Zurique
(Zürich) é a maior
cidade da Suíça,
localizada ao norte do país.
Fala-se alemão
Johann
Heinrich Pestalozzi nasceu em
Zurique, na Suiça, aos
12 de janeiro de 1746.
Seu
pai, Johann Baptist Pestalozzi,
era cirurgião, descendente
de italianos. Estudou ali mesmo,
em Zurique, cursando Filosofia
e Lingüistica no famoso
Collegium Carolinum. A
influência de Jean-Jacques
Rousseau foi enorme
A
vida de Pestalozzi foi um exemplo
fantástico de amor e
devoção à
educação, entre
fracassos sucessivos e uma persistência
gloriosa em sua missão
de educador.
Seu
pai morreu quando ainda era
novo, tendo sido criado pela
mãe. Na Universidade
de Zurique associa-se ao poeta
Lavater num grupo de reformistas.
Casou-se
aos 23 anos com Anna Schulthess.
Em seguida, comprou um
pedaço de terra,
transformando a propriedade
rural de Neuhof em uma
escola. No entanto, tão
pobre como os meninos
que agasalha, reparte
com eles o que mal lhe
chegava. Em 1780, esgotados
todos os seus recursos,
teve que fechar a escola.
Nesta
época escreveu
“As Horas Noturnas
de um Ermitão”
(The Evening Hours of
a Hermit – 1780),
contendo uma coleção
de pensamentos e reflexões.
A
este livro seguiu-se sua
obra-prima: Leonardo e
Gertrudes (“Leonard
und Gertrud” –
1781), um conto onde narra
a reforma gradual feita
primeiro numa casa, depois
numa aldeia, frutos dos
esforços de uma
mulher boa e dedicada.
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Anna
Schulthess Pestalozzi,
esposa. (Detalhe do quadro
na Galeria) |
A
obra foi um sucesso na Alemanha,
e Pestalozzi saiu do anonimato
Os
órfãos de Stans
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A
invasão francesa
da Suíça
em 1798 revelou-lhe um
caráter verdadeiramente
heróico. Muitas
crianças vagavam
no Cantão de Unterwalden,
às margens do Lago
de Lucerna, sem pais,
casa, comida ou abrigo.
Pestalozzi reuniu muitas
delas num convento abandonado
em Stans,
e gastou suas energias
educando-as.
Em
um período muito
curto de tempo realizou
transformações
surpreeendentes naquelas
crianças órfãs,
abandonadas na maior miséria
material e moral, que
Pestalozzi amou como seus
próprios filhos.
Cuidava
delas pessoalmente com
extremada devoção
mas, em junho de 1799,
o edifício foi
requisitado pelo invasor
francês para instalar
ali um hospital, e seus
esforços foram
perdidos.
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Em
1799 obteve permissão
para manter uma escola em Burgdorf,
onde, segundo diziam, utilizava
processos com 100 anos de avanço.
Permaneceu trabalhando até
quando exigiram-lhe a desocupação
do Castelo onde funcionava a
escola, para nele instalar o
governo da cidade. Continuou
sua obra no castelo de Munchenbuchsee.
Em
1801 Pestalozzi concentrou suas
idéias sobre educação
num livro intitulado “Como
Gertrudes ensina suas crianças”
(Wie Gertrude Ihre Kinder Lehrt).
Ali expõe seu método
pedagógico, de partir
do mais fácil e simples,
para o mais difícil e
complexo. Continuava daí,
medindo, pintando, escrevendo
e contando, e assim por diante.
Em
Como Gertrudes Ensina
Seus Filhos (tradução
em espanhol por Lorenzo Luzurriaga
- 1927), destacamos:
"É
indiscutível que a mania
de palavras e livros, que tem
absorvido tudo em nossa instrução
popular, chegou tão longe
que não podemos permanecer
por muito tempo como estamos.
Tudo me faz acreditar que o
único meio de sair deste
caos civil, moral e religioso,
é abandonar a superficialidade,
a fragmentação
e a presunção
de nossa instrução
popular, e reconhecer a intuição
como a verdadeira fonte do conhecimento".
No
entanto, o termo intuição
tem sido interpretado de muitas
maneiras, o que pode gerar equívocos.
