de capitais norte-americanos, associada à brusca redução das importações pelos Estados Unidos, repercutiu fortemente na Europa, gerando uma crise industrial e financeira sem precedentes e o crescimento vertiginoso do desemprego. A crise também teve severos efeitos na América Latina, cuja economia agroexportadora foi altamente afetada pela retração nos investimentos estrangeiros e a redução das exportações de matérias-primas.
A reação inicial do governo norte-americano à "grande depressão" contribuiu para aprofundar ainda mais o ciclo recessivo, pois não houve qualquer tentativa do presidente Herbert Hoover (foto a esquerda) de adotar medidas que estimulassem a recuperação das atividades econômicas e aliviassem as altíssimas taxas de desemprego norte-americanas.
A ascensão de Franklin Roosevelt (foto a direita) à presidência, em 1932, abriu caminho para a adoção de uma política econômica intervencionista, o chamado New Deal (cuja tradução literal em português seria "novo acordo" ou "novo trato") foi o nome dado à série de programas implementados nos Estados Unidos. De fato, uma das principais conseqüências da depressão, a médio e a longo prazo, foi uma intensificação generalizada da prática da intervenção e do planejamento estatal da economia, que passou a vigorar não só nos Estados Unidos, mas também nos países europeus e na América Latina.
Entendendo um pouco mais sobre a grande depressão e sobre o "New Deal"
Os governos e a alta finança nos Estados Unidos até os dias de hoje.
Luiz Gonzaga Belluzzo, em seu artigo na Terra Magazine diz que William Greider, o editor de economia da revista americana The Nation, pegou no nervo: a crise de "credibilidade" que ora desvaloriza os empréstimos imobiliários e seus derivativos não é fruto de malfeitorias isoladas, mas o resultado lógico do contubérnio entre governos lenientes e negócios espertos.
É gentileza semântica chamar esse arranjo (ou enrosco) de plutocracia. Devemos concordar com o escritor Kevin Phillips. No seu livro Wealth and Democracy ele sugere que, desde a Guerra Civil, sucessivas gerações de "barões ladrões" vêm conseguindo inocular seus desígnios pessoais na condução da vida pública americana.
O domínio dos negócios sobre o governo chegou ao ápice nos anos 20. Os Estados Unidos emergiram da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) como os credores do mundo e os Bancos americanos transformaram-se no braço financeiro da política de Washington.
Eles comandaram os empréstimos destinados a garantir reservas em moeda forte para o plano de estabilização da Alemanha em 1924 e para a França em 1926. A partir daí, a praça financeira de Nova Iorque tornou-se o carro chefe da enxurrada de empréstimos baratos para a Europa e América Latina (inclusive para o Brasil). Isso sem contar os malucos da Bolsa que tomavam grana dos bancos para aplicar em ações da "nova economia" daquele tempo: aviação, radiofonia e energia elétrica. Os desfecho dessa brincadeira foi a catastrófica depressão de 1929 com seu séquito de desemprego, falências e destruição da riqueza.
A depressão dos anos 30 do século XX mobilizou as reservas democráticas do povo americano. Nos momentos de crise econômica e social, os assim chamados movimentos "populistas" cuidavam de produzir os anticorpos para impedir a falência generalizada dos órgãos devastados pela ganância virulenta do establishment financeiro e corporativo. O sobrinho de Theodore Roosevelt Franklin Delano - aquele que assumiu o governo do país quando a depressão de 1929 andava brava - tratou de salvar as grandes corporações e os bancos de seus próprios desvarios e preconceitos.