Compayré nos diz que,
para Pestalozzi "intuição
não é somente
a percepção externa
dos sentidos. A intuição
estende-se às experiências
da consciência interna,
aos sentimentos e às
emoções tanto
quanto à sensações."
Em
1802 foi como deputado a Paris,
e fez de tudo para fazer com
que Napoleão se interessasse
em criar um sistema nacional
de educação primária;
mas o conquistador disse-lhe
que não podia perder
tempo com o alfabeto.
A
Escola de Yverdon
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Em
1805 ele mudou-se para
Yverdon,
no Lago Neuchâtel,
e por vinte anos dedicou-se
ao seu trabalho continuamente.
Ali era visitado por
todos que se interessavam
pela educação,
como Talleyrand, d'Istria
de Capo, e Mme. de Staël.
Foi elogiado por Humboldt
e por Fichte. Dentre
seus discípulos
incluem-se Hippolyte
Denizard Rivail, Ramsauer,
Delbrück, Blochmann,
Carl Ritter, Froebel
e Zeller.
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Em
1825, depois de 20 anos de atividade,
deixa Yverdon, num clima de
graves dissensões internas
entre dois colaboradores da
obra: Schmidt e Niederer, liderando
cada um o seu grupo.
Retorna
a Neuhof e, já octogenário,
num gesto nobilíssimo,
procura empregar todo o dinheiro
arrecadado do produto de seus
livros na criação
de um orfanato para crianças
pobres.
Escreveu
seu último trabalho:
“O canto do cisne”,
vindo a morrer em Brugg.
Em
seu túmulo, em Birr,
lêem-se as seguintes palavras:
Aqui
jaz
Henrique
Pestalozzi, nascido em Zurique
a 12 de janeiro de 1746,
falecido
em Brugg a 17 de fevereiro de
1827.
Salvador
dos pobres em Neuhof.
Pregador
do povo em "Leonardo e
Gertrude"
Pai
dos órfãos, em
Stanz,
Criador
da nova Escola Elementar, em
Burgdorf e Munchenbuchsee;
em
Yverdon, educador da Humanidade.
Homem,
cristão, Cidadão.
Abençoada
seja a sua memória.
O
MÉTODO INTUITIVO
A
criança será levada
a perceber intuitivamente, ou
seja, pela sua própria
cabeça, o fenômeno
que a atividade lhe apresenta.
O educador não vai apresentar
definições à
criança, mas levá-la
a perceber, compreender e sentir
o real significado do conteúdo
em estudo.
O
método intuitivo leva
a criança, através
da percepção,
a chegar à conclusão
lógica através
da observação,
comparação e análise,
onde ela vai perceber e sentir
a realidade em seu íntímo.
A
percepção, para
Pestalozzi, tem um sentido global
e não se restringe apenas
à percepção
sensorial. Além dos sentidos,
ela atinge o intelecto e o sentimento.
A
razão, o sentimento e
os sentidos devem ser estimulados
simultaneamente. Todas as capacidades
interiores se interagem organicamente
e precisam ser estimuladas simultaneamente
para ocorrer o desenvolvimento
integral e harmonioso do ser.
Por
exemplo, na atividade em que
iniciamos o tema Deus, levamos
a criança a um contato
direto com a obra Divina, a
natureza. Visitamos uma chácara,
onde a criança pode caminhar
descalça na grama, olhar
os pássaros e os animais,
sentar debaixo das árvores,
comer os frutos, sentir o perfume
das flores e explorar os recantos
maravilhosos que a natureza
sempre oferece. O educador apenas
orienta discretamente, deixando
a criança vivenciar cada
momento.
Pelos
sentidos, ela entra em contato
direto com a obra Divina, olhando,
tocando, cheirando, ouvindo,
saboreando...
Pelo
intelecto, ela analisa e compara:
Deus criou tudo isso... os minerais,
as plantas e todos os seres
vivos. Somente Deus cria a vida...
Ao
mesmo tempo, ela vai sentir
o ambiente, perceber o amor
de Deus para com suas criaturas,
vibrar na mesma sintonia.
Embora
tendo utilizado poucas explicações
teóricas, apenas as indispensáveis
para o momento, a atividade
interior da criança foi
intensa. A percepção
em seu sentido global, ou seja,
sensorial, intelectual e afetiva
foi acionada e a criança
pode perceber, sentir, concluir...
O
método intuitivo está
intimamente ligado ao desenvolvimento
do pensamento intuitivo (vide
item 30) e trabalha, ao mesmo
tempo com o subconsciente, com
a bagagem que o Espírito
traz de suas vivências
passadas e, com o superconsciente,
com a inspiração
superior que flui do mais alto
e abre caminhos em sua própria
razão, ampliando de maneira
fantástica sua compreensão
da vida, do mundo em que vive
e de si mesmo.
Trabalhando
ao mesmo tempo com o sentimento,
com a inteligência e com
os sentidos, estimula o desenvolvimento
integral do Espírito,
como ser que pensa, sente e
age. O método é
construtivista em sua essência,
mas vai muito além da
definição de "construtivismo"
pela educação
contemporânea, pois atinge
também o seu sentido
espiritual.
Saber,
sentir e querer formam a síntese
evolutiva da educação
do futuro, a educação
que a Doutrina Espírita
nos apresenta, e que Pestalozzi
já antevia em sua visão
de Espírito superior
e nobre.
Embora
pouco compreendido até
hoje, Pestalozzi é o
precursor legítimo da
Educação do Espírito.
O
DESENVOLVIMENTO MORAL SEGUNDO
PESTALOZZI
No
que se refere ao desenvolvimento
moral as idéias de Pestalozzi
são semelhantes às
de Piaget. Mas vai além,
ao identificar o germe de toda
a potencialidade e ao entrar
no campo fantástico do
sentimento e da vibração.
Para
Pestalozzi, a moral é
o fim supremo da educação,
pois o homem é um ser
essencialmente moral, pois possui
dentro de si mesmo a essência
Divina.
Define
três estados ou etapas
do desenvolvimento moral do
homem:
Estado
NATURAL ou PRIMITIVO: corresponde
à natureza animal, aos
impulsos instintivos de sobrevivência
e dominação, procurando
satisfazer suas necessidades
básicas. O homem é
egoísta por natureza.
Corresponde ao estado primitivo
do homem.
Estado
SOCIAL: corresponde à
moral social, à lei social,
ao que se aprende na sociedade.
Por necessidade criou-se a sociedade,
o governo, as leis, para coibir
a manifestação
dessa animalidade e garantir
ao homem (ainda na animalidade)
a satisfação de
seus próprios prazeres.
Apenas coíbe, impede
a manifestação
- não transforma os instintos
básicos do homem.
Estado
MORAL: ao atingir o estado moral
o homem é capaz de trabalhar
seus instintos animais, transformá-los,
canalizar essa força
num sentido positivo e é
capaz de construir sua própria
moral. A moral não vem
de fora - é interior.
O homem não é
apenas um ser animal, ou um
ser social. Antes, acima e além
de tudo ele é um ser
espiritual, é um ser
moral por excelência,
pois traz a essência Divina
em si mesmo.
Facilmente
identificamos os estados citados
por Pestalozzi com as fases
morais de Piaget.
No
entanto, Pestalozzi exalta o
amor, que é a base sobre
a qual assenta toda a sua pedagogia,
entrando no campo deslumbrante
do sentimento.
Afirma
que, através da vibração,
do impulso de alguém
que se descobriu como ser Divino,
que é um ser moral, que
já trabalhou ou trabalha
suas camadas íntimas,
seus instintos elevando-os ao
nível do amor, esse é
capaz de despertar no educando
o amor que ele já possui
em si mesmo. O educador contagia,
desperta essa essência
que se encontra em estado latente.
O
papel do educador é despertar
essa essência Divina no
educando para que ele, uma vez
consciente de si mesmo, possa
se modificar, trabalhar consigo
mesmo e não ser governado
ou dirigido por igrejas, instituições
ou pelo estado. O educador acende
a centelha ou desencadeia um
processo através do qual
o educando vai atingir a sua
autonomia moral, o estado moral,
despertando a consciência
moral, a essência Divina
que existe em si mesmo, como
filho de Deus.
O
homem que atingiu o estado moral
não é aquele que
se adaptou a uma sociedade,
mas é aquele que constrói
sociedades dignas que sintonizam
com as Leis Divinas, com o Criador.
Fonte:
Pedagogia
Espírita
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